É o primeiro ferry do mundo conduzido sem intervenção humana e irá transportar passageiros entre as ilhas de Kungsholmen e Södermalm, na capital da Suécia. O objetivo do projeto, no entanto, é alargar o modelo de negócio a outras cidades e zonas industriais europeias.
Está tudo preparado para a inauguração do primeiro ferry autónomo do mundo. A partir de junho de 2023, a embarcação, batizada de milliAmpere 2, irá começar a navegar nos canais de Estocolmo, capital da Suécia. Em apenas um minuto, o barco vai transportar, em cada viagem, o máximo de 25 passageiros entre as ilhas de Kungsholmen e Södermalm, um percurso que demora cerca de quinze minutos pela ponte pedonal mais próxima.
Totalmente movido a eletricidade, o catamarã conta com um sistema de condução autónoma suportado por sensores que garantem uma navegação segura e ainda quatro propulsores alimentados por uma bateria elétrica. O percurso da embarcação será monitorizado em permanência na sala de comando do NTNU Shore Control, laboratório da Universidade Norueguesa de Ciência e Tecnologia, que desenvolve sistemas marítimos autónomos em Trondheim. Recorrendo à conectividade das redes 5G, os técnicos irão ter acesso à transmissão de imagens vídeo em tempo real, podendo intervir remotamente no caso de eventuais imprevistos.
Por detrás da iniciativa está a Universidade Norueguesa de Ciência e Tecnologia, que desenvolveu a tecnologia e criou a empresa Zeabuz para, em parceria com a transportadora fluvial Torghatten, lançar comercialmente a travessia. O que se prevê até ao final de 2023 é que mais embarcações possam também navegar nos canais do centro e da periferia de Estocolmo, proporcionando uma alternativa ao transporte rodoviário e uma mobilidade urbana mais sustentável.
O intuito passa por fornecer um serviço 24 horas por dia, sete dias por semana, mas a ambição vai ainda mais além com os seus promotores a prometerem exportar o modelo de negócio para outras cidades europeias.
O transporte fluvial elétrico tem-se tornado numa opção competitiva e ambientalmente mais sustentável. Com mais de 37 mil quilómetros de canais a conectar centenas de cidades e regiões industriais na Europa, o ferry comercial autónomo é agora encarado como uma contribuição para descongestionar as vias rodoviárias.
“Para resolver as necessidades mundiais de transporte e a crise climática, devemos utilizar as vias fluviais urbanas para a mobilidade.”
Erik Dyrkoren, CEO da Zeabuz
A operação do ferry autónomo entre as ilhas de Kungsholmen e Södermalm será por isso determinante para estudar e avaliar o desempenho de todo o sistema, desde os aspetos técnicos até às experiências dos passageiros. Pretende-se durante os meses do verão de 2023 afinar o modelo e sobretudo aprender o que acontece quando os habitantes interagem com a tecnologia autónoma.
Estocolmo, a maior cidade escandinava, que se estende por 14 ilhas e centenas de canais abertos, é para os operadores de transporte fluvial, o melhor cenário para testar novas soluções antes de expandir o modelo para outros destinos. “Em vez de serem barreiras, as superfícies da água irão costurar a cidade, convertendo-se em atalhos que vão poupar o ambiente e facilitar o dia-a-dia dos residentes”, rematou Reidun Svarva, diretora de desenvolvimento de negócios da Torghatten, citada no comunicado da empresa.
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📷 Crédito da imagem de abertura: Torghatten ASA