Quinze portos de França são diariamente limpos por robôs autónomos, conectados ao 5G e capazes de alcançar as áreas mais inacessíveis para recolher lixo, óleos ou algas antes que cheguem aos oceanos. Os aparelhos, operados por controlo remoto, recorrem à conectividade de última geração para enviar imagens de alta-resolução e ainda transferir grandes quantidades de informação enviadas em tempo real aos servidores das capitanias dos portos.
É muito frequente encontrar sacos plásticos, copos descartáveis ou embalagens a flutuar entre os barcos ancorados em marinas, portos, lagos ou canais fluviais. Em França, 15 portos, incluindo os de Cassi, de Havre e de Marselha encontraram uma solução para limpar o lixo acumulado nas águas. Um robô amarelo, com apenas 70 cm de largura, movido a eletricidade e conectado às redes móveis 5G, percorre todos os cantos, por mais recônditos que sejam, recolhendo os detritos numa rede que transporta consigo.
Batizado de Jellyfishbot, o aparelho foi desenvolvido pela startup francesa Yadis e está projetado para apanhar todo o tipo de resíduos, desde hidrocarbonetos (óleos, diesel, querosene ou gasolina), até plástico (garrafas, embalagens, pontas de cigarro, entre outros), passando por metal, resíduos naturais, como madeira, e ainda vidro e algas verdes e vermelhas.
Os portos, por serem interfaces entre superfícies terrestres e marítimas, são locais de grande concentração da poluição, sobretudo de detritos plásticos que rapidamente se dispersam pelo mar. Estima-se que mais de 10 milhões de toneladas de plástico sejam despejadas todos os anos nos oceanos, provocando danos incalculáveis nos ecossistemas marinhos. A introdução de robôs aquáticos é por isso encarada como uma das soluções mais eficientes para minimizar o impacto ambiental dos desperdícios que chegam ao mar.
Para tornar a limpeza mais eficiente, o aparelho é capaz de entrar e sair de todos os lugares, principalmente por baixo das docas, atrás e por entre os cascos das embarcações onde, geralmente, o lixo se acumula. São áreas onde o operador, equipado com o seu controlo remoto, não tem qualquer alcance visual sobre o robô. O aparelho está por isso equipado como uma câmara frontal e mapas de cobertura 5G, enviando imagens em alta-definição e em tempo real, que permitem ao operador teleguiar o robô à distância e a partir de qualquer lugar.
O 5G converte o Jellyfishbot num objeto conectado, fornecendo-lhe capacidade de fazer upload de grandes quantidades de informações vitais, como níveis da qualidade da água ou dados batimétricos, que fornecem cartografia do fundo do mar e medições de profundidade, enviados para o servidor da capitania do porto.
O 5G permitiu que a startup francesa pudesse aumentar dez vezes o potencial de seu robô de limpeza, especialmente com os novos casos de uso que estão também a ser testados para virem a ser aplicados nas explorações offshore de gás e de petróleo.
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Crédito da imagem de abertura: https://www.iadys.com/