O estudo “The State of 5G” demonstra que o 5G já não está apenas disponível nos países desenvolvidos, mas chegou também aos mercados emergentes como Angola, Zâmbia, Chile ou Guatemala. Com o novo ciclo, as comunicações de quinta geração iniciaram a sua curva ascendente, proporcionando serviços comerciais em 2497 cidades de 92 países. O que se espera agora é que os seus recursos se expandam e se assista a um maior investimento na qualidade da rede e no desenvolvimento de mais tecnologias.
Se até meados de 2022, o avanço das redes 5G esteve concentrado nas economias mais desenvolvidas, a partir de agora poder-se-á considerar que a sua implementação ganhou uma escala global. Esta é pelo menos a grande conclusão que se retira da 7ª edição do relatório “The State of 5G”, divulgado pela Viavi Solutions, multinacional de tecnologia de teste e medição de redes móveis.
Os novos dados, revelados neste estudo, mostram que as redes sem fios de quinta geração estão ativas em 47 das 70 economias mundiais, incluindo mercados emergentes como Angola, Etiópia, Zâmbia, Chile ou Guatemala. Ao todo, o documento aponta 2497 cidades, em 92 países, com redes comerciais 5G disponíveis.
Outros 23 países encontram-se em fases de testes pré-comerciais, enquanto os restantes 32 anunciaram, em 2022, a intenção de arrancar com a implementação do 5G. De fora ficam 48 Estados, boa parte, regiões insulares de pequena dimensão, que ainda não divulgaram publicamente as suas estratégias face ao 5G.
Até dezembro de 2022, os governos de 18 países revelaram ter iniciado a implementação das redes de quinta geração, entre os quais a Índia e o México, duas das maiores economias em desenvolvimento.
Outras estreias foram igualmente destacadas no relatório. Pela primeira vez, os Estados Unidos ultrapassaram a China no número de cidades com 5G. São agora 503 municípios, um aumento de 69%, em relação a maio de 2022. O número de cidades chinesas com serviços 5G, em contrapartida, mantém-se estático desde junho de 2021, não ultrapassando os 356 municípios.
Mas, quando se avalia a “profundidade da cobertura 5G”, constata-se que a China continua a liderar. Isso significa que, embora nos Estados Unidos existam mais cidades com cobertura 5G, a China tem velocidades de dados mais rápidas, mais assinantes e estações base implantadas. A Finlândia, neste ranking em particular, ficou em terceiro lugar, seguida pelas Filipinas, Canadá e Coreia do Sul.
As redes 5G privadas constituíram igualmente um capítulo relevante do relatório, com os seus autores a considerarem que a indústria liderou “claramente” a sua implementação. A nível mundial, o sector concentrou 44% das instalações anunciadas publicamente. Seguiram-se a logística, a educação, os transportes, o desporto, os serviços públicos e a mineração.
O que também registou um grande crescimento foram as redes autónomas, apelidadas de 5G Stand-alone. Operando independentemente da infraestrutura 4G, elas ganharam tração em todo o mundo, em finais de 2022. Ao todo, 45 operadores de telecomunicações, em 23 países, tinham redes 5G Stand-alone ativas, um “salto significativo”, que contrasta com os dados de janeiro de 2022, quando havia apenas 24 redes em todo o mundo.
Fornecendo velocidades mais rápidas e maiores capacidades, as redes 5G Stand-alone permitem uma gama mais ampla de casos de uso e modelos de monetização do que as redes não autónomas (Non Stand-alone). Segundo os autores, com uma quase duplicação de redes 5G autónomas, mais empresas e operadores irão tomar contacto com os benefícios comerciais há muito prometidos do 5G.
O espectro para 5G na banda de ondas milimétricas (mmWave) tem atraído, do mesmo modo, o interesse de diversos países. A faixa entre 24 e 60 GHz oferece benefícios significativos, com maiores velocidades, menor latência e maior capacidade. No entanto, relembram os autores, também apresenta desvantagens, como alcances mais baixos, custos de equipamentos mais altos e a necessidade de implementações densas.
Os países que disponibilizaram o espectro mmWave abrangem todos os continentes e representam uma amostra “extremamente diversificada” de dimensões populacionais, níveis económicos e tecnológicos. Vários dos maiores mercados do mundo, incluindo a China, a Índia e os Estados Unidos, disponibilizaram o mmWave, bem como países mais pequenos, como Seychelles e Guam, território insular na Micronésia, na região oeste do Pacífico.
O mesmo padrão de diversidade, aliás, é também válido em mercados desenvolvidos, como Alemanha e Japão ou até economias emergentes, como Indonésia e Vietname. A diversidade de países que licencia o mmWave demonstra, segundo o relatório, existir um “claro apelo” dos reguladores combinado com um “interesse natural” dos operadores.
Com a evolução das redes 5G a atingir finalmente em finais de 2022 uma curva ascendente, é de se esperar que em 2023 os seus recursos se expandam “consideravelmente”, lê-se no documento. E, no ano seguinte, o foco principal estará sobretudo na qualidade da rede e no desenvolvimento de mais tecnologias, rematam os autores.