A integração dos satélites nas redes móveis e tecnologias terrestres é consensualmente encarada como a forma mais eficaz de colmatar as lacunas de conectividade em áreas remotas e possibilitar recursos avançados para respostas de emergência e serviços destinados aos vários sectores da economia. A sua progressão está dependente da colaboração entre parceiros especializados e essa é a estratégia por detrás da cooperação entre a Agência Espacial Europeia e a Associação Global de Operadores de Satélite.
A Associação Global de Operadores de Satélite (GSOA) e a Agência Espacial Europeia (ESA) vão trabalhar juntas na integração de redes e tecnologias terrestres e de satélite. A cooperação, formalizada através de um memorando de intenções assinado entre ambas as partes, visa expandir a cobertura, os serviços móveis e a inovação das infraestruturas 5G. Ao trabalharem em sinergia para aproximar os dois ecossistemas de comunicação, ambos esperam acelerar a integração do satélite nas redes móveis da última e da próxima geração.
O potencial das tecnologias 5G está ainda longe do seu pleno alcance. A “conectividade nascida no espaço” terá ainda de ser totalmente integrada com as redes móveis terrestres para poder chegar a “milhares de milhões de utilizadores”, advertiu Francisco-Javier Ruiz, Diretor de Comunicações Seguras da ESA, citado no comunicado conjunto das duas entidades. Esse é, portanto, o objetivo da parceria que tem como principal intuito articular esforços, conhecimento e investimento para desbloquear as capacidades das tecnologias 5G e 6G.
A integração do satélite nas redes móveis tem vindo a assumir-se como uma prioridade cada vez mais estratégica para os operadores de telecomunicações em todo o mundo. Embora a cobertura da rede tenha se expandido para atingir mais de 90% da população mundial, continua a existir uma lacuna significativa, com cerca de 550 milhões de pessoas a viver ainda fora ou no limite do alcance de uma rede 3G/4G. A deficiente cobertura é o que tem levado os operadores a procurar parcerias de satélite para ultrapassar esses desafios.
A procura de conectividade por satélite está, nos anos mais recentes, a crescer rapidamente em diferentes sectores, incluindo segmentos de consumo, empresas e governo. Com o surgimento de dispositivos inteligentes e a crescente dependência de aplicações baseadas em nuvem, há uma necessidade de conectividade omnipresente e capacitada para inteligência, que possa alcançar até mesmo as áreas mais remotas.
Os recentes avanços tecnológicos abriram caminho para a integração de redes de satélite na infraestrutura móvel, melhorando a qualidade e a confiabilidade da conectividade via satélite, mas também a tornaram mais acessível. Os satélites oferecem agora taxas de transferência de dados mais elevadas e latência mais reduzida, tornando-os adequados para uma ampla gama de aplicações com utilização intensiva de dados para serviços avançados que antes eram inacessíveis devido à cobertura limitada da rede.
“Ao promover a colaboração e abraçar a inovação, imaginamos um futuro onde cada indivíduo, independentemente da localização, desfrute dos benefícios de um mundo conectado.”
Isabelle Mauro, Diretora Geral da GSOA
O impacto da conectividade por satélite desempenha também um papel crucial para os dispositivos IoT (Internet das Coisas), sistemas de resposta a desastres e emergências, bem como aplicações de defesa. A conectividade por satélite integrada com as redes terrestres permite a monitorização em tempo real e a recolha de dados em áreas remotas, melhorando os esforços de gestão de desastres e fornecendo informações críticas para fins de defesa e segurança.
São essas as razões que levam os especialistas a encarar a integração das redes de satélite na infraestrutura móvel como uma das soluções mais eficazes para acelerar a conectividade global. A parceria estratégica entre a GSOA e a ESA visa precisamente aproximar as comunidades móveis e de satélite, para dar um “significativo impulso” na integração de satélites em redes 5G e 6G. Elencando os pontos fortes e o know-how de cada entidade, o memorando de intenções, estabelece um quadro de cooperação para promover a inovação, o intercâmbio de conhecimentos e o apoio mútuo.
A Agência Espacial Europeia, por um lado, fornece a porta de entrada para o espaço, tendo como missão assegurar que o investimento beneficiará a população da Europa. A Associação Global de Operadores de Satélite, por seu turno, está envolvida no ecossistema dinâmico de integração não-terrestre e terrestre, sendo aliás a única associação global sem fins lucrativos a servir como uma plataforma para colaboração mundial.
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Sobre a ESA
A ESA é uma organização intergovernamental, criada em 1975, com a missão de promover a capacidade espacial da Europa. Ao todo são 22 os Estados-Membros da ESA: Alemanha, Áustria, Bélgica, Dinamarca, Espanha, Estónia, Finlândia, França, Grécia, Hungria, Irlanda, Itália, Luxemburgo, Noruega, Países Baixos, Polónia, Portugal, Roménia, Suécia, Suíça, Reino Unido e República Checa. Saiba mais em https://www.esa.int/
Sobre a GSOA
A Associação Global de Operadores de Satélite é amplamente reconhecida como o órgão representativo dos operadores de satélite por entidades internacionais, regionais e nacionais, incluindo reguladores, decisores políticos, organizações de definição de normas como a 3GPP, bem como organizações internacionais como a União Internacional de Telecomunicações (UIT) ou o Fórum Económico Mundial. Saiba mais em https://gsoasatellite.com/