Relatório da Qualcomm estima que, com a implementação plena das redes 5G em todo o mundo, 850 milhões de pessoas poderiam ter, na próxima década, acesso à Internet de alta velocidade. A tecnologia 5G Fixed Wireless Access (FWA) é, segundo a fabricante americana, a resposta mais eficaz para reduzir a clivagem digital e proporcionar as mesmas oportunidades de progresso a todas as regiões do planeta.
Se, na próxima década, as redes 5G estiverem totalmente implementadas em todo o mundo, cerca de 850 milhões de pessoas vão poder ter acesso à Internet de Banda Larga. A estimativa surge no mais recente white paper da fabricante Qualcomm, que encara as comunicações de quinta geração como a principal via para reduzir o fosso digital, não apenas entre os países em desenvolvimento, como igualmente entre regiões e economias desenvolvidas.
O relatório, intitulado “5G and the digital divide”, destaca desde logo o impacto que este avanço poderia ter na Ásia (China e Índia excluídas), com 215 milhões de pessoas a terem pela primeira vez acesso à Internet de alta velocidade. A Índia surge a seguir, com a possibilidade de incluir 180 milhões de habitantes.
África e Médio Oriente, com 135 milhões de novos utilizadores, Américas, com outros 125 milhões, e China com 100 milhões são as regiões que aparecem a seguir. O quadro só fica completo com os cerca de 50 milhões de habitantes dos países europeus da OCDE e os 45 milhões do resto da Europa a se estrearem na era digital.
O progresso representaria um passo gigante perante o fosso que atualmente separa países, regiões, faixas etárias, sexo ou condições socioeconómicas, com oportunidades desiguais no acesso à Internet de Banda Larga e outras tecnologias digitais. Mas, para aproveitar em pleno o potencial do 5G, os autores do relatório advertem que todos os intervenientes terão de “remar na mesma direção”, implementando a combinação certa de tecnologias.
Para os especialistas da Qualcomm, o caminho terá de passar inevitavelmente pela tecnologia 5G Fixed Wireless Access (FWA), que fornece alta capacidade de transmissão de dados onde a fibra ótica não chega. A solução já tem sido apontada por outros fabricantes como a alternativa para fornecer conectividade em regiões periféricas e onde o investimento em infraestrutura convencional não é financeiramente compensatório.
A aposta no 5G FWA surge também para os especialistas deste relatório como a resposta que permitirá inaugurar “conexões inteligentes” em qualquer parte habitada do planeta, abrindo a porta a novas ferramentas digitais que irão melhorar o acesso a cuidados de Saúde, à Educação, à criação de novos empregos, a uma melhor eficiência energética ou ajudando a mitigar os efeitos das alterações climáticas.
A empreitada, no entanto, está longe do fim, alertam os autores, relembrando que 37% da população mundial ainda está offline. E que mais de 40% dos países têm ligações de Banda Larga fixa de baixa velocidade, impedindo os utilizadores de retirar o máximo partido da conectividade. Os países com acesso a velocidades de download superior a 100 Mbps, por exemplo, não ultrapassam os 13%, enquanto, em 42% dos países, a média ronda os 0-25 Mbps.
Em 40% dos países, aliás, menos de 40% da população tem oportunidade para utilizar as competências digitais mais básicas. Mesmo nas economias desenvolvidas, como no caso dos países da OCDE, 16% dos adultos não possuem as aptidões mais elementares em Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC). A desigualdade digital é por isso um fenómeno transversal com sérias consequências económicas e sociais.
A adoção da Internet de Banda Larga pelas PME (e também algumas grandes empresas nos países em desenvolvimento) limita, por exemplo, a capacidade para contratar pessoal com as competências técnicas necessárias para operar infraestruturas TIC. O desafio passa, como tal, por alargar a cobertura de conectividade, especialmente nos países em desenvolvimento e nas economias emergentes.
Mas, apesar do fosso digital, a Banda Larga continua a ser a maior plataforma tecnológica móvel do mundo, com 4,4 mil milhões de subscritores únicos de Internet. Uma boa parte do caminho, por isso, já foi feito, realça o relatório, dando conta de que entre 2015 e 2020 a cobertura do 4G passou de 54% para 90% da população mundial.
Agora, espera-se do 5G uma expansão ainda mais acelerada. Segundo os dados fornecidos no relatório, 501 operadores em 153 países/territórios têm vindo a investir em redes 5G, incluindo 225 operadores em 89 países/territórios que, entretanto, lançaram serviços 5G. Em meados de 2022, de acordo com as estatísticas da GSMA Intelligence, um quarto da população mundial já tinha acesso às redes 5G. Investir em tecnologia 5G FWA apresenta-se assim como uma etapa decisiva para apoiar o crescimento económico.
O seu impacto no PIB per capita em 2032 será sobretudo visível nos países em desenvolvimento, onde se prevê um crescimento superior a 5%. Mas também as economias mais desenvolvidas e os países de desenvolvimento médio terão evoluções na ordem do 1% e 5% respetivamente. As vantagens do 5G FWA devem-se sobretudo às grandes inovações das ondas de rádio, que permitem melhorar a cobertura, a capacidade e a velocidade das redes móveis. São estas as características que irão alavancar tecnologias 5G, como por exemplo, o Massive MIMO, considerado a espinha dorsal para suportar mais utilizadores móveis, oferecendo velocidades mais rápidas e serviços de rede mais confiáveis a longo prazo.
O relatório também destaca outras tecnologias como o Beamforming, técnica de processamento de sinal que permite direcioná-lo para onde estão os dispositivos, ou as ondas milimétricas (5G mmWave FWA) que suportam milhões de dispositivos ligados à Internet, oferecem latência ultrabaixa e taxas de dados multi-Gbps, permitindo ainda que a conectividade possa chegar com rapidez, fiabilidade e custos reduzidos a empresas, lares e zonas rurais.
O resultado – concluem os autores – são soluções tecnológicas que podem ser desenvolvidas e implementadas em qualquer parte do mundo para facilitar o acesso ao trabalho, aos cuidados de Saúde, à Educação ou às Finanças. Tão importantes serão também as ligações entre empresas, fornecedores e mercados que poderão prosperar à conta de uma conectividade ininterrupta e de alta velocidade. Ou os novos processos que prometem aumentar a produtividade e reduzir os custos operacionais. E, por fim, os modelos de negócio e serviços inovadores que poderão contribuir para um crescimento sustentável da economia.