Autocarros, comboios ou metro conectados em rede prometem reduzir tempos de espera, avaliar opções mais rápidas e económicas ou aumentar a oferta em períodos de maior afluência de passageiros. Reparar avarias, combater fraudes, simplificar pagamentos ou coordenar a velocidade dos transportes com o sistema de semáforos são outras possibilidades que o 5G promete inaugurar nas cidades inteligentes.
Quem espera todos os dias pelo autocarro para trabalhar ou regressar a casa, conhece bem o seu grau de incerteza. Ainda demora muito? Vem cheio ou vazio? Será mais rápido apanhar um táxi? Inquietações e dúvidas como estas vão deixar de fazer sentido nas cidades que se tornarem inteligentes. O que se espera, aliás, é que os serviços de transportes públicos sejam previsíveis e práticos de usar. Recomecemos, então, esta viagem num cenário em que o 5G conecta todo o ecossistema da mobilidade.
Através dos dados disponibilizados em tempo real, os operadores saberão sempre onde estão as paragens e quais são as estações mais concorridas, podendo assim encaminhar para lá mais autocarros, comboios ou outro tipo de transporte. A monitorização da frota, com o 5G, permitirá também saber a localização exata dos veículos e o que se passa no seu interior.
Do mesmo modo, os passageiros, usando o telemóvel ou monitores instalados nas paragens, conseguirão saber com precisão quantos minutos demora a chegar o seu transporte, se vem lotado ou com lugares disponíveis e ainda a que horas chega o próximo. Quem tiver muita pressa, poderá até pesquisar alternativas mais rápidas e, logo ali no momento, usar a app do serviço para comprar o bilhete.
É Impossível não se ficar entusiasmado com o que os especialistas preveem para o futuro da mobilidade urbana. O 5G promete comunicações mais eficientes entre os meios de transporte público, passageiros, automóveis particulares e infraestruturas viárias. Autocarros, metropolitano, comboios ou aplicações vão poder funcionar como uma rede integrada capaz de poupar tempo e custos nas deslocações e, simultaneamente, reduzir o número de acidentes rodoviários e poluição atmosférica.
As potencialidades das redes móveis da quinta geração são amplas, cabendo aos municípios encontrar as melhores estratégias para tirar partido dos seus recursos. O 5G está a ganhar maturidade, mas é preciso integrá-lo nos centros urbanos de modo a conectar as frotas de autocarros, comboio, metro, automóveis, bicicletas partilhadas e estradas para que a comunicação entre passageiros, transportes e estruturas viárias possa começar finalmente a fluir.
É certo que atualmente já existem apps a mostrar onde estão os autocarros e a sua previsão de chegada, consoante as condições do trânsito. Com o 5G, no entanto, essas aplicações vão passar a receber muito mais informações em tempo real e com origem em todas as fontes que integram o ecossistema de transportes urbanos. Com esses dados na ponta dos dedos, poder-se-á conhecer os horários, os modos de transportes disponíveis, os percursos mais convenientes e, não menos importante, a opção mais económica.
Ao agregar todos os recursos numa única plataforma, o utente poderá passar a fazer um único pagamento para todas as deslocações planeadas através do smartphone, sem complicações, perdas de tempo ou burocracias. Espera-se que esta estratégia contribua para tornar o transporte público mais apelativo até para quem julga que não sobrevive sem carro próprio.
Do lado do operador, além da eficiência na gestão das frotas, a expectativa é que o combate às fraudes se torne mais simples. Os sistemas de reconhecimento facial vão conseguir, por exemplo, detetar quando um bilhete é usado por um passageiro que não é o seu titular legítimo. Esse mesmo reconhecimento facial poderá ser igualmente útil para ajudar a identificar e localizar indivíduos suspeitos dentro dos transportes ou nas estações.
A segurança rodoviária na estrada é mais uma vertente da mobilidade que poderá dar um salto disruptivo com as redes móveis de quinta geração. Em situações de emergência, os veículos com prioridade, como ambulâncias, carros dos bombeiros ou de polícias, poderão ver a sua passagem desimpedida, com os semáforos a abrirem-se automaticamente à medida que avançam em direção ao seu destino.
Estradas, cidades e veículos conectados podem nomeadamente ajudar a evitar acidentes. Se um automobilista tiver uma condução perigosa, poderá ser imediatamente sinalizado por todas as viaturas a circular nas imediações. Esse comportamento irá gerar alertas nos outros carros, dando aos restantes automobilistas tempo para reagir sem necessidade de manobras repentinas e mal calculadas.
Atualmente, a tecnologia já permite monitorizar o comportamento de um condutor, especialmente quando excede com frequência os limites de velocidade. Recorrendo também a câmaras, é possível detetar, a partir do movimento dos olhos, se conduz cansado ou com sono. Mas graças à baixa latência, o 5G irá acelerar a rapidez desses sensores e gerar alertas em tempo real.
E quanto mais conectados e interligados estiverem os veículos com as estradas, mais fácil será combater os congestionamentos. A gestão inteligente dos semáforos irá redistribuir os fluxos de trânsito para artérias mais disponíveis. Esse recurso poderá, do mesmo modo, contribuir para diminuir os tempos de espera no trânsito, ajudar a reduzir as emissões de CO2 no ambiente, poupar nos combustíveis e aumentar a eficiência energética.
Estamos perante um novo mundo, com as autarquias a prepararem-se para entrar numa era revolucionária da mobilidade. Um dos exemplos mais recentes é o primeiro autocarro trólei do município de Milão, em Itália, que utiliza as redes 5G para a condução assistida. Inaugurado em meados de junho deste ano, o veículo utiliza sensores inteligentes a bordo para comunicar com a infraestrutura rodoviária durante o seu percurso.
Os dispositivos informam o motorista sobre a velocidade adequada para sincronizar o autocarro com a luz verde dos semáforos ao longo do trajeto. A médio prazo, espera-se que, perante atrasos, a sinalização da estrada, dê prioridade ao transporte público de modo a cumprir o horário programado. No atual momento, os sensores já conseguem, entre várias funções, notificar o motorista para obstáculos ou veículos a obstruir o caminho, informar quantas pessoas entraram, quantas saíram e enviar a informação para o ecrã instalado na paragem seguinte.
O autocarro trólei de Milão é um exemplo típico de como as redes 5G já estão a mudar o ecossistema da mobilidade, tal como são também os comboios da companhia espanhola Renfe, que recorrem às redes de quinta geração. As ligações 5G permitem obter em tempo real informações precisas sobre a situação e localização de cada um dos comboios, facilitando a gestão dos recursos, a reparação de avarias e fornecendo serviços mais eficientes para os utentes.
O que o 5G poderá demonstrar é que o planeamento da mobilidade é um processo dinâmico e ajustado às necessidades do dia a dia dos centros urbanos. A redução dos congestionamentos, a reorganização do espaço urbano, com mais corredores para transportes públicos, mais vias cicláveis e/ou pedestres e ainda o desenvolvimento de novos modelos de negócios são alguns dos caminhos em aberto para as cidades que recorrem agora ao 5G.
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▪▫▪ Barreiro liga-se ao 5G para monitorizar o trânsito e gerir a recolha de resíduos urbanos