A introdução do 5G nos veículos de emergência está a possibilitar novos modelos de assistência médica nos minutos iniciais. A conectividade da última geração abriu caminho a inúmeras tecnologias, como Inteligência Artificial, Big Data ou Realidade Aumentada e Virtual, que facilitam a comunicação em tempo real entre os paramédicos nas ambulâncias e os médicos no hospital. Os resultados são diagnósticos e tratamentos mais precisos prestados ainda antes de o paciente chegar às urgências.
Câmaras a transmitir sem atrasos imagens de vídeo em alta resolução, Realidade Aumentada a possibilitar que médicos realizem remotamente procedimentos e exames como se estivessem no local, dados vitais dos pacientes enviados ao hospital em tempo quase real ou Inteligência Artificial a processar o trajeto mais rápido para chegar a uma unidade de saúde. Todas essas novas valências estão agora a entrar em ambulâncias 5G.
A tecnologia está a revolucionar a assistência médica prestada logo nos primeiros minutos, possibilitando que bombeiros e enfermeiros tratem os pacientes em ambulâncias e ainda antes de chegar ao hospital. Recorrendo à conectividade 5G e ao suporte avançado de realidade virtual/aumentada, os profissionais de saúde que prestam os primeiros socorros podem partilhar com os médicos informações, sinais vitais e sintomas do doente enquanto estão a caminho das urgências.
As novas soluções, impulsionadas pelas capacidades das comunicações móveis de última geração, oferecem aos médicos uma compreensão mais abrangente das emergências, podendo monitorizar remotamente a condição do paciente, diagnosticar sintomas e prescrever tratamentos urgentes que os paramédicos podem realizar enquanto ainda estão na estrada.
As ambulâncias 5G prometem introduzir um novo modelo de urgências nos anos mais próximos. Em vários países, aliás, têm sido implementados provas de conceito e pilotos que já estão a mostrar como serão prestados os cuidados médicos durante as operações de emergência.
Da Índia ao Brasil, do Reino Unido à Grécia, da Noruega até à Coreia do Sul, as ambulâncias inteligentes estão a ser testadas, esperando-se que em breve possam integrar as frotas que asseguram os cuidados de emergência.
A Apollo Hospitals, na cidade indiana de Calcutá, é o exemplo mais recente. O piloto arrancou, em finais de maio de 2023, com o seu primeiro serviço de ambulâncias 5G. O veículo inclui os mais recentes equipamentos médicos, aplicações de monitorização de pacientes e dispositivos de telemetria, que transmitem em tempo real os dados de saúde do paciente para o hospital.
Essa nova possibilidade permite aos médicos tomar decisões rápidas e aconselhar os socorristas sobre o que fazer enquanto não chegam à unidade de saúde. A ambulância também está equipada com câmaras de bordo conectadas à rede 5G ultrarrápida e de baixa latência, ajudando médicos e paramédicos a comunicar entre si a colaborar na assistência ao paciente. Assistida por tecnologias mais avançadas, o modelo de emergência permite agora prestar socorro desde o local onde a vítima se encontra até à sua chegada nas urgências.
“Com a ambulância conectada ao 5G, é o hospital sobre rodas que chega ao paciente para providenciar uma assistência precoce”
Surinder Singh Bhatia. Diretor dos Serviços Médicos, Apollo Hospitals, Calcutá.
O Centro Nacional de Emergência, na Grécia, tem também em curso um outro projeto-piloto com ambulâncias conectadas ao 5G e equipadas com aparelhos de ultrassom, luvas tácteis, sensores, ecrãs e auriculares com Realidade Aumentada.
Os médicos dos hospitais, auxiliados por monitores a transmitir imagens e som de alta-definição, recorrem a um joystick conectado a sensores instalados na luva do paramédico para guiar o procedimento como se estivessem eles próprios a examinar o doente. É justamente a velocidade e a latência da rede 5G que sincroniza imagens e sons, permitindo aos médicos obterem interações e resultados em tempo real.
O Reino Unido, por seu turno, testou a sua primeira ambulância 5G, em 2021, na cidade de Birmingham. Uma câmara instalada no veículo de emergência transmite imagens de alta-definição para o médico que se encontra no hospital. Usando um auricular para Realidade Virtual e um joystick, o clínico consegue guiar o paramédico, obtendo sinais vitais do paciente e acesso aos registos e dados de saúde.
A baixa latência do 5G ajuda a usar todas essas funcionalidades. A alta qualidade significa que os médicos do hospital, por exemplo, podem pedir a uma vítima de AVC para mover o braço. Se houvesse um atraso nas comunicações durante a videochamada, o médico não conseguiria distinguir se foi uma falha na tecnologia ou se, de facto, o paciente ficou afetado pelo acidente vascular cerebral.
Apoiada pelas redes 5G, o modelo de emergência médica da Coreia do Sul está igualmente a atravessar uma grande mudança através da adoção de tecnologias como Inteligência Artificial, Big Data e drones, usados para responder com rapidez a situações críticas. Procurando aumentar a taxa de sobrevivência dos pacientes nos momentos iniciais, o serviço de saúde sul-coreano inaugurou em 2021 uma plataforma conectada ao 5G e baseada em Inteligência Artificial que ajuda médicos e paramédicos a assistir os pacientes antes de chegarem ao hospital.
Até então os profissionais de saúde partilhavam informações por rádio ou telefone, correndo o risco de fornecer aos médicos diagnósticos pouco rigorosos devido a falhas na comunicação. Do mesmo modo, os condutores de ambulâncias também viam-se em dificuldades para encontrar a rota rápida até aos hospitais.
Ao usar uma ambulância 5G e dispositivos instalados numa sala de operações, a plataforma surgiu precisamente para colmatar essas deficiências. Através de comunicações em tempo-real entre o veículo de emergência e o hospital, uma torre de controle diagnostica e analisa as informações médicas do paciente antes de enviá-las aos médicos. Do mesmo modo, a plataforma identifica e disponibiliza aos condutores da ambulância o caminho mais curto e menos congestionado para chegar ao hospital.
Na Noruega, a Fundação Norwegian Air Ambulance testou em meados de 2022 uma prova de conceito com uma ambulância equipada com uma rede móvel autónoma 5G. A solução, batizada de NOW, fornece aos socorristas imagens recolhidas por drones e processadas por Inteligência Artificial sobre as condições do local e a localização das vítimas.
O intuito é que, diante de uma ocorrência, a conectividade 5G fornecida pelo veículo de emergência seja acionada nas proximidades da área sinistrada. Um drone é enviado da ambulância, transmitindo imagens de vídeo de volta para a sala de operações montada na unidade. Dentro da sala de controle do NOW, o vídeo é processado por um algoritmo treinado para reconhecer elementos relevantes, como humanos, cães ou carros.
Acredita-se que a solução ajudará a reduzir drasticamente o tempo que as equipas de busca e salvamento gastam a procurar por vítimas. Além de aumentar a eficiência nos primeiros socorros, os responsáveis da fundação estão também convencidos de que as novas ambulâncias podem evitar investimentos em mais veículos e gastos em recursos dispendiosos. Desde logo, não será preciso acionar os helicópteros em todas as ocorrências, podendo os drones substituir a sua função, obtendo uma visão muito mais abrangente do cenário.
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📷 Crédito da imagem de abertura: Vodafone, Itália