A democratização do ensino está entre as maiores conquistas do 25 de Abril. O Portal 5G quis, por isso, juntar-se às comemorações, espreitando alguns dos primeiros projetos com redes de 5ª geração que estão a revolucionar a Educação, através das tecnologias de realidade aumentada e virtual.
Celebramos esta segunda-feira, pela 48ª vez, o 25 de Abril. Nunca é demais relembrar o dia em que os horizontes se abriram para um país isolado na periferia da Europa. A Revolução dos Cravos trouxe quase tudo o que agora damos por adquirido. Da emancipação feminina, à liberdade de imprensa e de expressão, passando pelas eleições livres, até ao direito de escolhermos o nosso próprio destino.
Há muito para festejar, sem dúvida, e cada um encontrará, na sua história pessoal, o melhor motivo para sair de casa e desfilar nas ruas. Mas talvez não seja exagerado apontar a Educação como estando entre as maiores conquistas do 25 de Abril.
Afinal, sem a democratização do ensino não há futuro para nenhum país. Tal como não havia para Portugal, quando, pouco antes da revolução, em 1970, apenas 22% da população tinha o 2.º ciclo do ensino básico completo, segundo os dados do Pordata.
Nas últimas quase cinco décadas, o ensino deu passos gigantes, mas, com as redes de 5ª geração, um novo ciclo irá entrar nas escolas e nas universidades, com as tecnologias de Realidade Aumentada (RA) e Realidade Virtual (RV) a proporcionarem abordagens educacionais futuristas. O portal 5G não quis ficar de fora das comemorações e elegeu a Educação como uma das grandes bandeiras da liberdade.
Vamos, por isso, comemorar por aqui o 25 de Abril, espreitando o futuro para ver como as comunicações móveis da próxima geração irão transformar a sala de aula. Um dos maiores desafios que a Educação enfrenta atualmente é acabar com as desigualdades de oportunidades e promover o sucesso escolar independentemente da condição social ou económica. E o que se espera é que as experiências imersivas proporcionadas pelas redes 5G tornem a aprendizagem muito mais estimulante para todos.
Com a pandemia, aliás, a maioria dos estudantes estreou-se na escola online, fazendo lembrar a velha telescola que, entre 1964 e 2004, levou o 2.º ciclo a quase meio milhão de alunos. As diferenças, no entanto, são enormes, com as aulas, durante os confinamentos, a serem transmitidas em direto e as plataformas online a permitirem que os projetos em grupo pudessem ser realizados com a participação de todos.
Usando as aplicações em tempo real, o 5G, com a sua alta-velocidade, maior largura de banda e baixa-latência, promete tornar a aprendizagem online ainda mais contínua e envolvente. Mas também proporcionará experiências imersivas para smartphones, aumentando ainda mais a flexibilidade na forma como professores e alunos encaram a aprendizagem.
À medida que a implementação das redes de 5ª geração avançar, as tecnologias emergentes como a Realidade Aumentada e a Realidade Virtual poderão entrar na sala de aula para oferecer abordagens radicalmente inovadoras. A enorme capacidade do 5G para suportar altas velocidades de transferência de dados é justamente o que as escolas precisam para converter as experiências das visitas de estudo em autênticas aventuras imersivas.
Até o tempo despendido no transporte de crianças em autocarros escolares será rentabilizado, bastando combinar o uso de um simples equipamento como um par de auriculares com Realidade Virtual para explorar as pirâmides do Egito, subir a Muralha da China, saltar até à Idade da Pedra, visualizar galáxias gigantes em três dimensões ou desvendar ecossistemas microscópicos. A tecnologia 5G esbate as distâncias de tempo e espaço e dá uma nova vida às experiências pedagógicas que se tornam mais ricas, imersivas, quase reais.
Em Portugal, já foram dados os primeiros passos para mudar o ensino público. A Escola Secundária João Gonçalves Zarco, em Matosinhos, tornou-se, em setembro do ano passado, no primeiro estabelecimento de ensino a integrar as redes 5G para desenvolver projetos de Realidade Aumentada e Realidade Virtual.
