A solução foi criada com o intuito de evitar deslocações de utentes a viver em cidades pequenas, podendo ainda vir a ser utilizada na formação de alunos e em colaborações médicas internacionais.
ROSE – RObot Sensing for tele-Ecography é o primeiro sistema de ecografias remotas em Portugal, que suportada numa rede móvel 5G, permite realizar exames ecográficos à distância. A solução, desenvolvida pelo Instituto Pedro Nunes, em parceria com a Universidade de Coimbra, a empresa Sensing Future Technologies e o Hospital da Luz, foi criada com o intuito de evitar deslocações de utentes e melhorar o acesso a cuidados de saúde em cidades de pequena e média dimensão e unidades de saúde onde não há profissionais especializados em permanência.
Durante os últimos sete anos, os investigadores do Instituto de Sistemas e Robótica da Universidade de Coimbra trabalharam em novas tecnologias destinadas à telemedicina. A investigação culminou agora com a apresentação de um protótipo laboratorial que, segundo o consórcio, já foi testado com sucesso em exames obstétricos.
Cada aparelho inclui duas estações ergonómicas robotizadas – uma do lado do médico e outra do lado do paciente. O sistema ROSE é composto ainda por um conjunto de sondas ecográficas, uma base de dados de pacientes localizada em cloud e estruturas de comunicação assentes em 5G. Usando as características da rede móvel – baixa latência, elevada velocidade e resiliência superior -, assegura-se que o exame é realizado em tempo real e sem falhas.
A tecnologia promete um controlo mais fino da posição e orientação da sonda, melhorando o conforto dos pacientes. A latência, entre todas as características das comunicações móveis 5G, assume um papel vital neste processo, permitindo um ambiente de imersão total com feedback háptico fluído e sem atrasos. Significa isto que o técnico pode sentir a força da pressão na barriga do paciente como se estivesse no local e assumir o pleno controlo durante todo o procedimento médico.
“Tenho a forte convicção de que o sistema ROSE irá mudar o paradigma de diagnóstico por teleecografia.”
Filipe Caseiro Alves, médico radiologista e investigador, Universidade de Coimbra
Por ser muito complexa, só um médico certificado poderá manobrar a máquina, mas do lado do paciente, apenas será preciso um auxiliar que aplique o gel no abdómen. Combinando todos estes atributos, o projeto, parcialmente financiado pelo Programa Portugal 2020, abre agora caminho não apenas à interação entre médicos e pacientes que se encontram em locais distintos, como possibilita novas valências na formação, supervisão técnica à distância ou em colaborações internacionais. O aumento da capacidade e rapidez dos serviços, a maior segurança dos dados e os custos mais reduzidos das operações são apontados como as grandes vantagens.
O consórcio aguarda agora a patente para realizar as teleecografias, estimando-se que, em breve, possa vir a ser usada para realizar os primeiros exames à distância entre o Hospital da Luz de Coimbra e unidades de saúde que não dispõem destes equipamentos ou técnicos especializados. Atualmente, Rose é unicamente utilizado para realizar ecografias abdominais, mas é possível aplicar também o sistema a outro tipo de exames, como os cardiológicos.
O objetivo do consórcio passa também por usar esta solução na formação de alunos, estando a estabelecer protocolos para criar cursos destinados a técnicos de radiologia em Coimbra, Lisboa, Barcelona e Irlanda. O intuito é democratizar o acesso dos técnicos de saúde à tecnologia, sobretudo em hospitais secundários que não têm docentes especializados.
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📷 Crédito da imagem de abertura: projeto ROSE