Pela primeira vez na história do ténis mundial, três adeptos com limitações na visão assistem aos jogos do torneio nas bancadas e no meio da multidão. Usando viseiras e auriculares conectados à rede 5G, estes convidados especiais acompanham em tempo real toda a ação a decorrer nos courts, podendo, inclusive, ajustar o zoom, o brilho e o contraste das imagens consoante as suas necessidades.
Milhares de fãs rumam todos os anos ao Torneio de Wimbledon, em Londres, um dos quatro Grand Slam da temporada, que reúne os principais tenistas do mundo. Mas, pela primeira vez na sua história, a edição de 2023, a decorrer até domingo, 16 de julho, tem também nas bancadas três adeptos com deficiência visual – Rosie Pybus, de 31 anos, Ivan Rodriguez, com 17, e Sinead Grealy, de 51 anos.
Numa iniciativa inédita para esta modalidade, os promotores do Wimbledon estão a testar auriculares e viseiras conectados à rede 5G, que permitem a estes espetadores ver, juntamente com amigos e família, as partidas que acontecem nos courts de relva no All England Lawn Tennis Club. Os dispositivos da empresa britânica GiveVision são alimentados pela rede da Vodafone, transmitindo imagens ao vivo de câmaras de televisão locais.
No centro desta inovação está uma tecnologia capaz de adequar as imagens ao perfil específico de visão de cada utilizador. Aproximando as imagens do olho e estimulando as células fotorreceptoras na retina, um certo grau de visão é imediatamente recuperado. Ao usar o 5G, os adeptos ficam totalmente imersos na ação, podendo assistir ao jogo ao vivo e a partir de qualquer lugar nas bancadas.
“Conseguir acompanhar o movimento da bola, poder reparar em detalhes subtis, como a velocidade das jogadas ou a profundidade do court, é uma sensação inacreditável”.
Ivan Rodriguez, espetador do Torneio de Wimbledon
Além de poder visualizar os feeds ao vivo, os adeptos podem manipular a câmara, instalada na viseira, de forma a conseguir focar qualquer parte do court de ténis, dos movimentos da bola ou do jogador. A rede ultrarrápida 5G, usada para alimentar os dispositivos, elimina o atraso entre o feed de transmissão e os auriculares. Como a perda de visão varia para cada pessoa, os dispositivos podem ainda ser ajustados consoante as suas necessidades específicas, com recursos que incluem usar o zoom ou alterar o brilho e o contraste das imagens.
Até agora, os espetadores com incapacidades visuais apenas podiam assistir aos eventos desportivos e espetáculos ao vivo em recintos especiais e separados do restante público. Para tal, tinham de ficar a cerca de 10-20 metros de uma caixa transmissora, que apenas suporta um número limitado de dispositivos. O 5G, por oposição, alcança uma cobertura total de um estádio ou de qualquer outro complexo recreativo, abrindo a possibilidade de também estes adeptos assistirem a jogos ou concertos entre a multidão.
________________________
📷 Crédito da imagem de abertura: Adam Warner/AELTC