O mais recente relatório do Observatório Europeu 5G mostra que Itália, Dinamarca e Países Baixos são os Estados-membros mais avançados na implementação das redes de quinta geração. Mas também adverte que uma “parcela significativa” da cobertura europeia ainda é alcançada com espectro 4G em vez das bandas pioneiras 5G.
A cobertura média de redes 5G alcançou, em março deste ano, os 64% da população da União Europeia (UE). Todos os Estados-membros têm agora serviços de quinta geração em pelo menos uma parte dos seus territórios. O balanço foi atualizado no relatório trimestral do Observatório Europeu 5G, dando conta que, entre os países que reportaram os dados, Itália (99,1%), Dinamarca (98,8%) e Países Baixos (97%) estão na linha da frente, com um maior número de habitantes abrangidos pelas comunicações móveis da próxima geração.
O Relatório do Observatório 5G mostra ainda que a Alemanha, com 86,5% da população, e a Áustria, com 78,8%, completam o top 5 dos países com maiores avanços na cobertura das redes 5G na Europa.
Desde o último relatório, divulgado em fevereiro, o nível médio de cobertura, no bloco comunitário, subiu de 49% para 64%, com mais países a ultrapassarem a fasquia dos 50%, entre os quais a Áustria (78,8%), a França (74,4%), a Grécia (66,1%) ou a Espanha (58,9%).
Portugal e Letónia não têm ainda dados reportados e, como tal, os valores não foram atribuídos – não significando, porém, que a cobertura da nova geração móvel não esteja já em desenvolvimento nesses países (ver cobertura em Portugal). No conjunto de países com dados reportados, Bélgica, com 4,3% da população, Luxemburgo (12,7%), Eslováquia (13,8%), Hungria (17,6) ou Suécia (17,7%) estão, por outro lado, entre os Estados-membros da União Europeia com as mais lentas progressões na cobertura do 5G.
Com o ritmo da implementação das redes 5G a crescer todos os trimestres, sobe também o número de estações-base disponíveis na UE e que, segundo o Observatório Europeu, totalizam agora 147.303 unidades. No entanto – advertem os autores do documento-, uma “parcela significativa da cobertura 5G” ainda é alcançada com recurso ao espectro 4G em vez das faixas pioneiras de quinta geração. As frequências de banda baixa, banda média e mmWave têm sido combinadas em redes 5G para ser possível implementar a próxima geração de comunicações móveis.
Será preciso recordar a importância que a Comissão Europeia atribui às bandas pioneiras, por serem as que oferecem um maior potencial de desempenho. A expectativa é que sejam o principal veículo para fornecer serviços 5G avançados para comunicações máquina-a-máquina e impulsionar a transformação digital da Indústria 4.0..
Bruxelas definiu três faixas pioneiras – 700 MHz, 3.4 – 3.8 GHz (conhecidas como 3.6 GHz) e 26 GHz – para ajudar a impulsionar a primeira vaga de lançamentos de rede 5G. Entre estas, a banda 3.6 GHz tem sido encarada como fundamental por permitir maiores fluxos de dados 5G, graças ao uso contínuo de larguras de bandas 80-100 MHz, previsto pelos operadores.
A disponibilidade dessas frequências será determinante no avanço da implementação das redes 5G na Europa. Mas, o que de verifica é que ainda são vários os Estados-membros à espera que as bandas 700 MHz e 3.6 GHz sejam disponibilizadas e apenas alguns países (6 em 27) já atribuíram a frequência dos 26 GHz. No caso de Portugal, as faixas pioneiras dos 700 MHz e dos 3.6 GHz já foram atribuídas, faltando a atribuição da faixa 26 GHz.
Segundo os autores do relatório, cerca de dois terços dos países ainda fazem um uso significativo de faixas não pioneiras para avançar na implementação das redes 5G. São essas as frequências que estão a complementar os lançamentos das redes de quinta geração em bandas de 700 MHz e 3.6 GHz, com os operadores a tirar partido do espectro já existente para lançar o 5G onde ainda não há bandas pioneiras disponíveis.
O relatório dedica ainda um capítulo final aos grandes investimentos do primeiro trimestre deste ano em tecnologia 5G, apontando, desde logo, os 258 milhões de euros disponibilizados em janeiro pela Comissão Europeia para apoiar os Estados-membros na implementação das redes 5G e Gigabits. Nesse mesmo mês, a Alemanha e a França anunciaram dois mil milhões de euros para criar projetos transfronteiriços e lançar iniciativas focadas nos verticais 5G como, por exemplo, a agricultura automatizada, a Indústria Automóvel, as Cidades Inteligentes ou a Energia.
O documento do Observatório 5G recorda ainda o incentivo de dois mil milhões de euros do Governo italiano para reforçar as infraestruturas 5G e o plano alemão para alcançar a total cobertura 5G até 2030. Neste rol das principais medidas assumidas, entre janeiro e março, destacam-se igualmente os 21 corredores transfronteiriços 5G a envolver 17 estados-membros que se comprometeram a impulsionar o uso do 5G nos serviços de transporte e, em particular, na mobilidade conectada e automatizada.
Entre os desenvolvimentos comerciais, a grande novidade, deste trimestre, vai para a cobertura de redes 5G do operador MEO, que atingiu os 50% da população, em Portugal. Não se menciona, porém, que também, em março, a NOS revelou ter 75% do território nacional coberto com as redes de 5ª geração e que conta tem 100% do país coberto até ao final deste ano. A estreia de mais um operador de redes móveis, na Alemanha (1&1), é o acontecimento também mencionado no relatório, tal como o anúncio do grupo Vodafone em usar tecnologia Open RAN em 30% dos seus sites europeus.
Consulte o relatório trimestral (janeiro-março 2022) no site do Observatório Europeu 5G.
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Sobre o Observatório Europeu 5G
O Observatório Europeu 5G foi lançado em 2018 para monitorizar a evolução do mercado e as ações preparatórias tomadas pelas partes interessadas da indústria e pelos Estados-membros no contexto da implantação do 5G na Europa e no mundo. A plataforma online do Observatório 5G fornece as principais tendências na implantação das redes móveis de quinta geração com vista a avaliar os objetivos do Plano de Ação 5G, da Comissão Europeia.