O Relatório Digitalização Industrial, da Nokia, avaliou o progresso e os benefícios que as primeiras 100 organizações empresariais alcançaram com as redes móveis privadas. Os resultados do inquérito mostram cortes superiores a 10% nas emissões, melhoria na segurança dos trabalhadores a realizar tarefas perigosas, redução dos custos operacionais ou uso de mais aplicações e tecnologias inovadoras do que o inicialmente previsto. Em boa parte dos casos, houve um retorno financeiro ao fim de um ano, mas em 78% das empresas, esse mesmo desempenho foi alcançado em apenas seis meses.
A experiência dos pioneiros é como uma bússola a tatear o futuro para quem vem logo atrás. É justamente essa a razão por que os autores do Relatório Digitalização Industrial de 2024, da Nokia, coligiram as repostas, os resultados e o percurso das 100 primeiras organizações internacionais a implementar as redes privadas 4G/5G. Os dados mostram, desde logo, que em todas as empresas, a implementação da tecnologia sem fio evoluiu de provas de conceitos ou pilotos, em 2022, para projetos de expansão, no ano seguinte, com o intuito de impulsionar a transformação industrial a escalas mais elevadas.
A informação foi recolhida pela consultora GlobalData em sectores da indústria, dos transportes e da energia em seis países – Austrália, França, Japão, Reino Unido, Alemanha e Estados Unidos -, permitindo avaliar o progresso e o retorno sobre o investimento (ROI) entre os primeiros utilizadores de redes móveis privadas. Vamos então aos resultados apresentados no relatório: 93% dos entrevistados alcançaram o ROI em pelo menos 12 meses, mas a percentagem que atingiu resultados positivos em seis meses é de 78%, enquanto 23% recuperou o investimento em apenas um mês.
O desempenho, justificam, está diretamente relacionado com as tecnologias sem fio que ajudaram a corrigir falhas, aumentar a produção e a reduzir os custos operacionais e de negócios. O questionário revelou também que a segurança dos trabalhadores está entre os maiores benefícios retirados das redes móveis privadas. Do total das 100 empresas, 65 obtiveram uma melhoria superior a 10% em casos de uso como robótica, Realidade Aumentada ou geofencing (perímetro geográfico virtual com uso de radiofrequências, GPS ou WI-FI) aplicados na proteção de funcionários a desempenhar trabalhos perigosos.
“A tecnologia sem fio traz benefícios claros para conectividade e um grande retorno do investimento. Mais está ainda por vir com a IA e as ferramentas analíticas, que irão ajudar as empresas a impulsionar a transformação industrial e a ultrapassar os desafios futuros.”
Gary Barton, Diretor de Investigação e Tecnologia Empresarial, GlobalData
A sustentabilidade ambiental também ficou a ganhar com 79% das organizações a reportar uma redução de 10%, ou mais, nas suas emissões, após a implementação de redes móveis privadas. A conectividade de última geração aumentou a capacidade das empresas para instalar sensores IoT industriais que rastrearam e monitorizaram a sua pegada de carbono. Drones conectados ao 5G permitiram ainda reduzir as operações de vistoria e de inspeções que antes eram realizadas com viaturas movidas a combustível fóssil.
A tecnologia de edge computing, apoiada nas redes privadas, está também a permitir aplicações mais avançadas para impulsionar a transformação digital e tecnológica. São agora 39 as empresas que recorrem à Inteligência Artificial (IA) e a análises preditivas, enquanto outras 52 organizações esperam fazer o mesmo no decorrer de 2024. A introdução de vídeo analítico, juntamente com recursos de edge computing permitiu que 75% das empresas aumentassem em 10% a eficiência dos seus processos.
A Lufthansa Technik é um dos casos de sucesso que surge no relatório, com uma rede privada instalada, em finais de 2021, na fábrica de peças de aeronaves de Hamburgo, na Alemanha. O investimento permitiu introduzir a manutenção remota nas suas operações através de múltiplas câmaras a transmitir imagens de vídeo em tempo real.
“A implementação de redes privadas sem fios melhorou a nossa conectividade desde o primeiro momento”, contou Claudius Noak, consultor de TI da empresa, citado no comunicado da Nokia. Desde então, a unidade fabril expandiu a sua rede para conectar 50 novas aplicações suportadas em análises de IA, que dispensaram a necessidade de deslocações físicas de máquinas e humanos. O que se espera é que este número venha a aumentar em breve para mil dispositivos conectados.
Diante dos resultados, David de Lancellotti, vice-presidente do Enterprise Campus Edge Business da Nokia, não hesitou em concluir que o ROI das primeiras empresas a implementar redes móveis privadas está “decididamente comprovado”. O Relatório Digitalização Industrial 2024, aliás, vem apenas reforçar que as redes privadas e as tecnologias emergentes, combinadas numa única plataforma, fornecem às organizações empresariais “o melhor ponto de partida para expandir casos de uso alimentados pela inteligência Artificial”, rematou o responsável.
________________________
Leia também o artigo: “Guia das empresas. Passo-a-passo para aproveitar os benefícios das redes privadas 5G”