As indústrias sul coreanas estão muito à frente na automatização, com 1012 robôs por cada 10 mil trabalhadores humanos. A Europa tem ainda um caminho considerável a percorrer, mas a adoção generalizada das redes privadas 5G representa uma oportunidade para recuperar o atraso. O avanço das comunicações móveis de última geração promete aumentar a escala, a velocidade e os recursos dos robôs a operar nas fábricas inteligentes, ajudando o mercado global a triplicar o seu tamanho até 2030, segundo as previsões mais recentes.
Estando a Coreia do Sul entre os países mais avançados nas tecnologias e na digitalização, não é surpreendente que tenha também as indústrias mais robotizadas do mundo. É justamente isso que revelam dos dados da Federação Internacional de Robótica. Com 1012 unidades instaladas por cada 10 mil funcionários, os sul coreanos lideram o atual ranking, seguido da Singapura, com 730 robôs.
A China, apesar de ter feito, nos anos mais recentes, enormes investimentos neste domínio, surge apenas na quinta posição. A Coreia do Sul tem 2,5 vezes mais máquinas robotizadas do que a indústria chinesa. O seu avanço, aliás, é largamente superior face a qualquer outra região do mundo, com sete vezes mais robôs do que a média global.
Os Estados Unidos e a maioria dos países europeus estão ainda muito aquém da eficiência sul coreana, que tem agora mais 300 robôs por cada 10 mil trabalhadores do que há cinco anos. O seu desempenho é mais notável quando comparado com países que também fizeram esforços consideráveis na automação das suas fábricas. A Alemanha, por exemplo, ocupa o terceiro lugar (415 unidades), mas com 2,4 vezes menos robôs a operar nas suas indústrias do que a Coreia do Sul. Os Estados Unidos, embora com mais 85 máquinas robotizadas do que em 2017, estão ainda longe dos líderes mundiais, com 285 robôs por cada 10 mil trabalhadores humanos.
Na Europa, a densidade de robôs registou um grande salto à conta da Suíça que duplicou o número de 126, em 2017, para 296 em 2023. A maioria dos países europeus, no entanto, apresenta taxas de robotização mais modestas. Itália, com 219 robôs, Bélgica com 216 e França, com 180 robôs, são os que revelam os melhores desempenhos no continente europeu.
Tirando os casos da Coreia do Sul e da Singapura, praticamente todos os países precisam fazer progressos significativos na corrida à automação industrial. A tendência para este mercado será, portanto, para continuar a crescer, mas a um ritmo que se prevê mais acelerado. De acordo com o Statista Market Insights, o sector deverá triplicar o seu tamanho até 2030 e alcançar um valor superior a 36 mil milhões de euros.
Espera-se, por isso, que a robótica atravesse uma fase de enorme crescimento nos anos que se seguem. O atraso da Europa, aliás, poderá ser em muito reduzido com a adoção generalizada do 5G. Essa é pelo menos a expectativa que se deposita na nova geração de comunicações móveis.
O 5G, ao potenciar vastos recursos, como computação, armazenamento de dados na cloud, Inteligência Artificial ou Internet das Coisas, abre caminho a um novo ciclo na automação das fábricas inteligentes. Munidos dessas novas tecnologias, os robôs podem multiplicar-se a um ritmo sem precedentes, podendo ser controlados com precisão e em tempo quase real, conectando-se a outras máquinas e humanos no próprio local ou operados à distância.
A robótica já está atualmente presente em muitas indústrias, mas a inovação impulsionada pelo 5G irá ampliar as suas capacidades. O avanço das redes móveis de quinta geração promete trazer um maior alcance, aumentando a escala e a velocidade dos robôs industriais. Essa é pelo menos a previsão dos especialistas do sector que veem nas redes privadas 5G uma oportunidade para todas as indústrias – incluindo as pequenas e médias empresas – terem acesso a tecnologias avançadas que permitam automatizar e gerar maior eficiência nos seus processos industriais.
O que as estatísticas da Federação Internacional de Robótica mostram é que a robotização avança a diferentes velocidades no mundo. Mas o 5G é consensualmente encarado como uma alavanca para as regiões como a Europa ou os Estados Unidos conseguirem alcançar desempenhos cada vez mais promissores nas suas indústrias.
_______________________________
Leia o artigo “Novadelta usa rede 5G para controlar robôs inteligentes no chão de fábrica”