Soluções para prevenir acidentes de ciclistas na estrada, comunicações seguras para reclusos e guardas de estabelecimentos prisionais, sistemas de navegação marítima à distância, vigilância aérea ou subaquática em offshores de energia eólica ou Inteligência Artificial a apoiar o combate a incêndios são alguns dos pilotos financiados pelo Governo belga, que visam aproveitar as capacidades das tecnologias e redes de última geração.
O Governo da Bélgica vai financiar oito programas inovadores concebidos para testar soluções 5G aplicadas à indústria 4.0, segurança rodoviária, saúde, serviços sociais e de emergência, navegação marítima e energia eólica. Os projetos-piloto contam com uma verba de cinco milhões de euros, visando demonstrar o potencial das tecnologias e das redes de última geração para melhorar a eficiência, a segurança, a sustentabilidade financeira e o bem-estar e qualidade de vida da população. As áreas são, por isso, variadas, indo da melhoria dos serviços de proteção civil, aos cuidados de saúde, passando pela navegação conduzida à distância ou conectividade para aplicações da indústria pesada.
O 5G-SAFE ALERT é uma das iniciativas financiadas, tendo sido desenvolvida com o intuito de aumentar a segurança dos ciclistas. A ferramenta digital, equipada com sensores LiDAR, recolhe dados sobre localização, velocidade, direção ou aceleração das bicicletas e do tráfego motorizado. A informação é depois usada para mapear as rotas de todos os veículos em circulação na estrada e estimar riscos para a segurança dos ciclistas. A comunicação, através da rede 5G é, neste processo, uma peça crítica para enviar em tempo real alertas aos automobilistas sempre que se verifica um perigo de acidente.
Maior segurança em parques eólicos é, por outro lado, a finalidade do 5G SEACURITY. Partindo do pressuposto de que a produção de energia sustentável no mar só é viável se a proteção das infraestruturas for reforçada, o projeto irá recorrer a tecnologia 5G para criar redes distribuídas de sensores assistidos por Inteligência Artificial instaladas em parques eólicos offshore no mar do Norte. Três casos de uso estão a ser testados para detetar a intrusão de navios e de drones, possibilitando a vigilância aérea, marítima e subaquática.
SECURE é mais um projeto que usa tecnologias de última geração para desenvolver casos de utilização destinados a estabelecimentos prisionais. Os serviços incluem comunicações push-to-x (partilha dados de voz, vídeo, multimédia e informação sobre localização) entre utilizadores de grupos pré-definidos. Deteção de drones, geolocalização e conectividade para guardas prisionais e reclusos são algumas das aplicações que estão a ser desenvolvidas.
ESTUAREA visa melhorar a segurança do transporte marítimo na cidade de Ghent, através de um sistema de navegação controlada à distância. O projeto compreende dois estágios de desenvolvimento experimentais. O primeiro passa por equipar um navio com câmaras, LiDAR e algoritmos de deteção de objetos, que permitem a navegação remota com 5G ao longo de cursos de água previamente selecionados na cidade de Ghent. A segunda fase consiste em fornecer fluxos de dados de sensores 5G e um serviço web para operar as embarcações em segurança a partir de uma sala de controlo e ainda desenvolver mais aplicações de sensores num Open Living Lab.
Aumentar a eficiência e segurança de serviços de emergência de bombeiros, salvar vidas e limitar danos materiais são, por seu turno, as linhas estratégicas do 5G_FIRE. A iniciativa implicará usar a Inteligência Artificial e drones para acelerar a recolha de dados e o aconselhamento especializado em locais sinistrados. Vários casos de uso estão a ser desenvolvidos: drones que detetam emissões de gases perigosos, sistemas de comunicação em grupo e em tempo real, viaturas equipadas com centros de comunicação móvel e streaming de vídeo em tempo real através de câmaras usadas pelos bombeiros no teatro de operações.
O desenvolvimento digital no sector da saúde é o objetivo do piloto 5G-HEALTH que irá testar, implementar e partilhar vários casos de utilização para hospitais, clínicas e outras unidades de saúde. As aplicações vão estar focadas nas áreas dos cuidados de saúde remotos, comunicações e dados clínicos e ainda formação e educação. Os programas vão contar com tecnologias avançadas, como a cirurgia robótica remota, biossensores, comunicações sem fio, óculos inteligentes e treino suportado em tecnologias de Inteligência Artificial.
Os dois últimos pilotos, por fim, destinam-se às indústrias inteligentes. O 5G SMART irá criar um testbed equipado com infraestruturas de investigação de última geração. O intuito é que startups e pequenas e médias empresas possam beneficiar de recursos avançados para acelerar a digitalização e automatização dos seus processos sem necessidade de avultados investimentos financeiros. O 5GCS destina-se à indústria pesada e estará suportado em redes privadas 5G para desenvolver conectividade em guindastes, sucata de veículos e transportes ferroviários. O objetivo será explorar o potencial destes casos de uso para desenvolver aplicações inovadoras para a indústria 4.0.
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Imagem de abertura: Dimitris Vetsikas via Pixabay