Relatório da associação da indústria móvel GSMA defende políticas mais robustas para ultrapassar as difíceis condições do mercado, impulsionar o investimento em infraestruturas e assegurar que a Europa acompanha o ritmo da Coreia do Sul e dos Estados Unidos.
A guerra na Ucrânia e a crise económica estão a deixar a Europa para trás na implementação da rede de quinta geração. Este é o alerta da associação da indústria móvel GSMA que, no seu mais recente relatório “The Mobile Economy Europe 2022”, coloca a taxa média de adoção do 5G nos 44% até 2025. A evolução, embora rápida, não será suficiente para acompanhar o ritmo de outros mercados mundiais. A Coreia do Sul, por exemplo, deverá, no mesmo prazo, alcançar os 73%, enquanto o Japão e os Estados Unidos poderão chegar aos 68%.
Apesar da previsão de cobertura do 5G na Europa poder saltar dos 47%, em 2021, para os 70% nos próximos três anos, quase um terço da população permanecerá sem acesso à rede, colocando o continente em desvantagem face à Coreia do Sul e Estados Unidos, onde o valor não chegará sequer aos 2%. As “condições de mercado difíceis” são as razões para a performance europeia não estar ao nível dos seus pares, correndo a UE o risco de não conseguir cumprir as metas da Década Digital.
A conjuntura económica adversa, no entanto, é mais um motivo para os países e as autoridades europeias esforçarem-se para criarem condições propícias ao investimento em infraestruturas, revendo, desde logo, a política de concorrência para concretizar o “princípio da contribuição justa para os custos da rede”. Tal poderá significar, por exemplo, atribuir equitativamente os custos de tráfego de rede aos maiores investidores, proporcionando um incentivo económico para que utilizem a capacidade de rede de forma eficiente.
Implementar condições justas de licenciamento de espectro, evitar a excessiva taxação e ainda durações limitadas de licenças são outras propostas que surgem no documento. Por fim, os analistas recomendam que se encoraje a partilha voluntária do espectro, evitando, todavia, alocar a reserva nacional de espectro para redes privadas.
Olhando para a realidade de toda a Europa no primeiro semestre, a GSMA destaca um total de 108 operadores presentes em 34 países com serviços comerciais 5G. A aceitação dos consumidores tem vindo a crescer de forma constante, atingindo agora 6% da base de clientes móveis.
Espera-se que as redes de quinta geração ultrapassem o 3G até ao fim do próximo ano, reduzindo também a distância face à geração móvel anterior. As redes 4G representavam 75% das conexões móveis em 2021, mas vão cair para 52% em 2025. O 5G, em contrapartida, irá, no mesmo intervalo de tempo, escalar de 4% para 44%.
Em 2023, a adoção do 5G chegará a 20%, enquanto o 3G cairá abaixo dos 10%. E em 2024, o 5G atingirá um terço das ligações, com mais de 580 milhões de smartphones conectados e 450 milhões de utilizadores de internet móvel.
Fazendo ainda o balanço dos clientes de todos os serviços móveis, a associação antecipa para a o continente europeu um aumento de assinantes únicos de 474 milhões em 2021 (86%) para 480 milhões em 2025. O estudo prevê também para o mesmo período um crescimento nas conexões móveis IoT (Internet das Coisas) de 172 milhões para 406 milhões.
O relatório debruça-se ainda sobre a forma como os operadores europeus estão a progredir nas redes autónomas (Stand-alone) 5G, oferta para já disponível na Finlândia, Alemanha e Itália, mas a expectativa é que novos investimentos surjam nos próximos anos. Estas redes são consideradas críticas para apoiar os casos de utilização avançada 5G, pois, ao contrário do 5G Non Stand-alone, usam exclusivamente infraestrutura de quinta geração, permitindo, além da latência baixa, velocidades 10 vezes superiores ao 4G.
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Consulte o relatório “The Mobile Economy Europe 2022” no website da Associação da Indústria móvel GSMA.