Dois smartglasses e dois hotspots 5G, instalados pela NOS, permitem ao Hospital Dr. Nélio Mendonça, no arquipélago da Madeira, recorrer à assistência remota prestada por especialistas em qualquer zona do país. As ligações de vídeo em alta-definição são usadas no tratamento de pacientes, mas serão, no futuro, utilizadas também na formação e treino dos profissionais de saúde.
Uma nova solução de apoio remoto aos profissionais de saúde chegou, esta semana, ao Hospital Dr. Nélio Mendonça, no Funchal. A unidade do arquipélago da Madeira, já coberta com a rede 5G, conta agora com uma tecnologia que permite estabelecer ligações remotas de vídeo em alta-definição entre dois profissionais localizados em diferentes pontos do país.
O sistema, implementado pela NOS, em parceria com a Johnson & Johnson MedTech, é composto por dois smartglasses e dois hotspots 5G, possibilitando ao hospital recorrer a um apoio especializado em qualquer altura. Não são apenas as distâncias físicas entre profissionais de saúde que se esbatem, mas é também uma nova valência que se inaugura ao se poder monitorizar os processos clínicos com assistência remota e em tempo real.
Implementada em áreas de Hemodinâmica e no Centro de Simulação Clínica do hospital, a ferramenta digital já permitiu, no início desta semana, que dois médicos cardiologistas – um em Lisboa e outro no Funchal – pudessem trocar informação e experiências durante a ablação de uma taquicardia supraventricular – procedimento utilizado no tratamento de arritmias cardíacas.
“Tive uma interação fácil com o meu colega e fiquei com a impressão de que, do outro lado, também foi possível obter imagens claras, quer da Fluoroscopia, quer dos mapas e dos sinais elétricos recolhidos”, contou Nuno Santos, cardiologista do Hospital Dr. Nélio Mendonça, no vídeo produzido pelo operador NOS.
O que esta tecnologia mostrou é que não há atrasos entre o que se vê e o que se ouve nos dois lados da comunicação, destacou, por seu turno, Pedro Aragão, especialista em Eletrofisiologia (estudo das propriedades elétricas em células e tecidos). “No futuro, será até possível selecionar várias câmaras e dirigi-las para pontos específicos, com o objetivo de fazer a interpretação e orientação do tratamento.”
Da parte dos doentes, os ganhos são também consideráveis, defendeu Nuno Santos, relembrando que essa foi uma das principais razões para os especialistas do hospital optarem por esta solução: “Ao evitar a deslocação dos pacientes para fora da sua região, a tecnologia permite reduzir em muito a sua ansiedade, bem como aumentar a sua confiança por saberem que, do outro lado, estão profissionais experientes.”
Há, aliás, dois aspetos importantes a considerar perante a necessidade de um tratamento clínico – o seu grau de sucesso e a margem de risco. “O que procuramos fazer com esta tecnologia é aumentar a taxa de sucesso e diminuir as complicações”, acrescentou Pedro Aragão.
O próximo passo, agora, passa por aplicar o projeto na formação e treino dos profissionais de saúde no centro de simulação clínica do hospital. “Esperamos que venha a ser uma mais valia quer para o formador, quer para o formando”, salienta Carla Carvalho, Coordenadora de Informática do SESARAM – Serviço de Saúde da Região Autónoma da Madeira.
A aplicação desta solução recém-chegada ao Hospital Dr. Nélio Mendonça, no entanto, não serve apenas a medicina, adverte Pedro Aragão, considerando que “praticamente” todas as áreas do conhecimento poderão vir a beneficiar desta tecnologia. “No momento em que o 5G é instalado, qualquer pessoa tem a capacidade de interagir instantaneamente, obtendo resultados imediatos”, rematou o especialista.
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