A nova geração dos centros operacionais, prevista para 2023, passará a facilitar o contacto entre os cidadãos e os centros de emergência, tirando partido de recursos tecnológicos como sensores ou aplicações móveis. O novo sistema de georreferenciação irá ainda permitir identificar com precisão a localização de quem usa um telemóvel com ligação à Internet para pedir socorro.
A partir de 2023, os centros operacionais 112.pt vão contar com uma nova arquitetura tecnológica compatível com funcionalidades 5G. Entre as novidades previstas no processo de modernização, destacam-se o suporte a mensagens em tempo real, imagens ou vídeo, recebidas através de app, redes sociais ou via dispositivos IoT (Internet das Coisas).
O processamento de coordenadas geográficas em 4G e 5G, a interoperabilidade com centros de emergência europeus ou a criação de sites remotos concebidos para recuperar dados no caso de falha do sistema principal são outras valências incluídas no processo de manutenção e modernização dos centros operacionais de emergência. O programa, lançado pelo Ministério da Administração Interna (MAI), conta com um investimento de 11,5 milhões de euros, para 60 meses, e será concretizado através de um concurso internacional publicado a 21 de julho em Diário da República.
Entre os ganhos mais assinaláveis destaca-se a possibilidade de as centrais passarem identificara localização exata de quem faz uma chamada para o 112 através de telemóvel com ligação à Internet. Com a substituição do sistema Cell ID – que transmite apenas a localização da antena de telecomunicações mais próxima do local da ocorrência – pelo VoIP (Voz sobre o protocolo de Internet), as centrais vão poder receber as coordenadas geográficas de quem telefona, tal como já hoje acontece com as chamadas realizadas a partir da rede fixa.
O novo sistema de georreferenciação poderá ser particularmente útil em situações em que o pedido de ajuda é feito por alguém que se encontre em estado de choque, confuso, ou não saiba descrever o local onde se encontra.
De acordo com o comunicado do Governo, o investimento permitirá também melhorar a aplicação móvel App MAI 112 que permite a cidadãos surdos contactar o 112 através de videoconferência, nomeadamente.
Ainda segundo o Ministério da Administração Interna, parte do financiamento para modernizar o sistema será assegurado pelo Plano de Recuperação e Resiliência, com 5,4 milhões de euros, no âmbito do projeto “Infraestruturas críticas digitais eficientes, seguras e partilhadas/SGMAI”. O restante valor será financiado, até 2027, pelos próximos Orçamentos do Estado.
Para viabilizar a modernização e manutenção dos centros operacionais 112.pt, o MAI diz ter seguido a proposta do Tribunal de Contas, que recomendou a realização de um concurso internacional após o término do atual contrato – um ajuste direto a vigorar entre 2020 e 2022.
O júri do concurso será presidido pelo Diretor-Geral adjunto da ANACOM, José Pedro Borrego, e composto pelos vogais Carlos Martins, da PSP, Maria de Lurdes Almeida Frias, do INEM, Vítor Judícibus e Guida de Jesus, da Secretaria Geral do MAI. Os restantes membros serão indicados pelas entidades públicas que compõem o jurado.
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Sobre o serviço de emergência 112
O 112 é o Número Europeu de Emergência, sendo comum, para além da saúde, a outras situações tais como incêndios, assaltos ou roubos. As chamadas efetuadas para o 112 são atendidas pela PSP e pela GNR, nas Centrais de Emergência.
O serviço 112, lançado em Portugal em 1997, no contexto da criação do número Único de Emergência Europeu, recebe cerca de oito milhões de chamadas por ano.