Implementar as redes 5G é decisivo para as indústrias competirem nos mercados nacionais e internacionais. Mas a complexidade do processo pode desmotivar os gestores. Esse é o motivo por que o operador alemão T-Mobile publicou o guia que o Portal 5G aqui resume. Ao simplificar o processo em três etapas, colocando perguntas exploratórias, etapas para percorrer ou cautelas a ter em conta, os autores deste roteiro mostram que as tecnologias avançadas estão ao alcance de qualquer empresa que ambiciona inovar e liderar a concorrência.
As organizações empresariais estão conscientes de que a implementação das redes 5G é um processo determinante para ganhar competitividade. O grande desafio para boa parte, contudo, é saber por onde começar e que passos adotar para aproveitar todos os benefícios de uma tecnologia amplamente considerada como disruptiva em praticamente todos os sectores da Economia.
O sentimento inicial pode ser de alguma desorientação e por isso mesmo o operador de telecomunicações alemão T-Mobile publicou um guia prático com o passo-a-passo para ajudar as empresas nessa caminhada. O Portal 5G, reconhecendo a utilidade da informação, sobretudo para as pequenas e médias empresas ainda no início da sua transição digital, resumiu os pontos essenciais do roteiro.
O guião está organizado em três grandes fases, definindo as prioridades e o roadmap para cada um dos ciclos, que vão do embrionário até ao mais avançado em que as empresas poderão acelerar a inovação e aumentar a vantagem estratégica com o 5G.
As implementações 5G podem diferir de acordo com a área de negócio, desde a automação do chão de fábrica até à monitorização de stock no retalho, passando por serviços de saúde. Os requisitos para recorrer ao 5G, todavia, são comuns a todos os sectores: a necessidade de maior velocidade; latência baixa para obter melhores tempos de resposta; maior largura de banda para suportar operações de missão crítica; e maior confiabilidade para a continuidade geral dos negócios.
Dada a natureza progressiva do 5G, faz sentido começar com pequenos passos, que passam por provas de conceito – fase inicial -, expandindo depois para projetos de maiores dimensões – fase intermédia – e procurando, por fim, executar iniciativas estratégicas amplas e ousadas para o longo prazo (fase avançada).
Comecemos então este percurso, entrando no primeiro estádio, descrito no guião como “gatinhar”. No fundo, não é mais do que começar por estabelecer objetivos e identificar casos de uso. Um plano de execução para implementar as redes 5G bem concebido terá de equilibrar as necessidades atuais da empresa com uma visão de longo prazo, em que sejam consideradas futuras oportunidades de negócio.
Estas são as etapas identificadas no roteiro para iniciar o processo:
Essas práticas poderão ajudar as organizações a iniciar, com maior rapidez e sucesso, a primeira fase do 5G. Procurando demonstrar como o processo funcionaria na prática, o guião recorre a uma situação hipotética:
Determinar por onde começar envolve geralmente reuniões e longas conversas entre os gestores de negócios, as equipas de TI e rede da organização e os parceiros de tecnologia que fornecem produtos e serviços para ajudar a identificar oportunidades e desafios.
Nesse processo, será essencial que os gestores de negócio e de projeto colaborem com as equipas de TI no sentido de planear as primeiras iniciativas.
Usando o caso do retalho, o guião da T-Mobile fornece alguns exemplos de perguntas exploratórias que poderiam ser lançadas para apontar o caminho:
Essa avaliação poderia ajudar uma empresa do sector do retalho a determinar, por exemplo, que o melhor ponto de partida para um piloto 5G seria o mapeamento térmico do movimento de clientes numa das suas lojas. Ou seja, um programa para gerar perceções sobre o layout da loja, exibições de produtos e ainda locais onde os vendedores são mais necessários para prestar apoio aos clientes. Uma vez bem-sucedido, o teste pode ser expandido.
Cada área de negócio deverá, como tal, identificar os seus objetivos e lançar as suas próprias perguntas para orientar os trabalhos iniciais e definir prioridades.
Os projetos-piloto 5G podem durar entre três e seis meses, dependendo das suas características e para que área de negócio foram projetadas. Mas, mesmo durante esse período, as empresas devem começar a planear as etapas seguintes. Uma abordagem preparatória, que se considera essencial no guia, é a avaliação da prontidão física no interior dos edifícios, fábricas e campus para instalar uma rede privada. Será preciso aferir quais os componentes necessários e que podem ir de cabos de fibra ótica a fontes de alimentação adequadas.
Nem sempre será obrigatório aperfeiçoar os casos de uso antes de avançar com os projetos-pilotos e lançamentos iniciais do 5G. Por vezes, salienta-se no guia, a melhor opção é começar com pequenos passos e ir aperfeiçoando os planos com o tempo, permitindo que empresas e clientes possam experimentar mais cedo os benefícios das tecnologias 5G.
