Uma rede 5G configurada em poucos minutos e implantada por drones a sobrevoar áreas montanhosas de difícil acesso, nos Vales de Angus, na Escócia, demonstraram como as tecnologias de última geração podem vir a representar uma viragem em missões de busca e salvamento.
Os Vales Angus, próximo da vila de Tarfside, na Escócia, foram recentemente o cenário escolhido para demonstrar como o uso de drones e redes móveis 5G podem criar, em poucos minutos, uma “bolha” de conectividade para realizar operações de busca e salvamento em locais remotos e inacessíveis. Para levar a cabo o piloto, foram usadas estações base 5G, do operador JET Conectivity, instaladas em caixas leves e de baixo consumo de energia, que foram transportadas por dois drones.
Combinando as duas tecnologias foi possível fornecer cobertura 5G tanto no solo como por via aérea e durante todo o tempo em que decorreu a simulação de resgate dos montanhistas, que se encontravam em zonas desconhecidas para as equipas de busca e salvamento. A solução possibilitou a conectividade necessária para que os drones pudessem rastrear uma vasta área de vales e montanhas, transmitindo as comunicações de voz entre as equipas de resgate, e ainda imagens de infravermelhos e de vídeo que foram usadas para localizar as vítimas e mobilizar os meios de salvamento.
“Este projeto é um excelente exemplo de como a conectividade 5G pode apoiar os serviços de emergência e ajudar a salvar vidas em áreas rurais e remotas.”
Kate Forbes, Secretária do Gabinete das Finanças e Economia do Governo da Escócia
A busca e o resgate em zonas de difícil acesso dependem tipicamente de equipas que caminham pelas montanhas ou então da assistência de helicópteros em operações que implicam áreas mais amplas. Mas essas opções, além de dispendiosas, são demoradas e com desfechos potencialmente trágicos numa emergência.
Locais montanhosos e remotos apresentam ainda outros obstáculos como sinais fracos de rádio e de telemóvel, impedindo as equipas de salvamento de usar as comunicações para transmitir informações de localização e imagens de vídeo enquanto correm contra o tempo para salvar vidas.
Após a simulação, concluída em cerca de 40 minutos, os especialistas envolvidos no piloto anunciaram o sucesso da operação, acreditando que a solução poderá vir a revolucionar as operações de emergência em qualquer parte do mundo. A “bolha” de conectividade 5G revelou-se particularmente eficaz em zonas onde os atrasos na comunicação são, por regra, frequentes, podendo, por isso, comprometer o salvamento de pessoas em situações de perigo.
A abordagem usada durante a demonstração nos Vales Angus é agora encarada como um modelo com enorme potencial para vir a ser aplicado em outros casos de uso como inspeção e manutenção à distância de infraestruturas e equipamentos localizados em zonas remotas ou inacessíveis. Uma segunda demonstração, aliás, está prevista para meados de junho de 2024, em que se irá testar a solução numa operação de salvamento em alto-mar e ainda durante uma inspeção numa offshore com recurso a uma rede 5G flutuante assegurada por drones a sobrevoar além da linha de visão visual (BVLOS, sigla em inglês para Beyond Visual Line-Of-Sight).
A demonstração realizada nos Vales Angus, na Escócia, faz parte do projeto Tay5G, promovido pelo programa Tay Cities Region Deal. Financiado pelo Governo escocês, implicou um investimento de dois milhões de libras (2,34 milhões de euros), envolvendo vários parceiros, nomeadamente o operador JET Connectivity, a empresa de drones DTLX, a Universidade Abertay e o Centro Scotland 5G.
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Crédito da imagem de abertura: Alan Richardson | Abertay University