A cobertura 5G total na maior central hidroelétrica do país permitirá testar tecnologias inovadoras para melhorar a segurança, a eficiência e a manutenção de infraestruturas críticas com drones, robôs, vídeo analytics e Realidade Aumentada. O piloto 5G decorrerá até meados de 2027, com o intuito de avaliar a sua aplicação em outras instalações e casos de negócio da EDP.
A Barragem de Castelo do Bode, entre os municípios de Tomar e Abrantes, é considerada o maior centro de distribuição de energia hidroelétrica do país e será agora também a primeira da Europa dotada com tecnologia e cobertura total 5G. O projeto, lançado pela EDP e Vodafone, envolve a criação de um laboratório vivo (living lab) para explorar o potencial da conectividade móvel de última geração em ambiente real e em diferentes casos de uso que irão testar novas aplicações para o sector da energia, como drones, robôs autónomos, Realidade Aumentada e analítica de vídeo.
O piloto envolve vários domínios, começando desde logo pela segurança, que conta agora com o Lone Worker, um inovador software conectado à rede 5G, instalado nos smartphones dos funcionários para permitir a sua geolocalização dentro da zona circundante da barragem. A aplicação utiliza várias funcionalidades, como push-to-video para realizar videochamadas, e o push-to-talk que permite comunicações áudio entre o pessoal a monitorizar as operações e a equipa de apoio.
“Ao garantir conectividade total e tecnologias emergentes, estamos a abrir caminho para uma nova era de inovação no sector da energia”
Joana Freitas, administradora, EDP Geração
Recorrendo também à rede 5G, será possível ainda utilizar um drone que irá transmitir em tempo real imagens de alta-resolução, com vista a detetar anomalias ou intrusões sem necessitar de intervenção humana. O aparelho autónomo, com capacidade para se desviar das aves que se cruzem no seu percurso, tem o voo pré-programado. A sua rota começa na linha de alta tensão, passa pelos transformadores na subestação e sobrevoa depois a albufeira para inspecionar um conjunto de equipamentos considerados críticos. A ronda termina nas comportas para verificar eventuais danos nos descarregadores.
As operações de segurança contam ainda com o apoio de um robô conectado através do 5G. O dispositivo está equipado com uma lente fotográfica – que capta e transmite imagens em tempo real -, e ainda lagartas com ímanes magnéticos para subir pelas condutas a um ângulo de 90 graus, podendo, deste modo, aceder a espaços de difícil acesso durante as rondas de inspeção.
O vídeo analytics é mais um instrumento a apoiar as operações de segurança com câmaras de CCTV para reconhecimento/tracking de humanos, objetos, sensores e manómetros. Entre os vários recursos, a tecnologia consegue ainda contabilizar as pessoas que se encontram dentro da infraestrutura ou detetar a presença de pessoal não autorizado nas instalações.
A assistência remota é outra vertente deste projeto, que irá beneficiar da Realidade Aumentada (RA) para melhorar a eficiência dos trabalhos de rotina. A ferramenta inclui o uso de óculos RA que permitem aos funcionários realizar tarefas de manutenção à distância, seguindo um conjunto de passos predefinidos para cada operação.
Haverá, entretanto, mais tecnologias que poderão vir ainda a ser integradas nesta iniciativa, que arrancou formalmente na primeira semana de abril de 2024, estando prevista terminar em meados de 2027. A escolha do local para implementar o piloto 5G deve-se sobretudo ao facto de, segundo a EDP, a Barragem de Castelo do Bode reunir as melhores condições para desenvolver um projeto com grande diversidade tecnológica.
A localização, com acesos facilitados e não muito distante dos centros urbanos, foi um dos fatores ponderados por permitir a agilidade e sinergias entre os parceiros envolvidos. O que também pesou nesta escolha foi a vantagem de a manutenção da infraestrutura ser já assegurada por uma equipa com “elevada maturidade tecnológica” e “grande abertura” à inovação, refere a EDP.
O 5G living lab da Barragem de Castelo do Bode implicou um investimento de cerca de 200 mil euros que se destina essencialmente a testar as vantagens tecnológicas e financeiras de aplicações inovadoras com o intuito de estender o seu potencial a outras instalações e casos de negócio da empresa.
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A Central Hidroelétrica de Castelo do Bode começou a ser construída em 1946 e entrou em operação em janeiro de1951. A albufeira estende-se ao longo de 60 km, cobrindo 3300 hectares. É a maior reserva nacional de água para consumo, que abastece os habitantes na área de Lisboa e concelhos vizinhos. Construída em betão, a sua altura atinge os 115 metros e um coroamento com 402 metros de comprimento. Com três grupos geradores, tem uma potência instalada de 159 megawatts (MW) e em 2023 produziu mais de 105 GW/h.
Crédito da imagem de abertura: EDP