A edição Factos e Números de 2023, da União Internacional das Telecomunicações, introduz pela primeira vez os indicadores sobre a cobertura global das redes móveis de última geração. Os novos dados mostram que, a nível mundial, o 5G cresceu 38%, mas também evidenciam o fosso digital entre os países desenvolvidos, com a cobertura a atingir os 89% da população, e os países menos desenvolvidos, onde o serviço é praticamente inexistente.
A série Factos e Números, da União Internacional das Telecomunicações (UIT), acompanha a evolução da conectividade global, com estimativas sobre vários indicadores, como tráfego de Internet, subscritores de serviços comerciais, competências ou fosso digitais. A edição de 2023 inclui agora também, pela primeira vez, os indicadores sobre a cobertura global da rede 5G e dados de tráfego da Internet.
Os dados, revelados na publicação, indicam que a cobertura mundial do 5G cresceu para 38%, mas a distribuição é desigual entre as várias regiões do mundo. Nos países desenvolvidos, por exemplo, 89% dos habitantes já beneficiam da cobertura de redes móveis de última geração, mas nos países em desenvolvimento, o serviço é praticamente inexistente.
A Europa é a região mais avançada na cobertura 5G (68% da população), seguida pela região das Américas (59%) e pela região Ásia-Pacífico (42%). A cobertura das redes 5G atinge 12% da população na região dos Estados Árabes, 8% na Comunidade de Estados Independentes (CEI) e 6% em África.
O 4G, por seu turno, já está disponível para 90% da população mundial, constituindo uma importante alternativa nos casos em que ainda não existe cobertura 5G. Os autores da publicação, contudo, alertam para o facto de 55% dos habitantes de países em desenvolvimento não terem acesso ao 4G, contrastando com os 95% da população dos países com níveis de desenvolvimento médio e elevado coberta por redes de quarta geração.
A UIT destaca que, para muitos países em desenvolvimento, o 3G continua a ser a única tecnologia disponível para ligação à Internet. Essa limitação, adverte a agência das Nações Unidas, constitui um grande obstáculo ao acesso a todos os benefícios das tecnologias digitais.
Em boa parte dos países desenvolvidos, as redes móveis de gerações mais antigas estão a ser substituídas por infraestruturas mais recentes. É o caso do 5G que, ao conectar máquinas, objetos e dispositivos com latência ultrabaixa e potencial para melhorar a eficiência energética, permite desenvolver um ecossistema digital mais interligado. Essa é a mudança a acontecer entre a maioria dos operadores da Europa e da Ásia-Pacífico, que planeiam desligar as redes 3G até dezembro de 2025.
“Esta edição mostra que há razões para estarmos otimistas, mas os novos indicadores sobre o 5G evidenciam as disparidades contínuas entre países desenvolvidos e em desenvolvimento, aprofundando a exclusão digital”
Cosmas Luckyson Zavazava, Diretor do Departamento de Desenvolvimento de Telecomunicações, UIT
Em muitos países das regiões menos desenvolvidas, todavia, a evolução tem sido mais lenta, principalmente porque as redes 2G e 3G mantêm uma presença significativa, continuando a ser um importante meio de comunicação. Nestes países, os principais contratempos a impedir a implementação e adoção do 5G incluem os elevados custos de infraestrutura, a acessibilidade dos dispositivos e as barreiras regulamentares.
Nas regiões mais desfavorecidas, não há somente menos pessoas online, mas também uma utilização mais baixa de dados daqueles que usam a Internet. A média mensal de uso de dados foi globalmente de 257 GB por assinatura de banda larga fixa, em comparação com 11 GB por assinatura de banda larga móvel em 2022. Nos países em desenvolvimento, no entanto, a média cai para 161 GB de banda larga fixa e apenas 1 GB de banda larga móvel.
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Sobre a União Internacional das Telecomunicações (UIT)
A União Internacional das Telecomunicações (UIT) é a agência especializada da Organização das Nações Unidas (ONU) para as tecnologias de informação e comunicação (TIC). Destinada a padronizar e regular as ondas de rádio e telecomunicações internacionais, é composta por todos os países membros da ONU e por mais de 700 entidades do sector privado e da academia.