“Floresta e Inovação” é o tema do Dia Internacional das Florestas 2024, que se assinala esta quinta-feira, traduzindo o apelo das Nações Unidas para usar os avanços da tecnologia em benefício das florestas. O 5G, bem a propósito, desempenha um papel vital no restauro, no combate a incêndios, no impulso à indústria agroflorestal ou na dinamização das economias rurais. O Portal 5G selecionou alguns dos mais recentes programas internacionais a demonstrar o contributo das redes de última geração na preservação do planeta.
As florestas, quando protegidas e bem geridas, são um manancial inesgotável de recursos, ajudando a combater as alterações climáticas e a preservar a biodiversidade, fornecendo ainda uma importante fonte de receita para a indústria agroflorestal. A sua preservação, todavia, tem sido um desafio, com incêndios devastadores cada vez mais frequentes, desmatamento acelerado ou a degradação acentuada dos solos.
No Dia Internacional das Florestas, que se assinala esta quinta-feira, o Portal 5G selecionou alguns dos projetos pioneiros que estão em curso e que contam com as redes 5G e as tecnologias inovadoras para proteger ecossistemas vitais em países como Reino Unido, Alemanha, Suécia, Canadá ou Malásia. A conectividade de última geração é o trunfo mais recente que investigadores, municípios, operadores de telecomunicações ou consórcios empresariais começam agora a usar para proteger as florestas.
Connected Mangroves é, por exemplo, o programa que a Ericsson conduz em Sabak Bernam, na Malásia, com o intuito de combater a erosão costeira. Nesta aldeia do município ribeirinho de Kampung Dato Hormat, os efeitos da desflorestação dos manguezais foram devastadores. As cheias rápidas de 2015 destruíram a barragem, arrastando plantações e habitações dos agricultores.
Nesse mesmo ano, centenas de residentes das aldeias da região mobilizaram-se para restaurar as áreas perdidas de manguezais. A plantação foi um passo importante do processo, mas, consciente de que cerca de 20% a 30% das espécies não iriam sobreviver, os promotores do projeto usaram as redes 5G, a cloud e soluções IoT para monitorizar o solo e as condições da água. Os dados, enviados para uma plataforma em tempo real, permitem conhecer as condições da plantação e corrigir situações anómalas a comprometer o crescimento das árvores. Dois anos após o plantio, a taxa de sobrevivência das espécies atingiu os 80%.
De 2015 até aos dias de hoje, cerca de cinco mil árvores foram plantadas, trazendo de volta para a aldeia Sabak Bernam uma densa mancha florestal que não é apenas uma fonte de rendimento, mas também uma proteção contra eventos climáticos extremos. Os manguezais são florestas únicas, altamente produtivas e complexas, que se desenvolvem em zonas de transição entre o ambiente terrestre e marinho nas regiões tropicais e subtropicais.
As suas áreas desempenham uma função essencial na proteção da biodiversidade, acolhendo berçários de várias espécies marinhas. Ao armazenarem em média até cinco vezes mais carbono do que as florestas plantadas em terra, são também grandes contribuidores para mitigar os efeitos das alterações climáticas, constituindo ainda verdadeiras barreiras contra ventos fortes e ciclones e ajudando na estabilização dos solos contra a erosão.
Os incêndios florestais estão também no centro de uma parte significativa dos novos projetos e investigações que recorrem às redes móveis de última geração. É o caso do 5G Forest Guard, do Bradenburgo University Technology, na Alemanha, que pretende construir um modelo-padrão com vista a aumentar a eficiência da prevenção e combate a fogos florestais. Recorrendo a sensores e drones, os especialistas estão a recolher dados em áreas selecionadas da Floresta Negra para serem agregados num servidor central de gestão de crises.
As operações são processadas em três níveis, com o primeiro a integrar numa plataforma o inventário da floresta e a informação recolhida por sensores. A área selecionada para o piloto é ainda regularmente sobrevoada por drones, que transmitem os dados ao servidor através do 5G. O objetivo passa essencialmente por avaliar o risco de incêndio.