Deixando para trás a fase exploratória, as empresas têm pela frente a missão de ampliar a escala dos casos de uso. Esse é o estádio intermédio da implementação do 5G, que tem como intuito estender os seus benefícios a mais utilizadores e a outras áreas de negócio.
Da pequena escala será preciso partir para uma implementação que considere os objetivos de longo prazo. A estratégia implica considerar processos de negócios ou mapear casos de uso que representam mais-valias para as opções da empresa no presente, mas principalmente no futuro.
É neste momento que se irá avaliar qual ou quais os tipos de rede que melhor se adequam aos objetivos traçados. Mas a escolha entre redes públicas e privadas não tem de ser uma decisão binária.
As soluções de rede avançada dos operadores permitem implementar arquiteturas 5G públicas, privadas ou híbridas, juntamente com a (*) edge computing de acesso múltiplo (MEC), para atender às necessidades exclusivas de um cliente.
(*) O objetivo da edge computing de acesso múltiplo (MEC) é reduzir a latência, aumentar a eficiência na operação da rede e na disponibilização de serviços, melhorando a experiência do cliente.
Algumas empresas podem ainda optar por implementar redes 5G privadas em edifícios de escritórios ou em outras infraestruturas. A instalação de redes 5G privadas surge geralmente como parte de iniciativas mais amplas que incluem a edge computing e plataformas IoT emparelhadas com Inteligência Artificial, robótica e Realidade Aumentada e Virtual.
À medida que as organizações dimensionam os serviços 5G, durante a fase intermédia, os gestores de negócios e outras partes interessadas podem ainda avaliar muitos outros casos de uso, além da manutenção preditiva, como a automação dos processos, as operações remotas de inspeção ou a formação e treino com recurso à Realidade Virtual e Realidade Aumentada. É aliás esse um dos propósitos dos projetos-pilotos, que permite tomar consciência do valor comercial do 5G e levar outras áreas da organização a se envolverem no processo.
O planeamento cuidadoso e uma boa sintonia entre todos os envolvidos será a melhor estratégia para evitar percalços nesta jornada. Ainda assim, adverte-se no guia, os gestores e as equipas TI devem estar preparados para lidar com imprevistos. Falta de treino ou complicações decorrentes da integração do 5G com infraestrutura desatualizada podem constituir desafios durante a implementação da rede. Esses obstáculos, porém, sendo frequentes na maioria dos processos de transformação digital, não deverão ser difíceis de ultrapassar para um gestor de projeto experiente, que poderá contar também com soluções de rede avançada 5G fornecidas pelos parceiros de negócio.
Reconhecendo que a maioria das organizações empresariais se encontra ainda em fases embrionárias ou intermédias da implementação das redes móveis de quinta geração, os autores do guia relembram que somente na fase avançada, a adoção do 5G causará maior impacto.
Operar com o 5G significa, em parte, obter grandes velocidades e ampliar o alcance da implementação das redes. Mas também é um meio privilegiado para projetar e desencadear inovações tecnológicas, com casos de uso aplicados a operações autónomas, a edifícios e fábricas inteligentes, a ecossistemas de sensores para fornecer monitorização e análise de dados em tempo real de operações complexas ou em experiências imersivas com recursos iterativos como Realidade Virtual e Aumentada.
As possibilidades multiplicam-se quando o 5G é usado em conjunto com tecnologias emergentes, como Inteligência Artificial, Realidade Virtual e Aumentada e edge computing. Daí que seja obrigatório lançar algumas perguntas elementares que devem ser analisadas com cuidado e antecedência:
À medida que as empresas recorrerem ao 5G para se diferenciarem nos produtos e serviços, poderão alcançar elevados níveis de competitividade nos mercados nacionais e internacionais. O inquérito da Deloitte, por exemplo, concluiu que 82% dos gestores de TI inquiridos estão convictos de que podem ganhar uma significativa vantagem estratégica ao adotarem tecnologias avançadas, incluindo o 5G.
O estudo da consultora britânica constatou também uma desvantagem entre aqueles que se atrasaram na modernização tecnológica das suas empresas, com 57% dos entrevistados a admitir que a infraestrutura da rede atual da sua empresa os impedia de avançar para casos de uso inovadores que ambicionavam implementar.
São razões suficientes para os autores deste roteiro defenderem que a adotar o 5G é um passo obrigatório para as empresas. Explorar as suas potencialidades com provas de conceito e projetos-pilotos é o começo. Mas, tendo em conta que o mundo dos negócios se move mais veloz do que nunca, as indústrias deverão estar também dispostas a correr se quiserem liderar a concorrência.