De um lado a alta-velocidade, a baixa latência e a largura de banda do 5G. Do outro, centenas de milhares de conexões IoT em simultâneo, tráfego de dados célere e sem congestionamentos com o Edge Computing e maiores níveis de eficiência com a Inteligência Artificial. Cada uma destas soluções tem as suas próprias virtudes. Mas o que acontece quando são emparelhadas com o 5G? O resultado é um novo ciclo na evolução da tecnologia com inovações nos sectores da saúde, da indústria, das cidades inteligentes ou da mobilidade.
O 5G, por si só, é uma evolução das redes móveis disruptiva, trazendo conectividade fiável e ininterrupta a uma pluralidade de áreas que vão das indústrias, às cidades inteligentes, passando pelos cuidados de saúde ou pelo retalho. O seu grande potencial, todavia, assume-se na capacidade de se aliar a outras tecnologias emergentes, ampliando o seu alcance, a sua rapidez ou a sua eficiência. Entre os inúmeros parceiros das redes 5G, a IoT (sigla em inglês para Internet of Things), o Edge Computing e a Inteligência Artificial são os recursos que suscitam maiores expectativas entre os especialistas de tecnologia.
Grandes inovações já estão a acontecer proporcionadas com a combinação entre o 5G e estas três tecnologias. Atuando muitas vezes em sinergia com o IoT, Edge Computing e Inteligência Artificial, as redes móveis da última geração estão a abrir caminho a um novo ciclo da evolução tecnológica, inaugurando a automação nas fábricas, a gestão do tráfego nas cidades, a cirurgia remota assistida por robôs em hospitais, a condução autónoma nas estradas ou a monitorização e o apoio na preservação do ambiente.
Faz sentido começar então pela Internet das Coisas, já que foi uma das primeiras tecnologias a beneficiar com as capacidades do 5G. A IoT permite que vários dispositivos se conectem à Internet em qualquer lugar e a qualquer hora. As vantagens oferecidas pelo 5G – como a velocidade na transmissão ou a latência baixa – possibilitam que um maior número de dispositivos IoT possam ser conectados, chegando esse número até um milhão de conexões por km2, com ligações simultâneas e informações trocadas em tempo quase real e de forma muito mais eficiente.
Graças à sua capacidade para lidar com uma alta densidade de dispositivos conectados, as aplicações do 5G, emparelhado com o IoT, são vastas, conectando sistemas de automação para edifícios inteligentes, ligando ecossistemas de sensores e câmaras que protegem a Natureza, conectando infraestruturas rodoviárias ou ferroviárias, entre inúmeros outros casos de uso para áreas como saúde, indústrias, transportes ou agropecuária. Não surpreende, por isso, que juntos possam vir a ultrapassar as 100 milhões de conexões até 2026, segundo as previsões mais recentes da consultora internacional Juniper Research.
Todos os dias, os dispositivos IoT e outras tecnologias inteligentes geram terabytes de dados, ajudando serviços públicos, chão de fábricas, portos ou sistemas de transportes a funcionar de forma mais eficiente e fiável. Mas, por vezes, o volume massivo desses dados origina congestionamentos que conduzem a ineficiências na comunicação. É aqui que o Edge Computing, combinado com o 5G, tem um papel a desempenhar.
Aplicado aos serviços públicos, este dueto dinâmico possibilita uma gestão mais eficaz, acelerando a tomada de decisão ao mesmo tempo que reduz a pressão sobre os Data Centers. 5G e Edge Computing são duas tecnologias intrinsecamente ligadas: ambas estão preparadas para melhorar significativamente o desempenho de aplicativos e permitir que grandes quantidades de dados sejam processadas em tempo real. O 5G aumenta as velocidades em até 10 vezes comparado com o 4G, enquanto o Edge Computing reduz os atrasos ao processar os dados na rede e, portanto, mais perto dos servidores.
Como os serviços públicos têm os seus sistemas tecnológicos dispersos por vastas áreas geográficas – muitas vezes em locais remotos e inóspitos – esta solução é apontada pelos peritos como a ideal para as aplicações que requerem respostas imediatas. Ao facilitar uma comunicação mais rápida entre dispositivos e servidores, a disponibilidade das redes 5G sem fios impulsiona os benefícios do Edge Compunting, permitindo que os sistemas possam ser monitorizados e controlados sem atrasos nem bloqueios.
