À medida que a rede 5G cobre todos os lugares do planeta – por mais remotos que sejam – cidades e zonas rurais poderão ter acesso a soluções inovadoras. Mas, para a sua democratização acontecer de forma universal, as Nações Unidas advertem que governos, sector privado e sociedade civil têm de se unir num esforço conjunto para encontrar as melhores práticas, recomendações e políticas que tenham em conta os diferentes desafios de cada país, região ou continente. As redes móveis de quinta geração irão contribuir não apenas para reduzir o fosso digital entre países e regiões mais e menos desenvolvidos, como para alavancar tecnologias revolucionárias na vida das populações socialmente marginalizadas.
Um mundo onde todos têm acesso à Internet de Banda Larga, onde escolas, unidades de saúde, cidades e zonas rurais possam beneficiar das tecnologias mais avançadas é ainda uma utopia. Mas é também um admirável mundo novo que se poderá tornar real à medida que o 5G chegar a todos os lugares do planeta, por mais isolados e distantes que estejam. Essa é a grande expectativa de investigadores, académicos ou decisores políticos que encaram as redes móveis de quinta geração como o caminho mais célere para reduzir o fosso digital e a exclusão social.
As potencialidades das redes 5G têm levado inclusive várias organizações internacionais a redefinirem metas universais de conectividade cada vez mais ambiciosas. A Comissão Europeia quer, por exemplo, os serviços 5G disponíveis a todos os segmentos da população até ao início da próxima década e promete acelerar a Internet de Banda Larga com vista a atingir, em 2025, uma cobertura de 100% nas zonas rurais do bloco comunitário.
A União Internacional das Telecomunicações (UIT), agência das Nações Unidas, por seu turno, colocou recentemente a fasquia em 2030 para a Internet chegar a todas as pessoas com mais de 15 anos, com todas as escolas e casas ligadas e as velocidades de Banda Larga a atingirem, pelo menos, 10 Mbps.
Olhando para os números mais recentes, poderíamos até julgar que boa parte deste caminho está feito. Apenas na última década e meia, a proporção mundial com acesso à Internet cresceu de 17% para mais de 50%, segundo as estimativas da UIT/ONU. Mas, por detrás desse aparente otimismo, escondem-se grandes variações e desigualdades crónicas.
A população com ligação à Internet é superior a 80% na Europa, mas inferior a 30% em África. A isto acresce os desequilíbrios que cada país enfrenta, mais ou menos acentuados, consoante o progresso que fizeram nas últimas décadas. Reduzir essas disparidades tem sido um objetivo prioritário proclamado por municípios, governos e organismos internacionais, acreditando-se agora que o 5G veio criar as condições para que tal possa finalmente acontecer.
As barreiras ao acesso às tecnologias emergentes serão, segundo os especialistas, mais rapidamente derrubadas com as redes de quinta geração e a tendência é ficarem menos dispendiosas. Um dos avanços que, por exemplo, o 5G tornou possível, é o Multi-acess Edge Computing (MEC), anteriormente denominado mobile edge computing.
Edge computing significa executar menos processos computacionais na nuvem e mover esses mesmos processos (e dados) para mais perto de onde estão a ser consumidos. Essa migração reduz o uso de largura de banda e latência e minimiza a quantidade de transferência de dados de longa distância – às vezes de milhares de km – entre um utilizador/dispositivo e um servidor.
Ao executar aplicações e processamento de dados mais próximo do utilizador, reduz-se o congestionamento da rede e melhora-se o desempenho dos dispositivos. E, uma vez que a capacidade de armazenamento passa a ser assegurada na rede, os fabricantes poderão lançar no mercado computadores, portáteis, tablets, smartphones ou até auriculares de Realidade Aumentada e Virtual, entre outros dispositivos, mais pequenos e mais baratos.
