21/06/2021
A Comissão Europeia (CE) lançou, no passado dia 11 de junho de 2021, um estudo preliminar sobre as emissões eletromagnéticas (CEM) das redes móveis e o seu potencial efeito na saúde.
De acordo com o relatório da CE, existem em todo o mundo mais de 1,4 milhões de estações-base e espera-se que este número venha a aumentar significativamente com o 5G, para satisfazer os requisitos de altas taxas de dados, latência muito baixa e alta fiabilidade. Mas para satisfazer estes requisitos, o 5G difere das gerações anteriores no uso do espectro, antenas e topologia da rede.
Assim, este estudo vem explorar as possíveis ligações entre a exposição a rádio frequências (RF) resultantes de campos eletromagnéticos (CEM) de telemóveis e potenciais problemas de saúde, tendo como principal tema a evolução para o 5G (e 6G no futuro).
O estudo inclui:
(A) Uma revisão de literatura, baseada em estudos desenvolvidos principalmente nos últimos cinco anos, dado que as tecnologias de comunicação sem fios evoluíram significativamente nos últimos anos, e onde são consideradas principalmente as seguintes áreas de investigação:
(B) Uma análise estatística para explorar possíveis relações entre a utilização do telemóvel e a incidência do cancro cerebral. Os dados relativos à saúde sobre o cancro foram retirados do Sistema Europeu de Informação sobre o Cancro (ECIS) e foram utilizadas metodologias amplamente adotadas pela comunidade de investigação.
O relatório não aborda outras fontes de emissões de RF, como são o Wi-Fi, a radiodifusão, as linhas elétricas e os sistemas de comunicação militar.
Os autores apresentam uma lista de nove conclusões principais, nomeadamente, o facto de na maioria dos estudos revistos, os níveis de exposição obtidos terem sido significativamente inferiores aos níveis de referência do CEM fixados pelas orientações do ICNIRP. No caso do impacto dos CEM na saúde humana, os autores referem que a maior parte dos estudos não reportou efeitos significativos para a saúde e a análise estatística efetuada também não encontrou uma relação entre um aumento da incidência de cancros do cérebro e de outros associados ao sistema nervoso central durante os anos que se seguiram à evolução das redes celulares nas regiões em estudo, constatando as conclusões da revisão de literatura. Não obstante, os autores referem haver algumas exceções que merecem ser melhor estudadas, mesmo tratando-se de estudos com resultados não conclusivos. Finalmente, os autores indicam que, no caso dos estudos epidemiológicos, existe falta de dados médicos e com um longo período de tempo que permita efetuar uma análise mais abrangente, já que um cancro pode aparecer apenas num período muito longo (por exemplo, 10 anos ou mais).
Especificamente sobre as redes 5G, os autores indicam ser necessária mais investigação em áreas com elevada densidade de células, e que novos estudos devem ter em conta as condições específicas de exposição das populações em estudo, assim como outros fatores, como a polução, bem como é necessária mais investigação sobre o potencial impacto das frequências mmWave que serão utilizadas pelas redes 5G e não só.
Indicam ainda que embora haja alguma investigação em curso na Europa, poderão ser financiados mais projetos no programa Horizonte Europa para aprofundar a questão dos campos eletromagnéticos e possíveis implicações na saúde e no ambiente “radiofónico”. Dois dos projetos financeados pela União Europeia associados aos CEM e saúde indicados no estudo agora apresentado, são o projeto GERoNiMO (Generalizado EMF Research using Novel Methods), que terminou no final de 2018, e o projeto 5GRFEX, dedicado à medição de CEM em estações de base 5G Massive MIMO.
Aceda ao estudo na página da CE.
Se este tema lhe interessa, saiba mais sobre Campos Electromagnéticos e 5G, assim como outros estudos e dados já divulgados pela ANACOM, na seguinte página do Portal 5G: