Tirando partido de uma cobertura de rede 5G quase total, o município tem implementado uma série de soluções, como passadeiras inteligentes, sensores de recolha de dados, Realidade Virtual ou uma plataforma de gestão urbana, suportada em modelos preditivos, capaz de antecipar as intervenções necessárias no território do concelho.
Com uma cobertura de rede 5G superior a 95% da população do concelho, Vila Nova de Famalicão prepara-se agora para entrar numa nova fase da gestão urbanística. Passadeiras inteligentes que evitam acidentes e sensores conectados, que atualizam os tempos de espera dos transportes públicos são algumas das soluções tecnológicas que já estão a ser implementadas no centro da cidade.
Inicialmente instaladas nas artérias com maiores índices de sinistralidade, as passadeiras inteligentes vão agora ser replicadas em vários pontos estratégicos da cidade. Recorrendo a vídeo analítico, a tecnologia permite detetar peões de forma automática, ativando imediatamente um sistema de alerta aos condutores. Segundo a autarquia, os locais incluídos na fase experimental do projeto deixaram de registar ocorrências de atropelamento.
Além de promover a segurança rodoviária, a sensorização instalada nas passadeiras também recolhe indicadores de mobilidade, como número de peões e de viaturas, velocidade ou períodos de maior movimento. A solução está igualmente projetada para obter uma maior eficiência energética dos semáforos, que apenas estão ligados quando detetam movimento de peões.
Famalicão tem, ainda, 16 sensores conectados entre si e à rede 5G, disseminados pelo centro, que ajudam a entender os padrões de mobilidade, trânsito, e estacionamento da cidade. Trata-se fundamentalmente de uma solução Big Data em que se pretende recolher e analisar informação para apoiar o município no planeamento de políticas públicas de urbanismo mais ajustadas às necessidades da população.
Os dados serão ainda disponibilizados online aos cidadãos, que numa fase inicial, vão servir para explorarem a rede de transportes do concelho e permanecerem atualizados sobre os horários, os tempos de espera ou perturbações no seu funcionamento. Numa etapa posterior, a câmara municipal espera lançar também uma aplicação que irá auxiliar os automobilistas a encontrar lugares de estacionamento nas zonas mais centrais da cidade.
Aproveitando a semana B-Smart, que decorreu em Famalicão entre 21 e 25 de junho de 2023, a autarquia lançou também uma solução de Realidade Virtual para promover a cidade junto de visitantes nacionais e estrangeiros. Através desta aplicação, usando uns óculos de realidade virtual, qualquer pessoa poderá ter uma perspetiva da cidade, como se a estivesse a observar do topo da Fundação Cupertino de Miranda, o edifício mais emblemático do concelho.
Assumindo-se neste momento como uma “Cidade 5G”, o trajeto de Famalicão não começou agora nem tão pouco está concluído. O arranque do projeto, que ambiciona elevar o município a uma smart citiy, aconteceu em 2020, com a digitalização da informação. Os dados relativos a esferas tão distintas como ambiente, recolha de resíduos, energia, mobilidade ou iluminação foram sendo cadastrados ao longo dos últimos anos. O objetivo passou, sobretudo, por definir indicadores para todas as vertentes da gestão municipal, permitindo, a partir daí, monitorizar e coordenar todas as políticas do território.
Esse foi o ponto de partida para a autarquia desenvolver, em parceria com o operador NOS e a tecnológica Focus BC, o projeto B-Smart Famalicão, que centraliza num espaço comum toda a informação que se encontrava dispersa em cada uma das áreas. A plataforma de inteligência urbana reúne várias ferramentas tecnológicas, que recolhem e analisam dados nas diferentes dimensões da cidade, como gestão da água, resíduos urbanos, estacionamento, transportes públicos ou tráfego.
A solução permite à autarquia monitorizar vertentes distintas, como ambiente, iluminação pública, segurança, trânsito, vias de comunicação, parques de estacionamento, entre outras infraestruturas, numa visão 360º da cidade. Os recursos tecnológicos destinam-se a facilitar a articulação entre as freguesias do município, mas poderão, ainda este ano, ficar disponíveis para os munícipes, servindo nomeadamente para conhecer os lugares de estacionamento disponíveis em qualquer parte da cidade.
Os objetivos finais da plataforma passam, no entanto, por alcançar um conhecimento mais profundo do território de modo a poder tomar decisões não apenas no dia-a-dia, como também na construção de estratégias de médio e curto prazo. Procurando uma abordagem integrada, o B-Smart Famalicão está assente em seis pilares: pessoas, modos de vida, ambiente e energia, mobilidade, economia e governança. As informações, recolhidas por sensores instalados na cidade, vão servir para criar soluções tecnológicas que ajudem a melhorar o desempenho da cidade nestes grandes eixos.
O município prepara-se agora para integrar a plataforma com rede 5G e permitir a comunicação dos dados em massa. Esta integração é encarada como um passo decisivo para tornar a gestão da cidade ainda mais eficiente, já que trará velocidade e uma nova forma de recolher e tratar os dados.
Diagnosticar os serviços, áreas e políticas urbanas que precisam de ser melhorados é uma das vantagens desta iniciativa, mas o intuito da plataforma passa essencialmente por encontrar correlações entre dados de forma a antecipar e intervir em algumas situações com impacto na vida dos residentes. São, no fundo, modelos preditivos que a autarquia pretende desenvolver em parceria com o DataCoLAB, laboratório colaborativo, sedeado em Viana do Castelo
Para dar continuidade ao projeto, a câmara municipal lançou também, em finais de abril de 2023, a B-Smart Alliance. A iniciativa junta cerca de 20 parceiros, entre centros tecnológicos, universidades e instituições ligadas à tecnologia e à cultura, que vão apoiar a cidade de Famalicão a prosseguir com as estratégias destinadas a ampliar e aprofundar outras vertentes e tecnologias para smart cities.
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📷 Crédito da imagem de abertura: Vitor Oliveira from Torres Vedras, PORTUGAL, CC BY-SA 2.0, via Wikimedia Commons