Os museus em várias partes do mundo preparam-se agora para o maior salto evolutivo de sempre. A alta-velocidade, a latência ultrabaixa e a largura de banda do 5G é tudo o que a Realidade Virtual e Aumentada precisa para que cada visitante possa recriar a sua própria versão do filme “À Noite, no Museu”.
Dentro dos museus, os relógios param. O tempo não avança porque o propósito é esse mesmo: testemunhar a História com o máximo rigor possível. Talvez por isso, os espaços museológicos não tenham mudado muito ao longo dos séculos. É certo que as tecnologias trouxeram, nos anos mais recentes, exposições multimédias e experiências interativas. Mas, desde que os museus existem, o visitante continua a ter de recorrer à sua própria imaginação para viajar até ao passado. Com a era 5G, esses dias estão contados.
As redes móveis de quinta geração oferecem latência ultrabaixa e velocidades muito maiores. Isso é tudo o que as tecnologias holográficas, como a Realidade Virtual (RV) e a Realidade Aumentada (RA), precisam para desbloquear o seu pleno potencial. Num museu 5G, podemos conversar com protagonistas e figuras históricas projetadas a três dimensões, podemos até tocar, rodar ou ampliar artefactos históricos fielmente reproduzidos. A Realidade Virtual também nos ajuda a mergulhar no passado, vestir os trajes da época, lutar em batalhas épicas, tirar selfies e recriar as nossas próprias versões do filme “À Noite, no Museu”.
Os auriculares de RV e sistemas de áudio não são propriamente uma novidade. Mas, a menos que estejam ligados a uma rede com grande largura de banda, acarretam muitas debilidades dentro dos espaços museológicos. Por essa razão, têm sido até agora limitados a ambientes confinados como, por exemplo, salas de ensino, alas específicas ou galerias dos museus. Graças ao 5G, no entanto, a Realidade Virtual e Aumentada pode expandir-se para qualquer lugar e ser utilizada de inúmeras formas. Dispositivos conectados ao 5G serão capazes de proporcionar experiências quase reais a grupos alargados de visitantes ou até visitas aos museus mais famosos construídos no metaverso.
Perante tantas novas possibilidades, os museus em várias partes do mundo começaram a testar as capacidades do 5G, preparando-se para o maior salto evolutivo que alguma vez já conheceram. A China, estando entre os países mais avançados na implementação do 5G, tem oferecido experiências pioneiras que já são encaradas como referências para o sector. No Museu Guan Kiln, da Dinastia Song, na região chinesa de Hangzhou, os visitantes têm oportunidade de conhecer todas as variedades de porcelana, e com a ajuda de óculos de Realidade Aumentada, ver também uma recriação de como os fornos eram usados para fabricar os utensílios.
Os artefactos podem, inclusive, ser observados na palma da mão, tal como acontece com a espada do Rei Goujian, um dos tesouros históricos mais preciosos da China com 2500 anos. Um modelo digital da lendária arma foi criado e armazenado na nuvem, permitindo aos visitantes manuseá-la sob vários ângulos, reduzir ou ampliar o seu tamanho.
Em Pequim, o Museu do Palácio, na Cidade Proibida, instalou uma rede privada 5G que conecta mais de três mil câmaras CCTV em torno do edifício. Usando software de reconhecimento facial, os funcionários podem comunicar com os visitantes e, com base no seu histórico de preferências, sugerir para onde podem ir, a fim de evitar as longas filas de espera.
Também no continente asiático, uma das principais atrações do Museu Nacional de Singapura é a instalação imersiva “Story of the Forest”, centrada em 69 imagens da Coleção de Desenhos de História Natural de William Farquhar. As ilustrações foram animadas em 3D, permitindo aos visitantes usar o seu smartphone ou tablet para interagir com as pinturas. Tal como um videojogo, o público pode caçar as plantas e os animais dentro das imagens e criar a sua própria coleção virtual enquanto passeiam pelo museu. A app mostra ainda toda a informação sobre os troféus recolhidos, desde habitats, alimentação ou quão raras são as espécies.
Na Europa há também bons exemplos a mostrar como o 5G pode proporcionar experiências divertidas e enriquecedoras aos seus visitantes. No verão de 2022, Os visitantes de dois museus de Turim – Galeria Cívica de Arte Moderna e Contemporânea e Museu Municipal de Arte Antiga – mostraram como a tecnologia 5G poderia ser utilizada para trazer robôs inteligentes e Realidade Virtual até ao interior dos museus.
A iniciativa, inserida no projeto 5G Tours, financiado pela Comissão Europeia, permitiu ao público interagir com o R1, um robô autónomo desenvolvido pelo Instituto Italiano de Tecnologia, em Génova. Além de descrever as exposições, o humanoide respondeu a perguntas concretas que lhe foram feitas sobre os autores das obras ou períodos da história a que pertencem.
Utilizando viseiras de Realidade Virtual ligadas à rede 5G, os visitantes do Museu de Arte Antiga puderam ainda participar num jogo em que foram desafiados a colocar as telas da Sala dos Guardas nas molduras corretas. Nessa ala, aliás, todos os objetos podiam ser manipulados e movidos virtualmente. Digitalmente disponíveis estavam também alguns espaços subterrâneos do edifício, que puderam ser percorridos com a ajuda de um robô conectado à rede 5G.
Estamos perante alguns exemplos de experiências imersivas que os museus começam agora a proporcionar. Embora boa parte deste caminho ainda esteja por fazer, o reino digital expandir-se-á à medida que mais coleções de obras de arte atravessarem a fronteira da terceira dimensão. Essa é, pelo menos, a expectativa que o 5G trouxe para preservar civilizações milenares que agora podem vir a ser iluminadas pelas novas tecnologias de Realidade Virtual e Aumentada.
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Leia também o artigo “Uma viagem imersiva por 10 ambientes virtuais que o 5G e o Metaverso vão revolucionar”, publicado no Portal 5G