O segundo nível inclui uma monitorização regular combinada com a informação e previsões meteorológicas que, juntamente com os dados sobre as condições do solo, vão criar um sistema de alerta com diferentes classificações de risco avaliados automaticamente por algoritmos de Inteligência Artificial. O intuito passa por fornecer uma ferramenta de tomada de decisão para desencadear respostas de emergências rápidas e em fases de incêndio ainda precoces.
O último nível, focado na gestão da crise, fornece aos bombeiros todas as informações recolhidas numa única plataforma. Os dados permitirão conhecer a origem do incêndio e possibilitar uma abordagem do combate de forma mais precisa e direcionada.
A University of British Columbia, no Canadá, também está a desenvolver um sistema inovador de deteção precoce de incêndios florestais para a região norte da Colúmbia Britânica. Recorde-se que esta foi a área do país mais seriamente afetada por centenas de fogos, no verão de 2023, com mais de 30 mil pessoas a serem retiradas das suas habitações.
Câmaras capazes de detetar o fumo de incêndios florestais a 20 km de distância vão agora ser instaladas em torres sem fio perto de Fort St. James, Smithers e Chetwynd e conectadas à rede 5G. Usando a Inteligência Artificial, espera-se que os dispositivos possam identificar os focos de incêndio poucos minutos após o seu início.
O 5G tem sido ainda uma oportunidade para a indústria florestal se tornar mais segura e sustentável, como demonstra o projeto-piloto levado a cabo pelo Skogforsk, o Instituto de Investigação Florestal da Suécia. A iniciativa recorreu a uma rede privada 5G para controlar à distância toda a maquinaria pesada. As operações de transporte de madeiras podem ser conduzidas sem necessidade de funcionários a bordo das cabines, podendo por isso aumentar a segurança e a produtividade.
Câmaras e sensores nas máquinas transmitem os dados em tempo real, possibilitando as operações remotas através de uma ligação 5G de baixa latência. Os operadores controlam as máquinas com precisão usando óculos de Realidade Virtual ou tablets, podendo inclusive controlar vários veículos em simultâneo.
A eliminação da cabine também permite um design de máquina mais leve, reduzindo o uso de energia e diminuindo o impacto ambiental. Com a fase experimental concluída com sucesso, em fevereiro de 2024, os parceiros do projeto planeiam agora expandir gradualmente a cobertura 5G nas áreas florestais da Suécia destinadas à exploração comercial.
O Reino Unido, por seu turno, lançou em 2021 o 5G Connect Forest, programa implementado na área florestal de Sherwood, na região de Nottinghamshire. A iniciativa visa avaliar o potencial de aplicações 5G na preservação das florestas do país, com várias vertentes incluídas – do lazer à conservação rural, passando pela dinamização da economia ou proteção de espécies vulneráveis.
No interior da floresta, com 180 hectares, existem centenas de árvores com mais de 500 anos, bem como o famoso The Major Oak – que se estima ter entre 800-1100 anos – todos eles protegidos. Fornecer conectividade de última geração permitiu que um consórcio entre academia e empresas tecnológicas pudesse explorar o potencial do 5G para melhorar ofertas turísticas, proteger o ambiente florestal, através da gestão robótica e de monitorização em tempo real, e ainda lançar um programa para desenvolver e testar aplicações 5G que possam vir a ser comercializadas.
Cães-robôs e drones conectados ao 5G e controlados à distância estão entre as tecnologias já testadas na recolha de dados ambientais em áreas florestais inacessíveis. As tecnologias também permitiram criar um filme holográfico interativo em que os visitantes mergulharam numa aventura medieval conduzida pela popular personagem Robin dos Bosques.
Estes cinco programas representam algumas das mais recentes iniciativas a demonstrar o contributo das tecnologias emergentes para a preservação ambiental. Com os avanços na cobertura 5G e, sobretudo, com a migração para redes stand-alone, o que se espera é uma eficiência cada vez maior na proteção das florestas.
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O Dia Internacional das Florestas 2024 tem como tema “Florestas e inovação: novas soluções para um mundo melhor“, servindo como uma chamada à ação para aproveitar as inovações tecnológicas em benefício das florestas, a fim de enfrentar a crescente ameaça do desmatamento, da degradação do habitat e das mudanças climáticas.
Crédito da Imagem de abertura: Ericcson (floresta de manguezais recuperada na aldeia de Sabak Bernam, Malásia)