O estudo mostra, por outro lado, que a União Europeia continua atrás das grandes potências, precisando acelerar não só a implementação das redes de 5ª geração, mas também o investimento no sector das telecomunicações.
Pela primeira vez, em 2021, a cobertura de FTTH na Europa ultrapassou a fasquia dos 50%, atingindo os 51,6% do total das redes de acesso da próxima geração (NGA). O salto foi tão significativo que duplicou a população [coberta] abrangida por 5G – de 30%, em 2020, para 62% no ano passado. Os dados constam do estudo “State of Digital Communications | 2022” e são, à primeira vista, boas notícias para a União Europeia (UE). Mas o relatório da Associação Europeia de Operadores de Redes de Telecomunicações (ETNO) também mostra que, apesar do rápido crescimento, a evolução fica muito aquém do desempenho dos Estados Unidos (93,1%) ou da Coreia do Sul (93,9%).
Vistos à lupa, a aceitação do 5G, por parte dos europeus, também tem sido demasiado baixa, advertem os autores do estudo. Apesar de disponível para quase dois terços da população (em termos de cobertura), as redes de 5ª geração representavam, em 2021, somente 2,8% do total das ligações móveis. Nos Estados Unidos, esse valor subiu para 13,4% e, na Coreia do Sul, disparou para os 29,3%.
Por mais que a Europa corra para acompanhar a velocidade dos seus pares, o ritmo não tem sido suficiente para alcançar o pelotão da frente. Essa é a principal razão que leva a ETNO a recomendar que Bruxelas e, em particular, os decisores políticos “façam mais” para atrair o investimento no sector das telecomunicações. Trata-se de uma condição essencial se a UE quiser uma economia mais independente das potências mundiais, advertem os especialistas da associação europeia.
Mercados fragmentados
Não é que, nos anos mais recentes, as empresas de telecomunicações não tenham feito grandes esforços, reconhece a ETNO. Os valores mostram, aliás, que o sector alcançou um recorde de 52,5 mil milhões de euros, em 2020, e de 51,7 mil milhões em 2019, o maior investimento em quatro anos, admitem os especialistas, reconhecendo o empenho dos Estados-Membros para intensificar a cobertura de fibra ótica e de rede 5G.
Os principais indicadores financeiros, no entanto, continuam a mostrar que os resultados, nesta área, têm sido piores do que os alcançados na América do Norte ou na Ásia-Pacífico. E o desafio passa sobretudo por conseguir ultrapassar a fragmentação no sector de telecomunicações que, muito por causa da “regulamentação e da ausência de um mercado único” persiste como a mais elevada. Se na Europa há, atualmente, 38 grupos de telecomunicações, nos Estados Unidos, são apenas sete, enquanto, no Japão, estão reduzidos a quatro e, na Coreia do Sul, a três.
Tendências aceleradas
Mas se, por outro lado, o foco da análise excluir a comparação com as grandes potências, o que se verifica é que a pandemia acelerou drasticamente uma série de tendências de telecomunicações na Europa. Vídeos de plataformas de streaming e chamadas de vídeo OTT – especialmente para negócios – estão a gerar picos de tráfego. A velocidade de dados fixos por ligação passou de 191 GB/mês, em 2019, para 293 GB/mês em 2021 (+53% face ao período de pré-pandemia).
E mesmo quando confrontado, mais uma vez, com os principais competidores, há áreas em que a Europa está em vantagem. Os dados do relatório mostram, por exemplo, que o sector das telecomunicações está a investir cada vez mais em inovação de rede e de serviços, contando agora com 19 ofertas de edge cloud, lançadas em 2021, em comparação com as 10 na América do Norte.
A venda de soluções de segurança por empresas de telecomunicações europeias também ganhou fôlego, com a receita de retalho de segurança dos operadores a atingir três mil milhões de euros em 2021 e podendo subir para quatro mil milhões em 2025 na Europa Ocidental. O que tem crescido igualmente é a Internet das Coisas (IoT, sigla em inglês), esperando-se que as ligações ativas cheguem aos 353 mil milhões em 2023 e, como tal, muito acima dos 180 mil milhões alcançados em 2020.
Por fim, os esforços para reduzir a pegada de carbono também produziram bons resultados, salienta o estudo, revelando que 75,3% do total de energia usada pelos membros da ETNO, em 2020, veio de fontes renováveis, acima dos 60,4% em 2017. Da mesma forma, as emissões de CO2 foram de 2,77 kt, abaixo dos 4,67 kt no mesmo período de comparação.
Para consultar o relatório na íntegra faça o download do estudo State of Digital Communications.