A experiência-piloto da Ericsson e da NOS conduziu os alunos do 12.º ano até ao Pavilhão do Conhecimento – Ciência Viva, em Lisboa e a mais de 300 km de distância, através de uns óculos RA e da rede 5G instalada na escola. Controlando com um comando um robô equipado com uma câmara de 360º, os alunos visitaram a Sala Explora e tiraram dúvidas com o guia do museu sobre experiências científicas e fenómenos da natureza. O passo seguinte passa agora por estudar e desenvolver novos programas educativos que integrem esta tecnologia no ensino das mais variadas disciplinas curriculares, como a Biologia, a Geologia ou a Física e Química.
Mas há mais experiências a proporcionarem aventuras radicais a alunos em vários pontos do mundo. Nos Estados Unidos, por exemplo, o 5G Labs da Verzion juntou-se recentemente ao Instituto Smithsonian para criar exposições virtuais com o espólio da sua rede de museus. Através da plataforma Smithsonian Open Access, os estudantes podem interagir com visualizações 3D de objetos, como ossos de animais extintos, partes da nave espacial Apollo 11 e até manusear o saxofone de Charlie Parker, de forma gratuita e com possibilidade de descarregar e partilha dessa informação.
As universidades também já estão a adotar as redes de 5ª geração para diversificar as formas de aprendizagem. Na Escócia, o operador britânico de telecomunicações BT está a desenvolver aplicações de realidade aumentada e virtual equipadas com 5G na Universidade de Galsgow.
Um dos projetos visa “teletransportar” os estudantes para ambientes reais, permitindo que possam operar remotamente dispositivos complexos através de ARuVR, uma ferramenta de treino suportado em RV. O segundo programa envolve o uso de RA para orientar os visitantes em áreas movimentadas do campus, mas que poderá ser igualmente útil para gerir multidões em eventos desportivos ou em conferências internacionais.
A própria Universidade de Glasgow criou o seu testbed, onde já desenvolveu, no verão do ano passado, um braço robótico operado remotamente, que permite aos alunos trabalharem virtualmente em circuitos eletrónicos e configurações experimentais ao lado do professor e dos colegas. O braço teleoperacional, alimentado por 5G, permite aos utilizadores ter sensações de toque, movimento e pressão.
É apenas mais um exemplo de como as plataformas educacionais com recurso a RA/RV poderão revolucionar os métodos convencionais de ensino, com uma melhor relação de custo-benefício, riscos mais baixos e maiores taxas de sucesso escolar e académico. Pelo menos é isso que demonstrou a investigação conduzida pela Next Galaxy Corp e o Nicklaus Children’s Hospital, no estado americano da Florida. Ao comparar os dois métodos de ensino, o estudo concluiu que o pessoal médico reteve até 80% do material do curso após ser treinado com RV, em comparação com a retenção de apenas 20% das informações transmitidas numa aula tradicional.
Para estudantes em áreas de alto risco, como medicina ou aviação, por exemplo, as experiências de aprendizagem através de tecnologias RA/RV poderão, segundo os especialistas, ser particularmente úteis, ao possibilitarem a simulação de ambientes reais sem perigo para alunos e professores.
EEm Portugal, quando foi anunciada a primeira unidade de saúde 5G do país, o Hospital da Luz Lisboa, uma das aplicações apresentadas foi precisamente a criação de novos cenários e ambientes virtuais para formação.
Estamos, como tal, a caminho de mais uma revolução, desta vez, sem cravos nem chaimites a cercarem o Quartel do Carmo, na Baixa de Lisboa. Num futuro próximo, em vez de estudar por um convencional manual escolar, os alunos poderão, quem sabe, interagir com o holograma do capitão Salgueiro Maia e ver a História a se desenrolar diante dos seus próprios olhos.