5G, Robótica, Inteligência Artificial, Realidade Aumentada e Virtual são algumas das alavancas tecnológicas usadas pelo consórcio de 15 empresas para impulsionar a competitividade da indústria nacional. De entre as iniciativas de inovação, reveladas no primeiro balanço do grupo, destacam-se os equipamentos exclusivamente desenhados para redes de quinta geração, máquinas com inteligência para prevenir falhas e avarias técnicas, passando por exoesqueletos que auxiliam em tarefas exigentes.
O 5G e as tecnologias emergentes estão a transformar a Indústria e conhecemos já alguns casos que começam a chegar a Portugal e ao resto da Europa. O difícil agora é prever com alguma precisão o alcance desta revolução no sector e os impactos na organização do trabalho, no ambiente, na eficiência das empresas ou no bem-estar dos colaboradores. Esses são justamente os objetivos do Augmented Humanity (Augmanity).
O nome que, traduzido para português, significa humanidade aumentada, antecipa o propósito da iniciativa. Tirando partido de um ecossistema de empresas de vários ramos de atividade, é possível testar soluções inovadoras antes mesmo destas chegarem ao mercado. O plano é ambicioso e já envolveu mais de 500 participantes, entre investigadores e técnicos especializados que pretendem criar, até 2023, as condições para o tecido empresarial português mergulhar definitivamente na Indústria 4.0.
O consórcio, liderado pela Bosh e com a parceria científica estratégica da Universidade de Aveiro fez, no passado dia 12 de julho, o primeiro balanço da iniciativa, revelando que, do orçamento de 8,5 milhões de euros, seis milhões já foram executados, com o intuito de desenvolver soluções para a indústria nacional em áreas como 5G, Internet das Coisas Industrial (IIoT), Ergonomia Industrial, Robótica, Data Science, Inteligência Artificial, Visão Artificial, Realidade Aumentada e Recursos Humanos em ambiente i4.0
Criar tecnologias que tornem os locais de trabalho mais atraentes, desenvolver soluções para operar no paradigma da digitalização, utilizar ferramentas inteligentes para promover a motivação dos colaboradores ou aproveitar a integração dos sistemas ciberfísicos e a ultra-conectividade na cadeia de valor industrial, são as grandes metas deste programa que conta com fábricas e centros de investigação dos municípios de Aveiro e Ovar.
O consórcio, que envolve 15 empresas, como IKEA, Huawei, Fraunhofer, OLI, ou Altice Labs já está a implementar o 5G, a melhorar a Robótica ou a desenvolver a analítica em múltiplas dimensões, através, nomeadamente, da criação de modelos de trabalho colaborativo entre humanos e robôs, da otimização de tarefas repetitivas, com vista a prevenir riscos na saúde dos funcionários ou da criação de plataformas para integrar a Internet das Coisas em ambiente fabril.
A Bosh foi “uma das primeiras fábricas em Portugal” a ter todos os equipamentos suportados em redes privadas de última geração”, e a desenvolver “equipamento inovador” para correr em redes 5G, destaca o comunicado da empresa e da Universidade de Aveiro.
Ainda na área do 5G, os resultados das experiências realizadas permitiram a vários parceiros avançar com oferta de “produtos preparados para a indústria”, explica a Bosch. Toda a rede 5G do chão de fábrica foi especificada em parceria com o Instituto de Telecomunicações da Universidade de Aveiro e com a Altice Labs, esta última acumula a missão de desenvolver equipamento especializado na adaptação dos protocolos de comunicação das máquinas industriais que possibilitam a sua integração na rede 5G do chão de fábrica, independentemente da geração.
Na esfera da Robótica, o consórcio antevê ainda resultados “muito promissores” com a perspetiva de desenvolver uma “célula colaborativa” preparada pela Universidade de Aveiro para testes industriais a arrancar “nos próximos meses”.
O pilar da investigação analítica tem sido o Machine Learning. O objetivo será dotar as máquinas de inteligência que, através de tecnologias de Internet das Coisas Industrial e do 5G, possam propor intervenções técnicas que evitem, por exemplo, paragens por avaria.
A implementação das tecnologias segue em paralelo com a formação dos recursos humanos, através de uma plataforma de gestão de pessoas no chão de fábrica, desenvolvida pela Bosch Termotecnologia. Competências, segurança ou adequação do colaborador às suas funções são algumas das vertentes incluídas no plano de formação que conta ainda com a parceria da Universidade de Aveiro, do Instituto Fraunhofer Portugal, da IKEA Industry e ainda da OLI.
O programa inclui também o Worker Companion, um sistema operativo destinado aos trabalhadores que se encontrem no chão de fábrica ou sentados frente ao computador. O software será pessoal e intransmissível, de modo a acautelar as questões de privacidade. Recorrendo a um motor analítico, vários sensores serão ligados ao espaço físico ou aos colaboradores, enviando indicações sobre pausas a fazer ao longo do dia e posturas corretas a adotar para evitar futuros problemas de saúde.
Com uma duração de três anos, o Augmanity iniciou-se em 2020 e é cofinanciado pelo Programa Operacional Competitividade e Internacionalização e pelo Programa Operacional Regional de Lisboa do Portugal 2020, através do Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional.
Assista ao vídeo com a apresentação do programa Augmanity: