O recém-inaugurado terminal East-West Gate, considerado o maior centro de redistribuição de mercadorias entre a Europa Ocidental e Oriental, recorreu à rede móvel 5G para manobrar à distância vários guindastes em simultâneo. A operação é feita a partir de uma sala de comando equipada com monitores e câmaras de alta-resolução. As tecnologias transformaram as rotinas de trabalho, atraindo inclusive mais mulheres para um sector considerado fisicamente exigente e com potenciais riscos para a segurança dos trabalhadores.
Recorrendo a tecnologias emergentes e a uma rede móvel privada 5G, o terminal intermodal East-West Gate (EWG), no Leste da Hungria, tem vindo a transformar o transporte ferroviário de mercadorias. Soluções inovadoras aceleraram o comércio Leste-Oeste na Europa, atraindo inclusive mais operadores de guindastes a um sector considerado fisicamente exigente e com potenciais riscos para a segurança dos trabalhadores.
Com uma área de 85 hectares, o terminal está em Fényeslitke, vila na região da Grande Planície do Norte, e próximo da fronteira com a Ucrânia. A localização é uma das grandes vantagens, uma vez que facilita o transporte ferroviário e rodoviário de mercadorias entre a Europa Ocidental e Oriental, e ainda entre a Europa e a Ásia.
Inaugurado em inícios de 2022, o EWG é também o maior terminal da Europa a usar energias renováveis, movimentando até um milhão de contentores por ano, transportados por camiões e semirreboques em caminhos de ferro. Os trilhos ferroviários constituíram, aliás, um investimento estratégico, permitindo transferir o tráfego de mercadorias – que chega por camião à fronteira da União Europeia – para o transporte ferroviário, em consonância, portanto, com os objetivos climáticos do bloco comunitário.
Procurando adaptar-se à crise geopolítica desencadeada com a guerra Rússia – Ucrânia, o EWG foi igualmente construído para ganhar uma capacidade significativa no transbordo de produtos agrícolas, estando em vias de se transformar no maior centro ferroviário para as exportações alimentares ucranianas. Possuindo certificação adequada, os guindastes podem ainda transportar materiais sensíveis como gás e produtos químicos.
Neste recém-inaugurado terminal, a rede 5G de banda larga, juntamente com a Inteligência Artificial (IA), estão a permitir aos trabalhadores controlar individualmente quatro guindastes em simultâneo a partir de uma sala de comando equipada com monitores. O EWG é também o primeiro terminal logístico na Europa a utilizar pontes rolantes controladas à distância para movimentar contentores, sendo por isso visto como o único terminal logístico ferroviário inteligente do continente europeu.
Para trás, ficou o tempo em que os funcionários trabalhavam por turnos rotativos em cabines suspensas a grandes altitudes, operando manualmente os guindastes com 25 metros de altura.
Em vez disso, estão sentados numa sala climatizada virados para uma série de monitores e controlando os guindastes com joysticks e ratos de computador, enquanto visualizam o local nas imagens transmitidas por 20 câmaras de alta resolução.
São necessárias grandes larguras de banda na rede 5G para carregar as imagens dos guindastes e visualizá-las em tempo real. A latência de 20 milissegundos é, por outro lado, um ponto nevrálgico para o desempenho sincronizado das máquinas manobradas remotamente em toda a área do terminal de contentores. Os guindastes também estão equipados com sensores e algoritmos de IA, permitindo operar com elevado grau de precisão e velocidade.
A capacidade de trabalhar com tecnologia de ponta num ambiente de escritório, segundo a empresa, já está a atrair novos profissionais, incluindo os mais jovens e mulheres, que tradicionalmente evitam esta indústria devido às condições duras, repetitivas e potencialmente perigosas.
Entre as novas tecnologias implementadas no terminal, o EWG destaca ainda um gémeo digital, que monitoriza as operações em 3D, com o tráfego de comboios, camiões, guindastes, veículos de transporte e mercadorias acompanhados virtualmente e em tempo real. A solução, usada no apoio à manutenção preventiva, simulação e ainda para aumentar a segurança do terminal, também melhorou as condições de trabalho e a eficiência operacional.
As tecnologias implementadas permitiram melhorar a eficiência dos transportes em mais de 20% e diminuir as despesas em 40%. O terminal, sendo também alimentado por painéis solares, tem ainda um reduzido impacto ambiental.
A digitalização de uma indústria pesada, como a logística e transporte de mercadorias, é agora, segundo os parceiros envolvidos neste projeto, uma oportunidade para desenvolver uma região que se encontra entre as mais desfavorecidas da Hungria. A expectativa é que o investimento feito no terminal possa atrair a médio e longo prazo outras indústrias com padrões tecnológicos e ambientais idênticos ou semelhantes ao terminal intermodal East-West Gate.
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Crédito da imagem de abertura: East-West Gate