A Inteligência Artificial e a Internet das Coisas têm dado um grande contributo no desenvolvimento de tecnologias de combate e prevenção de fogos florestais. A alta velocidade, a baixa latência e a largura de banda das redes de quinta geração são os principais aliados que tornam estes sistemas mais robustos, sofisticados e eficientes.
Todos os verões, os incêndios florestais dominam a nossa atenção. Mas, de ano para ano, vamos percebendo que, com as alterações climáticas, é cada vez mais imprevisível delimitar a época de fogos no calendário. As ocorrências não se concentram agora unicamente nos meses mais quentes. Começam, muitas vezes, mais cedo, estendem-se pelo outono e assumem proporções trágicas.
O fenómeno é global, como sabemos, com os fogos a consumir milhares de hectares de florestas e matas, na Europa, nos Estados Unidos ou na Austrália, só para citar algumas das regiões mais noticiadas na comunicação social. Perante a urgência, os sectores público e privado procuram soluções que tornem o combate e prevenção mais eficazes.
Novas tecnologias estão a entrar no mercado, recorrendo à Inteligência Artificial e à Internet das Coisas para detetar incêndios mais cedo ou até prever quando podem vir a ocorrer. O 5G, neste contexto, surge como um aliado, ajudando os sistemas de proteção civil a tornarem-se mais robustos, sofisticados e eficientes.
Localizar um foco de incêndio, no seu estádio inicial, tem sido uma das grandes prioridades desta indústria, conta ao website Verizon Neil Sahota, especialista em Inteligência Artificial e professor na Universidade da Califórnia. O que se pretende, acima de tudo, é auxiliar os observadores humanos através de câmaras de videovigilância, que registam e transmitem imagens e dados dos locais mais vulneráveis. A informação é depois analisada por algoritmos e validada por peritos e agentes de segurança, que mobilizam meios para as zonas com sinais precoces de incêndios.
Pano AI é uma dessas tecnologias projetadas com recurso ao 5G. Desenvolvido por uma empresa de São Francisco, nos EUA, o sistema recorre a câmaras de 360 graus de alta-definição e redes móveis de quinta geração para enviar as informações em tempo real aos centros de comando. Com os dados na sua posse, é possível à proteção civil, através da inteligência humana ou artificial, fazer um diagnóstico mais preciso e também mais rápido sobre os perigos que ameaçam as florestas.
No teatro de operações, a alta velocidade, a baixa latência e a largura de banda são atributos das redes 5G cruciais para a eficácia da videovigilância, permitindo o envio de enormes quantidades de dados para serem escrutinados por humanos ou pela Inteligência Artificial. Ao transmitir dados em tempo real, os sistemas de deteção de fogos permitem acelerar a resposta de modo a impedir a sua rápida propagação.
Mas, se a deteção é um pilar do combate aos fogos florestais, a prevenção assume também uma importância vital para manter os incêndios controlados. As tecnologias, nesse âmbito, oferecem recursos que ajudam a analisar os fatores mais propícios para desencadear novos focos em lugares remotos ou inacessíveis das florestas e das matas. Nestes casos, em particular, os sensores dão um enorme contributo ao detetar níveis de humidade no ar, condições do solo e temperatura que permitem avaliar o risco de incêndio. O acesso rápido a essa informação é o fator determinante não só para mitigar os riscos, como para prever a evolução de um fogo para outras zonas florestais.
A solução de videovigilância alimentada por energia solar da empresa europeia Minsait está, segundo o website da Verizon, a testar uma solução nesse sentido. Câmaras com visão de 360 graus estão a ser desenvolvidas para procurar sinais de fumo num raio de dois quilómetros, através de sensores que detetam condições de humidade do ar, temperatura ambiente, vento e condensação de água (orvalho) presente na vegetação. Todos os dados são analisados em tempo quase real, estando o sistema preparado para transmitir alertas sempre que esta conjugação de fatores se revelar potencialmente perigosa. As redes 5G irão também aqui desempenhar uma função crítica, transmitindo instantaneamente informação e contribuindo para acelerar a resposta do lado da prevenção.
As redes de quinta geração já estão no terreno, ligando recursos como drones ou robôs que exploram ambientes perigosos para humanos ou lançam retardadores de chamas sobre incêndios em fases iniciais. Na Alemanha, com um terço dos incêndios a ocorrer no estado de Brandenburg, a proteção civil vê-se obrigada a monitorizar uma vasta área florestal. O projeto ALADDIN tem sido o mais recente trunfo no combate aos fogos.
Trata-se de um sistema suportado em redes 5G, com ligações via satélite, que pode ser criada temporariamente com o intuito de agilizar a comunicação entre forças de segurança ou controlar robôs no campo de operações. A solução, apresentada em maio deste ano na feira industrial Hannnover Messe, faz ainda uma radiografia sobre as condições climatéricas e do solo, utilizando também os drones para alcançar zonas inacessíveis.
Os especialistas acreditam que, à medida que a infraestrutura 5G se expandir, soluções como esta poderão tornar-se mais comuns, trazendo, juntamente com a Inteligência Artificial e a Internet das Coisas, rapidez na resposta, na partilha de informações e ainda novas capacidades para combater os incêndios florestais.
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