A necessidade de encontrar uma abordagem tecnologicamente neutra para avaliar a implantação das redes 5G no espaço comunitário, levou a Comissão Europeia a rever os seus parâmetros de avaliação. A partir de agora, além dos locais de trabalho, os indicadores de desempenho deverão medir também a percentagem de residências que recebem um sinal 5G. Bruxelas admite também que novas opções terão de ser equacionadas à medida que as redes Stand-alone se disseminam pela Europa.
Reconhecendo que a expansão da tecnologia 5G está a entrar num novo ciclo, a Comissão Europeia anunciou, esta semana, ter arrancado com uma revisão dos indicadores de desempenho para monitorizar a implantação das redes móveis de última geração em todo o espaço comunitário. O grupo de trabalho do Comité da Década Digital, especializado em Indicadores-Chave de Desempenho (KPI, sigla em inglês para Key Performance Indicator) do 5G está atualmente a explorar várias opções que possam vir a ser úteis numa futura reavaliação destes parâmetros.
A tarefa surgiu na sequência da primeira reunião do grupo de trabalho, ocorrida em junho de 2023, em que os Estados-Membros advertiram para a necessidade de as metas terem de ser tecnologicamente neutras e não centradas numa banda de espectro específica.
Inicialmente, a Comissão propôs medir a implantação do 5G em diferentes bandas de espectro, com foco na implantação de 3,6 GHz como critério para a qualidade do serviço. No entanto, esta abordagem foi considerada prematura e não suficientemente neutra do ponto de vista tecnológico. Outro aspeto relevante, abordado neste encontro, foi a importância de considerar não apenas a cobertura 5G dos locais de trabalho, mas incluir também, nesta medição, as residências.
Estes foram os contributos que levaram o grupo de trabalho do Comité da Década Digital a ponderar a pertinência de introduzir um KPI para medir a percentagem de residências cobertas por uma rede capaz de oferecer uma largura de banda de canal mínima ao utilizador final. A largura de banda do canal disponível é, como tal, vista como um potencial indicador da capacidade e taxa de transferência da rede.
No dia 30 de junho de 2023, como parte do Caminho para a Década Digital, a Comissão Europeia adotou pela primeira vez os principais indicadores de desempenho para medir com maior rigor os esforços feitos pelos Estados-Membros para alcançar as metas da Década Digital de 2030. Juntamente com esses KPI, emitiu também orientações sobre como cada país deverá estruturar os seus roteiros nacionais de modo a atingir os objetivos definidos para a próxima década. Os Estados-Membros vão ter agora de concluir e adotar as suas estratégias até 9 de outubro de 2023.
O próximo relatório da Comissão já deverá, por isso, incluir o KPI para medir a percentagem de residências que recebem um sinal 5G, independentemente do operador ou da qualidade do serviço. Embora essa abordagem possa ser considerada satisfatória para monitorizar as implantações iniciais de 5G, o Comité da Década Digital considerou que, no futuro, devem ser conduzidos mais trabalhos sobre os indicadores-chave para o 5G com o objetivo de melhorar gradualmente essas métricas.
A Comissão reconhece que, eventualmente, será necessário realizar mais trabalhos com o intuito de identificar outros critérios para medir a qualidade e a cobertura do serviço 5G do ponto de vista do utilizador final. Bruxelas admite que novas opções poderão ser equacionadas, principalmente à medida que as redes 5G autónomas se expandem na Europa, mas adverte que as futuras abordagens de monitorização vão exigir um acordo sobre padrões para metas e medições.