Travis Jones, consultor americano na área das tecnologias, explica no website Fast Company, que um dos casos de uso mais frequentes de 5G e Edge Computing são as redes de distribuição de energia. O Edge Computing permite atribuir uma maior autonomia às subestações, identificando e respondendo rapidamente a incidentes. Os serviços públicos conseguem, desta forma, monitorizar dispositivos e infraestruturas como, por exemplo, postes, fios, interruptores ou transformadores.
As imagens recolhidas por drones e câmaras podem ser processadas por Inteligência Artificial e detetar falhas no equipamento, invasão da vegetação selvagem ou imprevistos provocados pelo mau tempo. Os alertas permitem às equipas de manutenção agir atempadamente para corrigir as anomalias e evitar a interrupção dos serviços.
Recorrendo ao Edge Computing, conectado às redes 5G, os serviços reduzem a latência (ou os atrasos), que ocorrem quando os dados recolhidos por câmaras e sensores têm de percorrer até à central de processamento ou Data Centers. Mas, quando essa informação é analisada no local, a energia pode ser reencaminhada para longe das áreas problemáticas quase instantaneamente, minimizando a duração das interrupções e evitando situações potencialmente perigosas.
Outro caso de uso promissor apontado por este especialista são as novas gerações de contadores de eletricidade, que estão a ser preparadas para alertar clientes e operadores em tempo real quando estão perante comportamentos pouco eficientes energeticamente. Mas as aplicações da dupla 5G/Edge Computing vão muito além dos utilities e das Cidades Inteligentes. Sectores como a saúde, a indústria ou os jogos e o audiovisual também estão a atravessar transformações profundas graças ao Egde Computing aliada à conectividade de quinta geração.
À conta das tecnologias emergentes e das redes de quinta geração, processos, equipamentos ou serviços estão cada vez mais eficientes. Os desafios técnicos, porém, são agora muito maiores. A Inteligência Artificial (IA) surge precisamente para fornecer aos dispositivos a capacidade de raciocinarem e agirem intuitivamente, mudando a forma como são abordados e resolvidos estes problemas. Em paralelo, o 5G torna possível construir sistemas sem fios, ligando praticamente tudo à nossa volta.
Essas capacidades do 5G e AI conjugadas e a operar em sinergia são o que os especialistas consideram ser os ingredientes essenciais para alimentar a inovação. A tecnologia 5G pode transmitir informação em tempo real e com baixa latência, enquanto a IA, usando algoritmos eficientes, minimiza a complexidade operacional. Recorrendo a esta parceria, os dispositivos podem alcançar maior rapidez, serem mais produtivos e mais rentáveis.
Além disso, a combinação de 5G e IA melhora também a relação custo-eficácia de uma vasta gama de processos através da utilização de sistemas automatizados. Esta automatização, por seu turno, reduz o esforço e aumenta a precisão das operações industriais. Com o papel da inteligência no dispositivo a tornar-se cada vez mais relevante, a IA é encarada como a chave para o 5G atingir todo o seu potencial.
Para os especialistas é muito claro que a IA terá um forte impacto em várias áreas-chave da gestão das redes de quinta geração – tais como melhor qualidade de serviço, implementação simplificada, maior eficiência energética e maior segurança da rede para, por exemplo, detetar anomalias no tráfego da rede.
Esta cooperação dinâmica promete ainda transformar muitas indústrias – desde os cuidados de saúde, aos transportes, passando pelo entretenimento. O sector da saúde por exemplo, encara com enorme expectativa a aplicação do 5G nas cirurgias à distância, com a ajuda de robôs alimentados por Inteligência Artificial. O seu uso poderá desde logo ter um impacto significativo em zonas onde a prestação dos cuidados especializados de saúde é mais deficiente.
Do mesmo modo, o 5G e AI estão a transformar o sector do retalho e do e-commerce, inaugurando abordagens revolucionárias em serviços e experiências prestados aos consumidores. Novas formas de mostrar produtos, atendimentos mais personalizados com recurso à RA e RV, monitorização de stocks ou atualização de inventários em armazéns estão entre as mais promissoras potencialidades destas duas tecnologias que chegaram com as lojas inteligentes.
E, também na indústria, esta pareceria já está a apoiar a automação, permitindo aos robôs comunicarem entre si e com os operadores humanos, conduzindo a processos de fabrico mais seguros e eficientes.
A cooperação, em qualquer domínio, é frequentemente a melhor opção para alcançar retornos rápidos, eficazes e duradouros. Sabemos isso através de inúmeros consórcios entre empresas, academias ou instituições sociais que se juntam para aproveitar o que cada parceiro tem de melhor. As sinergias que o 5G tem com as tecnologias emergentes são mais uma prova de que a estratégia tem tudo para ser bem-sucedida.