Rede autónoma de última geração, sensores 5G, Realidade Aumentada e Virtual, câmaras de alta-definição e ainda réplicas digitais foram algumas das soluções incluídas na prova de conceito que, durante os últimos nove meses, entraram nas rotinas do Porto de Aveiro. As novas tecnologias permitiram aos operadores localizar, simular e movimentar a carga no terminal multiusos ganhando tempo, automatizando processos logísticos e melhorando a eficiência energética.
Durante os últimos nove meses, o Porto de Aveiro recorreu a soluções 5G para gerir os seus processos de carga e descarga das mercadorias. Óculos de Realidade Aumentada, um Gémeo Digital e Inteligência Artificial foram algumas das novas tecnologias que permitiram automatizar as rotinas, dispensar a intervenção humana ou economizar tempo.
O projeto, traduzido numa prova de conceito de gestão de carga, assentou numa rede privada de última geração, software logístico dedicado e ainda câmaras de alta-definição com sensores 5G que, instalados num dos armazéns do terminal multiusos, permitiram aos operadores portuários localizar e movimentar os contentores.
A solução passou por instalar uma rede privada 5G, fornecida pela Vodafone, e ainda por uma tecnologia, desenvolvida pela Ericsson no projeto Corealis para os portos no âmbito do programa europeu Horizonte 2020. Melhorar a eficiência energética, a segurança e rentabilidade das operações, bem como reduzir o impacto no ambiente foram, segundo o comunicado da Vodafone Portugal, os objetivos por detrás desta inovação “amplamente reconhecida em vários eventos internacionais”.
O projeto baseou-se num Core 5G Stand-Alone dedicado (sem dependência alguma do 4G), onde foram integrados sensores, com diferentes aplicações a correr sobre uma rede de quinta geração, que tornaram possíveis as operações nos terminais Aveiport e PTM Ibérica.
As avançadas funcionalidades, suportadas em redes 5G, facilitaram operações distintas, mas também complementares. Uma aplicação dedicada permitiu aos operadores identificar a posição de todos os contentores numa área do terminal em tempo real.
Recorrendo também a tablets com Realidade Aumentada e a um sistema inteligente (Expert System), os técnicos conseguiram manobrar as máquinas e guiar as operações de carga e de armazenamento dos fretes. Para que se entenda melhor, um Expert System utiliza recursos de Inteligência Artificial para simular decisões e comportamentos de um humano ou de uma organização com conhecimentos especializados em determinadas áreas.
Por fim, um Gémeo Digital replicou virtualmente o terminal em tempo real. Com a ajuda de um algoritmo logístico, os operadores, equipados com óculos de Realidade Virtual, simularam operações completas de carga, ainda antes destas serem executadas. Os ensaios permitiram verificar e ajustar previamente as melhores posições e as estratégias mais adequadas para conduzir a operação do princípio ao fim.
Em traços gerais, estas foram as principais valências incluídas na prova de conceito que decorreu entre maio de 2022 e a primeira quinzena de fevereiro deste ano num dos armazéns do terminal multiusos do Porto de Aveiro. Segundo os resultados preliminares, recentemente partilhados pela Administração com a publicação Dinheiro Vivo, o tempo para descarregar cada navio caiu 10%. E o número de contentores descarregados por hora aumentou 10%. O uso da empilhadora, por seu turno, caiu 8% e, ao final do dia, houve uma melhoria global de 14% no tempo total entre o momento do registo da carga e a sua correta arrumação no armazém.
Do mesmo modo, o intervalo necessário para registar os dados dos fretes dos navios na base de dados ficou reduzido para um terço do tempo antes despendido. Por fim, a Administração assegura ter ainda conseguido reforçar em 50% o número de dados carregados no sistema informático, incluindo a introdução de novas informações, como localização, orientação de posição, empilhamento e estado dos fretes, coordenadas que permitiram acelerar e tornar mais ágeis as operações portuárias.
Aplicado numa base experimental no Porto de Aveiro, este caso de uso já tinha sido criado e implementado pela Ericsson no Porto do Livorno, em Itália. A iniciativa, conduzida em finais de 2020, permitiu a recolha massiva de dados e análises em tempo real, aumentando a automatização inteligente e melhorando a coordenação entre humanos, dispositivos e maquinaria pesada como empilhadores, camiões e gruas.
No Porto de Aveiro e após terminada a prova de conceito, a Administração pretende avaliar os custos e a rentabilidade que o projeto trouxe nestes últimos meses antes de decidir avançar com novos investimentos numa rede móvel e em tecnologias de quinta geração. Recorde-se que a estratégia nacional para o 5G prevê para 2025 a instalação de redes de última geração em todos os portos portugueses. Mas, nos casos de Aveiro, Lisboa, Leixões e Setúbal, a implementação da infraestrutura deverá ocorrer até ao final do próximo ano.
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📷 Crédito da imagem de abertura: Porto de Aveiro