A iniciativa Route 25, financiada pelo Plano de Recuperação e Resiliência, propõe colocar Portugal como um dos grandes protagonistas da mobilidade autónoma da Europa. O projeto conta com 28 parceiros e tem no Mobility Lab, localizado em Gaia, um dos centros de investigação que, tirando partido das funcionalidades do 5G, desenvolve tecnologias inovadoras como drones que dão assistência na estrada, funções de condução cooperativa entre veículos ou soluções de conectividade entre viaturas, equipamentos urbanos e infraestruturas rodoviárias.
Será a investigação na área da indústria automóvel em Portugal capaz de liderar a inovação em mobilidade autónoma na Europa e até a nível global? A pergunta é ambiciosa, mas não irrealista aos olhos dos participantes do projeto Route 25. A iniciativa, liderada pela Capgemini Portugal, envolve um consórcio de 28 parceiros e é apoiada pelos fundos do Plano de Recuperação e Resiliência para desenvolver e lançar mais de 50 novos produtos, serviços ou processos com o intuito de reduzir em 85% as emissões de CO2 e diminuir o número de acidentes em 30%.
Neste consórcio, onde estão incluídas empresas tecnológicas como Wavecom e a Ubiwhere ou operadores como a NOS e a Vodafone, serão desenvolvidas soluções como postes de eletricidade e outros equipamentos urbanos com capacidade para se ligarem ao carro e vice-versa e ainda testes-pilotos a serem realizados em várias cidades portuguesas como Aveiro, Ílhavo, Porto e Fundão.
Outras soluções previstas implicam desenvolver um serviço destinado aos municípios para que lhes seja possível saber em tempo real onde se encontram estas viaturas na cidade. Uma boa parte dos trabalhos estará também focada nas questões legislativas que serão articuladas com a Autoridade Nacional de Segurança Rodoviária.
No âmbito de projeto, o Mobility Lab, da Capgemini Portugal, localizado em Vila Nova de Gaia, é um dos principais centros onde os testes e o desenvolvimento de novas tecnologias já estão a acontecer. Inaugurado no verão de 2022, o espaço procura tirar partido das funcionalidades 5G para ensaiar abordagens inovadoras que serão posteriormente aplicadas em projetos concretos a envolver software e hardware para a indústria automóvel.
Integrando a conectividade 5G e o edge computing 5G, o laboratório propõe-se a desenvolver soluções de condução autónoma, de conectividade à cloud ou de verificação e validação automáticas com recurso a Inteligência Artificial/Machine Learning.
São inúmeras as iniciativas europeias que têm vindo a testar projetos de condução autónoma e automatizada, do 5G-Mobix ao 5G-Carmen, até ao mais atual, o Route 25, que se destina a desenvolver tecnologias de transporte sustentáveis alinhadas com a Estratégia Europeia CCAM – Cooperative, Connected and Automated Mobility.
Entre as inovações tecnológicas previstas na agenda Route25, está ainda o desenvolvimento de funções que permitam ao carro conduzir com recurso ao platooning – método de condução em grupo através de manobras cooperativas entre veículos, que otimiza a eficiência energética e diminui a pegada ambiental.
A aplicação destes desenvolvimentos em ambientes reais, no entanto, só será concretizada através das redes 5G, a única tecnologia com capacidade para escalar cenários de grande densidade de carros conectados. O 5G irá permitir aos veículos autónomos enviar e receber os dados gerados por sensores, disseminando através das suas redes essa informação por todo o ecossistema da mobilidade. Essa comunicação alargada é o ponto central para que as soluções desenvolvidas em ambiente de I&D possam funcionar no mundo real, conectando carros, infraestruturas rodoviárias, semáforos ou câmaras de videovigilância.
No Mobility Lab de Gaia, o espaço de testes de internet 5G desempenha um papel central no desenvolvimento de soluções que envolvam todo o software interno dos automóveis. O laboratório conta ainda com uma sala para pequenos drones que simulam uma assistência na estrada em caso de acidentes ou imprevistos na condução autónoma. A empresa criou ainda um veículo ligeiro com sensores capazes de fazer uma leitura a três dimensões do ambiente envolvente e desenvolveu um protótipo para ensaiar as soluções em laboratório antes de testá-las na estrada.
O laboratório de Vila Nova de Gaia arrancou com cerca de 350 colaboradores, mas a meta é chegar aos 700 postos de trabalho até 2025 para servir clientes como a Renault, BMW, Volkswagen, Stellantis ou Panasonic, em países como França, Alemanha, Suécia ou Estados Unidos. O projeto Route25, por seu turno, representa um investimento total de 50 milhões de euros e irá ainda implicar cerca de mil novos postos de trabalho em Portugal.
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Leia também o artigo “O 5G é o motor que está a acelerar a mobilidade conectada e automatizada”, publicado no Portal 5G