A solução permitiu diminuir em 79% os consumos energéticos e evitar a emissão anual de 11 toneladas de CO2. Diante dos resultados, a tecnologia já é encarada como uma das respostas mais eficazes para ultrapassar os desafios ambientais da expansão mundial do 5G nos próximos anos.
Solar on Tower (SOT) é a inovadora tecnologia que os Emirados Árabes Unidos estão a introduzir nas suas redes móveis 5G para alcançar uma maior eficiência energética e reduzir o impacto ambiental. O projeto foi testado, em finais de 2023, e, diante os resultados, já é considerado como um modelo que pode vir a ser adotado por outras infraestruturas de telecomunicações móveis.
Ao instalar painéis solares em 60 torres de comunicações da rede do Dubai, o operador nacional du conseguiu alcançar uma poupança substancial de 79% nos consumos de energia (26,6 MWh) por comparação com o uso de energia convencional. A solução permitiu ainda atingir uma redução anual de 11 toneladas de emissões de carbono.
Desenvolvida pela fabricante sueca Ericsson, a tecnologia 5G será agora expandida a toda a rede dos Emirados Árabes Unidos, esperando o operador de telecomunicações conseguir instalar a solução em mais 270 locais dos restantes seis emirados até ao final de 2024.
A inovação assume particular importância no atual momento em que as comunicações móveis de última geração estão em expansão em todo o mundo. Na era 5G, o número de estações de base globais sem fios está em constante crescimento. À medida que mais países implementam as redes móveis e a inovação na indústria acelera, maiores serão os consumos energéticos. De acordo com a plataforma internacional Global e-Sustainability Initiative (GeSI), estima-se por exemplo que, em 2026, o número de estações de base 5G chegará aos quatro milhões, com uma taxa média de crescimento anual de cerca de 50%.
A instalação dessas infraestruturas é complexa, apresentando ainda uma baixa eficiência energética. Segundo a GeSI, o consumo médio de energia de uma estação de base 5G é duas a seis vezes superior ao de uma estação 4G. Embora a tecnologia 5G esteja já a apoiar a descarbonização de diferentes sectores da economia, ela própria, juntamente com a indústria TIC, é responsável por 2% do total das emissões de gases com efeito de estufa, estimando-se que venham a produzir 1,3 gigatoneladas de emissões de carbono até 2030.
A digitalização torna as sociedades mais eficientes, mas implica, por outro lado, uma intensificação do tráfego e do consumo de energia nas redes móveis, aumentando as emissões de CO2 e a pegada de carbono da indústria das telecomunicações. É, portanto, vital encontrar soluções eficientes que permitam às redes 5G transportar mais tráfego sem aumentar o seu consumo de energia.
O recurso a energia solar para alimentar as redes móveis, anunciado pelos Emirados Árabes Unidos, não é, aliás, uma solução inédita. Já no verão de 2023, a Arábia Saudita apresentou a primeira rede 5G do mundo com zero-emissões. O projeto inclui 50 resorts em 22 ilhas no Mar Vermelho e implicou a instalação de 760 mil painéis solares, que fornecem energia 100% renovável.
Além da energia solar, diversas soluções têm sido estudadas e implementadas, nos anos mais recentes, incluindo baterias de lítio ou recursos avançados de software. O intuito é, acima de tudo, reduzir o consumo energético sem comprometer a cobertura de rede ou a qualidade da experiência dos utilizadores finais.
________________________________
Leia também o artigo: “O contributo do 5G para ultrapassar a crise climática”
Crédito da imagem de abertura: muneebfarman, via Pixabay