O feito surge destacado no mais recente relatório do Observatório 5G. Ao apontar a chegada dos serviços comerciais em Portugal e na Lituânia, em finais de 2021, o organismo da Comissão Europeia relembra que uma das principais metas do Plano de Ação 5G foi, por fim, atingida.
Em todos os 27 Estados-membros da União Europeia, há pelo menos um operador com rede móvel 5G, fazendo com que as redes de 5ª geração cheguem a 49% da população do espaço comunitário. Esta é a grande novidade assinalada, esta semana, no mais recente relatório do Observatório 5G, organismo da Comissão Europeia.
A meta definida no Plano de Ação 5G, que agora se alcançou, só foi possível porque Portugal e Lituânia disponibilizaram finalmente ofertas comerciais de 5ª geração. O relatório destaca que, na sequência do leilão do espectro, a NOS se tornou, em dezembro de 2021, na primeira operadora a lançar serviços 5G em Portugal.
Mas será ainda preciso relembrar que a Vodafone disponibilizou a rede pouco tempo depois, tendo a MEO feito o mesmo a 1 de janeiro deste ano. E, nesse mesmo mês, o 5G aterrou também na Lituânia através do operador Telia, fazendo deste país o último Estado-membro a lançar as redes da próxima geração na UE.
Um total de 112 mil estações-base 5G estavam, em dezembro do ano passado, ativas na UE e 50% das habitações dos 27 países estavam cobertas com pelo menos uma rede de 5ª geração. Mas, na comparação com outras grandes potências, o desempenho europeu fica aquém dos resultados da China, com quase um milhão de estações-base instaladas – oito vezes mais do que a UE. A Coreia do Sul, todavia, ganha este campeonato com 13 vezes mais estações do que a Europa e 20 vezes mais do que os Estados Unidos.
Nas faixas pioneiras, houve igualmente alguns progressos alcançados, com 58% das bandas já atribuídas, representando um aumento de 5% face aos resultados publicados no anterior relatório do Observatório 5G, em outubro de 2021.
A faixa 3,6 GHz foi a mais amplamente atribuída em 21 dos 27 países. A segunda faixa mais popular foi a dos 700 MHz, concedida em 19 Estados-membros. Em último lugar, ficou a banda de 26 GHz, atribuída em sete estados do bloco comunitário. No entanto, tanto Portugal como a Espanha já lançaram consultas públicas sobre a faixa dos 26 GHz.
Por último, ressalva o Observatório 5G, cinco países não designaram ainda nenhuma das faixas pioneiras. O número de Estados-membros que atribuíram espectro nas três faixas pioneiras, no entanto, permaneceu inalterado desde outubro do ano passado, quando somente sete países da União Europeia atingiram esse objetivo.
Outros avanços foram também apontados neste relatório, como o facto de 17 Estados-membros estarem agora envolvidos na preparação de 12 corredores transfronteiriços 5G com o intuito de promover a utilização da rede de 5ª geração nos serviços de transportes e, deste modo, abrir caminho à Mobilidade Conectada e Automatizada.
Entre os vários projetos destacados, o Observatório 5G relembra os testes de carros autónomos nos corredores transfronteiriços Évora-Mérida e Porto-Vigo, não mencionando, todavia, as ligações Aveiro-Salamanca e Faro-Huelva também incluídos no Plano de Conectividade Digital.
Com os serviços 5G disponíveis em todo o espaço comunitário, a cobertura das redes atinge quase metade da população europeia – 49% é a fasquia atual, abaixo dos 50% apontados no último relatório da Associação Europeia de Operadores de Redes de Telecomunicações (ETNO). A ligeira discrepância, porém, explica-se, segundo o Observatório 5G, pelo facto de no estudo da ETNO terem sido incluídos países não pertencentes à UE, como o Reino Unido, a Suíça, a Noruega, a Islândia ou os Balcãs Ocidentais.
O que o mapa do Observatório 5G mostra é que a Alemanha e os Países Baixos atingiram coberturas de 90%, assumindo assim a liderança na Europa. Seguem-se a Dinamarca e Malta, com 80%, Finlândia com 76%, e Chipre e Irlanda, ambos com 70%. Portugal encontra-se ainda no grupo de países sem dados reportados, juntamente com a Bulgária, a Lituânia e a Letónia, apesar de a NOS, a Vodafone e a MEO já terem anunciado que as suas redes 5G estão disponíveis nas 22 capitais de distrito.
Mas, entre as variações que os Estados-membros apresentaram, houve países que deram saltos significativos, entre 2020 e o ano passado. É o caso da Polónia, que subiu de 10% para 40% da população abrangida pela cobertura das redes de 5ª geração. Ou da Estónia que, de zero por cento, escalou até aos 47% da população. E até a Alemanha, que atualmente ocupa o primeiro lugar do pódio, teve uma evolução meteórica – dos 18% aos 90% no intervalo de um ano.
Globalmente, a Coreia do Sul é o líder incontestado na implementação das redes 5G, com 162.099 estações-base 5G, correspondendo a um rácio de 319 habitantes por cada estação. Logo abaixo, surge a China com 916 mil estações, mas representando somente 1531 pessoas por estação. A União Europeia, nesta corrida, consegue ultrapassar os Estados Unidos, com 105.993 estações-base 5G, o que equivale a 4.224 habitantes por estação.
O relatório também dá especial destaque ao 5G nos chamados mercados verticais, como a automação industrial e agrícola, a indústria automóvel, os setores do transporte e da saúde, que irão sofrer grandes transformações nos seus produtos, serviços e modelos com a Internet das Coisas, Inteligência Artificial, robótica ou Realidade Aumentada.
Os modelos de licenciamento estão atualmente em debate contínuo – relembra o observatório -, mas há cada vez mais Estados-membros a adotar o licenciamento local para o espectro dedicado aos verticais 5G. A Alemanha foi o primeiro Estado-membro, mas no total já são dez os países do bloco comunitário a implementar este modelo, entre os quais Portugal, Áustria, Dinamarca, Finlândia, França, Holanda ou Suécia.
Não menos importante é a segurança cibernética que a Comissão Europeia quer ver reforçada através da Tolbox da UE. Se, por um lado, “um grande número” de Estados-membros já tomou medidas concretas para implementar a estratégia, por outro, a definição do seu conteúdo e o alcance das medidas está ainda por fazer.
Esse é o motivo que leva o Observatório a concluir o relatório com uma “forte recomendação” para os Estados-membros intensificarem os esforços de cooperação com vista a ampliar a troca de informação que agilize a implementação desta ferramenta anunciada em 2020 como o caminho mais seguro para proteger as redes 5G.
Para ler o documento na íntegra, descarregue o 14º relatório trimestral no site do Observatório 5G.