A Rede Nacional de Test Beds conta agora com 30 polos de inovação, que recorrendo a tecnologias como o 5G, a Internet das Coisas ou a Inteligência Artificial, vão apoiar PME e startups a acelerar modelos de negócio suportados em produtos, sistemas e processos inovadores. As test beds, laboratórios físicos ou virtuais, demonstram um dos impactos mais visíveis das comunicações móveis de quinta geração, permitindo testar e validar soluções a serem aplicadas em sectores como saúde, mobilidade, smart cities, indústrias, ambiente ou utilities.
Há boas notícias para as startups e pequenas e médias empresas (PME) portuguesas que procuram inovar no mercado nacional ou internacional: 30 novas test beds, apoiadas pelo Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), já abriram ou vão em breve abrir as suas portas às empresas que querem testar novos produtos, sistemas, processos ou serviços em áreas tão diversas como mobilidade, energia, indústrias, saúde, serviços públicos, telecomunicações, entre muitas outras.
A Rede Nacional de Test Beds (RNTB), apresentada na última semana de março de 2023 na Universidade de Aveiro, cobre regiões que se estendem do norte a sul do país e é constituída pelos mais recentes polos de inovação destinados a apoiar a transição digital em Portugal. Recorrendo à Robótica, Internet das Coisas, Inteligência Artificial, Edge Computing ou Realidade Virtual e Aumentada, são as redes móveis 5G, no entanto, que irão conectar todas essas tecnologias e possibilitar o grande salto evolutivo para testar em ambiente real as soluções que precisam de ser validadas antes de entrarem no mercado.
Entre as três dezenas de candidaturas financiadas pelo PRR, constam consórcios liderados por tecnológicas e empresas como Ubiwhere, Vodafone, Lamerinho ou SGS, que prometem impulsionar soluções digitais, produtos ou serviços nas áreas do 5G, robótica colaborativa inteligente, conectividade ou Ciência dos Dados.
O Digital Nervous System Testbed, da Ubiwhere, será um bom exemplo de como as tecnologias 5G/Beyond-5G, aliadas ao computing continuum / edge-to-cloud computing, irão fornecer, em Aveiro, um campo de experimentação para uma centena de novos produtos destinados a sectores com as smart cities, meio ambiente, energias ou indústria. O Boost Lab é outro projeto do consórcio entre Vodafone, Capgemini e Ericsson, que propõe criar, até ao verão, um polo de inovação em Lisboa para apoiar as empresas no desenvolvimento de produtos e serviços na área do 5G e nas futuras gerações de comunicações aplicadas a áreas de saúde digital, media e entretenimento ou futuro da mobilidade.
A SGS Portugal, por outro lado, pretende lançar em parceria com a Ingredient Odissey (Entogreen) e FI Group Portugal, o Collaborative Productization Network, dedicado a testes e validações nas áreas de Data Science e Big data, cibersegurança e blockchain, sistemas ciberfísicos ou Inteligência Artificial. Textile of the Future é mais um projeto, promovido pela Lameirinho em colaboração com a Data Colab que ambiciona alavancar soluções inovadoras vocacionadas para a digitalização e sustentabilidade ambiental da indústria têxtil.
Está aqui uma mão-cheia de projetos, mas muitas outras iniciativas encontram-se incluídas na RNTB. As test beds, para quem ainda não está familiarizado com o conceito, são aceleradoras da transição digital, fornecendo condições, apoio técnico, equipamentos e infraestruturas para PME e startups poderem ensaiar e experimentar produtos e serviços, em espaços físicos ou de simulação virtual, visando aumentar o número de soluções tecnológicas comercialmente viáveis. Acelerar, neste contexto de inovação, significa encurtar a fase dos ensaios e reduzir o risco que, no jargão do empreendedorismo, é conhecido como o “vale da morte” – o período crítico entre o momento em que a empresa arranca com a operação e a fase em que atinge a rentabilidade financeira.
As test beds têm precisamente como missão aumentar o número de pilotos de produtos comercialmente viáveis, abreviando o ciclo de validação para que os projetos possam passar com maior celeridade da experimentação em laboratório (nível de prontidão tecnológica: TRL 4) para a comercialização (nível TRL 9).
Coordenada pela Estrutura de Missão Portugal Digital e apoiada pelo IAPMEI, ANI, Compete, DGAE e Startup Portugal, a Rede Nacional de Test Beds encontra-se enquadrada no Sistema de Incentivos Empresas 4.0 do Plano de Recuperação e Resiliência. Com uma dotação total de 150 milhões de euros, o programa conta com 30 candidaturas já aprovadas que vão ter como missão desenvolver 2415 pilotos até ao final do terceiro trimestre de 2025.
A Rede Nacional de Test Beds pode ainda ser complementada com os 17 Digital Innovation Hubs e Zonas Livres Tecnológicas (ZLT) – espaços de experimentação em ambiente real, criados até à data em Matosinhos (CEiiA), na península de Troia (Marinha Portuguesa) e no Porto (Centro Hospitalar Universitário de São João). Perspetiva-se que sejam inaugurados, em breve, ZLT também em Aveiro e em Viana do Castelo.
Se é uma PME ou uma startup e está a desenvolver uma ou várias tecnologias para sectores diversos como mobilidade, saúde, indústrias, comunicações eletrónica, ambiente, energia, smart cities, entre outros, poderá consultar, no website do IAPMEI, o painel interativo com a lista de consórcios que integram a Rede Nacional de Test Beds. Deverá procurar apoio junto da entidade que melhor se adequa às especificidades do seu projeto.
As test beds criadas no âmbito da rede nacional foram projetadas para ajudar as empresas a impulsionarem o seu negócio, facilitando a aceleração no mercado, as parcerias e ainda as relações comerciais com grandes grupos empresariais. Entre as várias valências oferecidas, estão também o apoio técnico ao desenvolvimento e validação de produtos tecnológicos, o acesso a serviços com preços abaixo do mercado ou oportunidades para alcançar outras formas de financiamento.