Os especialistas estão convencidos de que as potenciais implicações desta mudança poderão abrir oportunidades extraordinárias não só para as cidades e indústrias, como igualmente para escolas, serviços de saúde ou teletrabalho. Com a chegada das tecnologias de quinta geração é agora viável uma verdadeira democratização de recursos digitais nas salas de aula, centros de saúde, serviços públicos ou nas casas das famílias de qualquer estrato socioeconómico.
O 5G inaugura possibilidades em diferentes domínios para qualquer país, mas terá um maior impacto naqueles em que o fosso digital é mais acentuado. Imagine alunos, utentes dos centros de saúde e de serviços públicos, pequenos agricultores ou pequenas empresas com acesso à Internet com grande velocidade em zonas remotas ou podendo beneficiar de experiências imersivas com a Realidade Aumentada (RA) e a Realidade Virtual (RV).
Já vimos, aqui no Portal 5G, como as tecnologias de Realidade Aumentada e Realidade Virtual proporcionam abordagens educacionais futuristas, com experiências imersivas e interativas ao alcance de escolas e universidades. Tal como também já relatámos o que o 5G poderá trazer para as zonas rurais ou ainda para as cidades que procuram combater a poluição provocada pelo tráfego rodoviário ou ainda para melhorar a mobilidade urbana.
Tão importante são, igualmente, as potencialidades do 5G para transformar a vida das pessoas que vivem com algum tipo de deficiência física ou motora. Neste domínio, as tecnologias emergentes como a Internet das Coisas, os wearables (ou dispositivos vestíveis) e o 5G podem ajudar estas populações a ganhar autonomia no trabalho, na rua ou em casa.
São várias as soluções 5G que têm vindo a ser desenvolvidas, desde sistemas de navegação para cegos, com aparelhos que vibram para detetar obstáculos e guiar o utilizador em espaços abertos e fechados, até gadgets que descodificam discursos em tempo real de pessoas com perturbações na fala, passando por exoesqueletos para indivíduos com mobilidade reduzida, que permitem caminhar, mover em qualquer direção, agachar, sentar ou levantar.
Muitas outras ferramentas são também viáveis como, por exemplo, óculos ligados a 5G que fornecem instruções áudio no smartphone, ajudando a população cega a circular na cidade de forma segura e autónoma, dispositivos de reconhecimento facial, que identificam quem está próximo e outras tantas aplicações que fornecem informações sobre os itinerários de transportes públicos ou de produtos expostos nas prateleiras das lojas ou dos supermercados.
Há ainda uma investigação crescente a sugerir que a Realidade Aumentada e a Realidade Virtual podem vir a desempenhar um papel importante no tratamento de distúrbios do foro mental e psicológico, como ansiedades, stress pós-traumático ou disfunções alimentares. As tecnologias suportadas em RA/RV têm vindo a ser seriamente encaradas como mais uma alternativa para os pacientes lidarem com medos e fobias em ambientes virtuais, seguros e controlados por especialistas e profissionais de saúde. O que o 5G promete é tornar essas experiências mais realistas, imersivas e com capacidade para incluir um grande número de participantes.
Com o desenvolvimento de soluções 5G e outras tecnologias como Inteligência Artificial, Internet das Coisas, Edge Computing ou RA/RV a tornarem-se mais acessíveis e intuitivas de utilizar, a expectativa é que o fosso digital, as desigualdades e exclusão sociais diminuam acentuadamente.
Mas, para que isso aconteça de forma alargada, o Internet Governance Forum, das Nações Unidas, adverte para a urgência de governos, sector privado e sociedade civil se unirem num esforço coletivo para encontrar as melhores práticas e produzir recomendações em áreas críticas como a Educação, a Saúde ou o Ambiente, com base nos desafios de diferentes continentes, regiões ou países.
São inúmeras as possibilidades que o 5G veio trazer e tanto organizações como académicos, investigadores ou decisores políticos são unânimes a defender que esta é uma oportunidade que não pode ser desperdiçada.
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▪▫▪ Leia também o artigo “Tecnologia 5G tem enorme potencial para corrigir o fosso digital entre os países mais e menos desenvolvidos”, publicado no Portal 5G.