O relatório da consultora Analysys Mason explorou os projetos anunciados em 57 países e concluiu que as redes 5G dedicadas cresceram de 11% em 2019 para 53% em 2023. A automação industrial, as operações aeroportuárias e ferroviárias são os grandes impulsionadores deste mercado, mas outros sectores como entretenimento, educação ou saúde estão também a dar passos significativos para alargar o espectro de potenciais casos de uso das redes privadas.
Indústria, transportes e logística e ainda entretenimento e retalho são os sectores que mais estão a investir em redes privadas 5G. Embora o seu desenvolvimento esteja ainda numa fase inicial, estas são as três áreas que mais estão a impulsionar o crescimento das tecnologias de última geração, seguido pela educação, saúde, sector público e utilities.
O ranking surge no relatório Private LTE/5G Network Tracker, da consultora internacional Analysys Mason, que explorou 511 projetos anunciados em 2023 em 57 países. Em todo o amplo espectro de potenciais casos de uso para redes privadas 5G, o expectável é que a sua adoção ganhe tração nos anos que se seguem. Até 2027, as redes privadas LTE e 5G combinadas irão representar um investimento global de 6,7 mil milhões de euros, com o 5G, por si só, responsável por 92% desse valor.
As redes privadas de última geração, segundo o estudo da Analysys Mason, significam já 65% das novas implementações de redes móveis anunciadas em 2023, tendo a quota do 5G privado aumentado de 11% em 2019 para 51% em 2022 e para 53% em 2023.
Por serem redes dedicadas, com recursos próprios e gestão autónoma, as comunicações sem fios privadas da última geração prometem latências mais reduzidas, maior largura de banda, segurança reforçada e cobertura mais ampla, especialmente para unidades fabris. Daí que a indústria transformadora surja neste estudo como o sector vertical onde a aposta tem sido mais consistente.
Os complexos industriais, segundo os dados citados no relatório, concentraram 93 implementações de redes privadas 5G no primeiro semestre de 2023, representando 35% do total investido. A maioria está a ser utilizada para construir fábricas inteligentes, viabilizando veículos guiados automaticamente (AGV) e equipamentos industriais.
Transportes e logística foram, por seu turno, responsáveis por 42 implementações de redes privadas 5G, ou seja, 13% do investimento global. As redes móveis foram sobretudo usadas para fornecer conectividade nas operações aeroportuárias, ferroviárias, nos portos e em grandes armazéns.
Os autores do relatório destacam ainda as 21 redes privadas 5G implementadas em 2023 nas indústrias de entretenimento e do retalho. O intuito passou essencialmente por estender a cobertura 5G em estádios, centros comerciais ou parques empresariais, proporcionando não somente conectividade aos visitantes, mas também canais de comunicação mais seguros e fiáveis para os funcionários.
No quarto lugar deste ranking está a mineração e a exploração de petróleo e gás, que implicaram em 2023 a execução de 19 redes privadas. Até 2027, no entanto, este sector tenderá a crescer significativamente, concentrando 32% do investimento total em redes privadas 5G. A expansão, de acordo com os peritos, deve-se à crescente necessidade que esta indústria tem em fazer chegar a conectividade 5G a áreas remotas.
A educação impulsionou 18 anúncios de redes privadas 5G, instaladas em campus e edifícios universitários, que aproveitaram a tecnologia 5G para melhorar a segurança e a cobertura da rede nos dispositivos móveis. Câmaras a fornecer análises de vídeo em tempo real para detetar incêndios, intrusões ou gerir grandes aglomerados de pessoas foram os casos de uso mais frequentes no sector do ensino e da educação.
Na saúde, os 16 projetos anunciados destinaram-se sobretudo à recolha de dados clínicos, diagnóstico e triagem, telemedicina, hospitais inteligentes, treino e formação com recurso a Realidade Aumentada e Realidade Virtual e, por fim, gestão da frota de ambulâncias. O sector público, por outro lado, promoveu 13 implantações de redes privadas 5G, significando 10% do investimento total. Requisitos de segurança e principalmente prevenção contra ataques cibernéticos motivou a maioria das iniciativas, segundo o relatório da consultora Analysys Mason.
Os serviços de utilidade pública (utilities) completam este ranking com sete redes privadas 5G anunciadas este ano, sobretudo em centrais elétricas e parques eólicos para assegurar maior potência, mais segurança e pontos de acesso.