A última geração de comunicações sem fios chegou aos metropolitanos de Paris, de Londres ou de Milão e ainda às ferrovias de Espanha e da Alemanha. O 5G abre o caminho à Internet de Comboios Inteligentes, trazendo travessias autónomas, reparação célere de anomalias, eficiência energética, prevenção de acidentes e ainda uma redução drástica dos atrasos nos serviços.
Jogos ultrarrápidos e downloads de vídeos quase instantâneos são alguns dos recursos mais divertidos do 5G, mas a última geração de comunicações sem fios também tem aplicações sérias como carros sem condutores, cirurgias remotas ou robôs autónomos. Tudo isso faz parte da Indústria 4.0 e os comboios também estão incluídos nesta grande revolução, com a tecnologia de quinta geração a chegar agora às redes europeias do metropolitano e dos caminhos-de-ferro
O Metro de Paris prepara-se para introduzir o 5G nas comunicações críticas de três novas linhas a serem inauguradas em 2024. No Reino Unido, a cobertura 5G também chegará em 2024 a toda a rede do Metropolitano de Londres, que conta com 272 estações, 11 linhas, 400 km e até cinco milhões de viagens diárias. O Metro de Milão, entretanto, foi, em março do ano passado, o primeiro da Europa a inaugurar a tecnologia 5G na sua nova linha M4 Linate-Forlanini.
No verão de 2022, foi a vez da RENFE instalar as redes de quinta geração em toda a infraestrutura ferroviária espanhola. E, por fim, em Hamburgo, fazem-se ensaios com comboios autónomos, esperando que, até ao final da década, a digitalização de todas as operações possa ser alargada à totalidade da rede ferroviária na Alemanha.
Por que razão estão os principais operadores de transportes da Europa a apostar nas redes móveis de quinta geração? A resposta é, naturalmente, a expectativa de virem a abrir caminho à Internet de Comboios Inteligentes – um conceito que promete mudar radicalmente a mobilidade ferroviária. O 5G, sendo 10 vezes mais rápido do que a fibra ótica (superior a 10 gigabits por segundo) permite acelerar a recolha de dados e otimizar a monitorização de toda a infraestrutura e equipamentos.
No caso particular da rede operada pela RENFE, em Espanha, as ligações móveis possibilitam obter em tempo real dados precisos sobre a situação e localização de cada um dos comboios. É a informação disponível em permanência e sem atrasos que permite uma gestão mais eficaz dos recursos, com a reparação célere de anomalias ou a articulação da oferta em períodos de maior ou menor procura.
Uma infraestrutura ferroviária conectada significa saber a todo o momento qual é o estado dos comboios, as condições da via e do ambiente circundante.
Esses recursos são vitais para reduzir as paragens, descarrilamentos ou problemas de sinalização que podem vir a causar atrasos ou acidentes. Na estação de Schlettau, em Erzgebirge, Hamburgo, o Centro Aeroespacial Alemão e o Campus de Conectividade Ferroviária Inteligente realizaram em finais de novembro um teste-piloto em que um comboio foi remotamente operado por um maquinista sentado numa sala de comando a 340 km de distância, em Braunschweig.
O objetivo do ensaio passou por testar novas possibilidades de coordenação de viagens ferroviárias a partir de um centro de controlo, que poderá servir como uma alternativa quando os maquinistas estão doentes ou em viagens não tripuladas.
A automatização dos comboios também traz inteligência a bordo, reduzindo os erros humanos, aumentando os tempos de circulação e adaptando o serviço à procura dos passageiros em tempo real. O que se espera é que a rede Hamburg S-Bahn possa transportar até 30% mais utentes, melhorar significativamente a pontualidade e poupar mais de 30% de energia.
A digitalização da infraestrutura ferroviária, na cidade de Hamburgo, está a ser feita através do network slicing (fatiamento de rede). Na prática, significa separar ou cortar a rede móvel em várias fatias e configurar cada uma das partes com diferentes usos. Cada aplicação poderá, como tal, obter a conectividade de que necessita e, assim, mesmo que um comboio esteja repleto de passageiros a usar a rede em chamadas móveis ou vídeos, haverá sempre capacidade suficiente para as carruagens comunicarem com a infraestrutura.
As mesmas vantagens do 5G na ferrovia são também esperadas nos metropolitanos de Paris ou de Londres. Atualmente, as carruagens ligam-se aos centros de comando utilizando sistemas de rádio como o Wi-Fi. Sendo estas tecnologias fiáveis, faltam-lhes, todavia, velocidade e largura de banda necessárias para lidar com aplicações como vídeo de alta-definição e redes de Internet das Coisas (IoT) com ligações maciças e simultâneas.
A alta-velocidade e capacidade do 5G serão transformadoras para o desempenho das redes de metro. Podendo lidar com enormes quantidades de dados, as comunicações de última geração permitem inovações como manutenção inteligente e monotorização em tempo real.
Uma das grandes expectativas dos operadores de transporte é que, com o 5G, só será necessária uma rede de rádio para fazer tudo. As comunicações 5G podem apoiar qualquer caso de uso no presente ou no futuro – desde aplicações críticas para a segurança, tais como sinalização CBTC (sigla em inglês para controlo de comboios baseado em comunicações), até aplicações a bordo, incluindo vídeo, segurança, manutenção, comunicações do maquinista, intercomunicadores e informação aos passageiros.
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