Estudo da Juniper Research recomenda aos municípios e aos fornecedores que aproveitem ao máximo os recursos de baixa latência do 5G para ajustar a rede rodoviária em tempo real e melhorar o fluxo de tráfego. O relatório antecipa também uma poupança global de 4,7 mil milhões de horas de congestionamento, mas adverte para a necessidade de implementar medidas de cibersegurança. 

O mercado mundial dos sistemas de gestão inteligente de tráfego urbano tem vindo a crescer exponencialmente e a tendência é para continuar a expandir-se, atingindo um crescimento de 250% no intervalo de cinco anos. As previsões são da consultora internacional Juniper Research que, no estudo “Smart Traffic Management: Use Cases, Regional Analysis & Market Forecasts 2022-2027”, prevê uma redução de 205 milhões de toneladas métricas de dióxido de carbono (CO2) até 2027, na sequência deste investimento.  

Os números, face aos dados de 2022, representam um aumento de 41% na prevenção de emissões, quase o dobro das emissões resultantes do transporte particular no Reino Unido em 2019. Os 205 milhões de toneladas métricas de CO2, aqui representados, ganham, inclusive, uma outra dimensão, se tivermos em conta que representam quase metade das emissões que as florestas tropicais do Congo sequestram por ano  – segundo o  World Resources Institute – ou, sensivelmente, a mesma quantidade de emissões industriais que as florestas americanas capturam anualmente, de acordo com a Sierra Pacific Industries, empresa de gestão florestal, sedeada na Califórnia, Estados Unidos.

O estudo recorre a informação estatística de cerca de 60 países para traçar a evolução dos sistemas de controlo e gestão de tráfego, identificando oportunidades, benefícios, desafios, bem como tecnologias e players deste mercado. Desde logo, surge a recomendação para os municípios e os fornecedores aproveitarem ao máximo os recursos de baixa latência do 5G que, combinados com algoritmos de Machine Learning, permitem ajustar a rede em tempo real e melhorar o fluxo do tráfego. 

O impacto das redes de quinta geração no Ambiente tem sido, aliás, avaliado em vários estudos recentes, como é o caso do relatório do Mckinsey Global Institute. Ao medir a implementação das tecnologias 5G nos sectores europeus de Energia, Transporte, Indústria e Edifícios, os autores concluíram que se poderia evitar, por ano, 55-170 milhões de toneladas de dióxido de carbono equivalente (MtCO2e), um valor que corresponde ao mesmo volume das emissões geradas por 35 milhões de carros movidos a combustível fóssil. 

O impacto do controlo inteligente no trânsito

Com o investimento na área das Smart Intersections a crescer significativamente, nos próximos anos, são esperados resultados não somente no plano da sustentabilidade ambiental, como igualmente na qualidade de vida dos habitantes. As Smart Intersections, termo anglo-saxónico para designar soluções tecnológicas de gestão inteligente de tráfego, detetam a densidade do trânsito em todas as direções, usando câmaras ou sensores de contagem de veículos. O objetivo é determinar a duração ideal das luzes dos semáforos, com vista a melhorar o fluxo de trânsito, aumentando a segurança e reduzindo as emissões de CO2. 

A otimização dos sistemas de tráfego, segundo o relatório da Juniper Research, será responsável por uma poupança na ordem dos 4,7 mil milhões de horas de congestionamento, correspondendo a uma diminuição de 36 horas/ano por cada automobilista até 2027. Mas, se os modelos de planeamento rodoviário privilegiarem a mobilidade ciclável e pedonal, como alternativa aos veículos privados, será também possível diminuir os consumos de combustível, advertem os analistas. 

Os benefícios ambientais dos sistemas inteligentes de gestão de tráfego são, por isso, “altamente atraentes” não só por possibilitarem a redução dos congestionamentos, como por darem também prioridade a modos de transportes mais sustentáveis. O impacto esperado será mais significativo no Extremo Oriente, com a China a assumir maior protagonismo, seguida das regiões da América Latina e da Europa Ocidental, adianta o estudo da Juniper Research, publicado em maio. 

Cibersegurança no centro das estratégias

Segundo o estudo, os fornecedores de serviços em Smart Intersections estão principalmente focados em melhorar a conectividade entre os veículos rodoviários e o ecossistema da rede rodoviária local, procurando corresponder às expectativas dos municípios. Esta aposta, porém, deverá ser acompanhada de estratégias de cibersegurança para assegurar a adesão maciça dos utilizadores e, principalmente, “prevenir ameaças à integridade da infraestrutura”, adverte a consultora. 

Políticas robustas de segurança cibernética são, como tal, decisivas para acautelar os riscos e interrupções na infraestrutura rodoviária. As medidas de cibersegurança devem estar presentes em todas as fases, recomendam os peritos, em particular durante a implementação dos sistemas, para angariar o apoio do público e afastar as preocupações, nomeadamente as relacionadas com a recolha e armazenamento de dados.

Essa é aliás uma preocupação presente em boa parte dos modelos atuais, como é o caso do recém-anunciado projeto Cidade 5G do Barreiro. O novo sistema de mobilidade urbana, inaugurado em maio no município da Margem Sul, usa recursos de analítica através das ligações 5G, com o tratamento de dados a ser feito de forma anónima. O sistema, que recorre a sensores de contagem de veículos e peões, garante a capacidade de processamento local, dispensando a gravação de imagens, vídeos ou áudios. 

______________________________

Sobre a Juniper Research

A consultora Internacional Juniper Research, com sede no Reino Unido, fornece estudos de mercado e business intelligence em sectores-chave que cobrem o espaço tecnológico móvel e online, juntamente com as tecnologias disruptivas. O seu trabalho destina-se, nomeadamente, a operadores e fornecedores de serviços móveis, bem como a instituições financeiras localizadas sobretudo na América do Norte, Europa Ocidental e Médio Oriente.

__________________________________________

Saiba mais sobre o 5G e a mobilidade em:

▪▫▪ CEF Digital quer impulsionar o investimento europeu em banda larga

▪▫▪ Darwin – inovação em caso de uso do 5G para serviços de mobilidade conectada