Link4S é o projeto de 11 entidades portuguesas que, aproveitando o potencial das comunicações móveis 5G, criou plataformas inteligentes para monitorizar redes de energia ou soluções IoT para analisar a qualidade do ar ou o tráfego urbano em tempo real. Após desenvolver e demonstrar cinco casos de uso, o consórcio irá agora prosseguir com o processo de industrialização, esperando lançar, no decurso de 2024, as novas ferramentas digitais no mercado.
Sensores instalados em bicicletas e scooters, que medem em tempo real o fluxo do trânsito ou outros indicadores como a qualidade do ar e níveis de ruído. Drones de transporte de mercadorias capazes de rastrear percursos ou prevenir incêndios ou torres de transmissão de energia com dispositivos que detetam problemas estruturais ou acessos não autorizados. Estas são apenas algumas das novas tecnologias desenvolvidas pelo Link4S (Link for Sustainability), um projeto de um consórcio português que espera, ainda no decurso de 2024, introduzir no mercado soluções inovadoras para as áreas da mobilidade e da energia.
Desenvolver uma geração portuguesa de ferramentas digitais para acelerar a descarbonização das cidades foi o ponto de partida que juntou empresas, centros de investigação e universidades em torno de soluções IoT (Internet of Things ou Internet das Coisas) e de plataformas inteligentes com capacidade para gerir equipamentos, recolher e processar dados ou ainda monitorizar infraestruturas à distância. Liderada pelo operador de telecomunicações NOS, o consórcio composto por 11 entidades, como o CEiiA – Centro de Engenharia e Desenvolvimento, a Universidade do Minho, a Beyond Vision ou o DTx – Digital Transformation CoLAB, trabalhou entre 2020 e o primeiro semestre de 2023 em respostas orientadas para a sustentabilidade.
Procurando, acima de tudo, aproveitar o potencial das redes móveis 5G, a colaboração entre academia e empresas quis trazer novas soluções para sistemas ciberfísicos, mas também catalisar conhecimento científico útil para os sectores privado e público. O 5G teve por isso um papel central no desenvolvimento de soluções IoT, desde logo permitindo poupar energia na transmissão de dados dos dispositivos e também na fase de processamento na cloud (nuvem).
Menos consumo de energia significa também maior autonomia, podendo os sistemas e dispositivos manterem-se mais tempo sem manutenção e prolongar a sua longevidade. Não menos relevante é a possibilidade de todo o software poder ser atualizado remotamente.
O Link4S surge, por isso, como um projeto direcionado para três grandes vertentes. Uma delas passa por aproveitar os padrões 5G para desenvolver uma nova camada de conectividade. Uma segunda dimensão procura ajustar os dispositivos às novas arquiteturas digitais. Por fim, procura recolher, processar e analisar os dados gerados pelos dispositivos numa plataforma integrada.
Visitando o website do projeto, é possível conhecer os casos de uso criados durante a investigação colaborativa entre os 11 stakeholders. Um deles, associado à área da mobilidade, consiste na criação de um CPS (Cyber-physical system) para duas redes urbanas integradas. A primeira foi desenvolvida em conjunto pelo CEiiA e pela empresa Wayze, traduzindo-se num conjunto de sensores, instalados em bicicletas e scooters elétricas, que analisam em tempo real, dados sobre o tráfego urbano, a qualidade do ar ou o ruído.
A informação é armazenada e processada numa plataforma que, recorrendo a algoritmos, cria estratégias de compensação de emissões de CO2. A tecnologia já foi aliás utilizada na app AYR, do CEiiA, que calcula as emissões de dióxido de carbono evitadas com deslocações sustentáveis e premeia os utilizadores com créditos que podem ser trocados por produtos e serviços.
O segundo sistema, desenvolvido pela empresa Beyound Vision para a área de mobilidade, também usa sensores, mas instalados em drones de transporte de encomendas. Utilizados para rastrear os percursos, os dispositivos também podem medir indicadores sobre qualidade acústica, contribuir para ampliar redes de cartografia ou servir como ferramenta para detetar incêndios em fases iniciais.
No sector da energia foram ainda concebidos três projetos-pilotos. Um deles, promovido pelo Portgás, usa dos dados para monitorizar eventuais acessos não autorizados à rede de fornecimento de gás natural, medir a concentração de metano, detetar fugas ou inundações que ocorram nos postos de abastecimento e distribuição.
O segundo projeto, patrocinado pela Redes Energéticas Nacionais (REN), recorre ao tratamento de dados não somente para antecipar eventuais problemas estruturais nas torres de transmissão de energia, como para prevenir incêndios através da medição da temperatura ambiente ou de gases lançados para atmosfera. Um terceiro programa, que contou igualmente com a participação da REN, destina-se a monitorizar as juntas de cabos subterrâneos, analisando variáveis como a temperatura, a humidade ou a luminosidade, que serão usadas para averiguar se uma tampa de acesso foi aberta sem autorização.
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▪▫▪ Sobre o projeto Link4S (Link for Sustainability)
O projeto Link4S envolveu um investimento de 8,9 milhões de euros e contou com o apoio da Agência Nacional de Inovação (ANI) através do I&D Empresarial – Projetos Mobilizadores, cofinanciado pelo COMPETE2020, Lisboa2020, PORTUGAL2020, através do Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional (FEDER).
Coordenada pela empresa de telecomunicações NOS, a iniciativa envolveu outras 10 entidades: CEiiA – Centro de Engenharia e Desenvolvimento; Mobileum; International Iberian Nanotechnology Laboratory (INL); Exatronic; Universidade do Minho; DTx – Digital Transformation CoLAB; REN – Redes Energéticas Nacionais; Portgás – Distribuição de Gás; Wyze e Beyond Vision.