O relatório trimestral de serviços móveis da Autoridade Nacional de Comunicações mostra que o tráfego de Internet móvel aumentou 39,8% no primeiro trimestre. O documento inclui, pela primeira vez, as redes 5G, que representam 1,7% do tráfego de redes móveis.
No final de março de 2022, o tráfego de acesso à Internet em banda larga teve um crescimento de 39,8% face ao mesmo período do ano passado. O aumento consta no relatório trimestral de serviços móveis, divulgado esta semana pela ANACOM, que, pela primeira vez, inclui também o tráfego cursado em redes 5G – cerca de 1,7% do total de tráfego de dados móveis.
A Autoridade Nacional de Comunicações estima ainda que, no primeiro trimestre deste ano, entre 3% e 6% dos utilizadores de serviços móveis e entre 3% e 9% dos utilizadores de Internet móvel dispunham de equipamentos 5G e subscreviam uma oferta que possibilitava o acesso a estes serviços. Estes dados, relativos ao primeiro trimestre deste ano, refletem a adesão inicial dos utilizadores em Portugal às ofertas comerciais de quinta geração inauguradas pelos operadores na sequência do leilão 5G e que, até 15 de setembro, permanecerão gratuitas para todos os clientes.
A subida global de quase 40% no tráfego de acesso à Internet de banda larga deve-se ao maior número de utilizadores e, principalmente, ao aumento da intensidade de utilização do serviço. As estatísticas do relatório trimestral da ANACOM mostram que o tráfego médio mensal por utilizador ativo de Internet móvel aumentou 25% face ao período homólogo, com cada utilizador de banda larga móvel a consumir, em média, 6,2 GB por mês. Por outro lado, o tráfego médio mensal gerado por PC, tablet, pen ou router fixou-se nos 26,3 GB (-0,5%).
O maior tráfego no acesso à Internet de banda larga acaba também por ser o resultado do aumento do número de assinantes que recorreu aos serviços móveis e que chegou aos 946 mil utilizadores efetivos. O número, atingido em março, representa uma subida de 7,7%, em comparação com o mesmo trimestre do ano anterior.
Trata-se do maior crescimento registado desde 2010, ano em que a ANACOM iniciou a recolha deste indicador. A maior adesão aos planos pós-pagos e híbridos – 62,9% do total de acessos utilizados – é a principal razão para este aumento, constata-se no relatório. Mas também os planos pré-pagos tiveram, neste trimestre, a maior subida, em termos homólogos, desde 2010.
A evolução registada nos pacotes pós-pagos e híbridos estará, segundo o relatório, associada ao gradual levantamento das limitações à circulação, na segunda quinzena de março de 2021, e também ao Programa Escola Digital, lançado em setembro de 2020. No que toca aos planos pré-pagos, o crescimento terá sido influenciado pelo maior número de utilizadores ocasionais, como é o caso dos turistas.
O que, por outro lado, apresentou uma tendência decrescente foi o tráfego de voz móvel em minutos, que recuou 0,8% face ao primeiro trimestre de 2021, período em que, aliás, se registou o valor mais elevado no histórico das estatísticas da ANACOM. Entre janeiro e março deste ano, a conversação por acesso de voz móvel foi em média de 239 minutos/mês, menos 6,4% do que em igual período do ano anterior.
A duração média das chamadas, por seu turno, foi de três minutos e 14 segundos por chamada, menos 29 segundos (-13%) face ao primeiro trimestre do ano passado. A descida está em linha com os valores registados antes da covid-19 e poderá ser explicada com o atenuar dos efeitos da pandemia, período em que o tráfego médio situou-se nos 11,4%, “bem acima da tendência histórica”.
Do mesmo modo, o número de utilizadores efetivos do serviço móvel de acesso à Internet registou um crescimento de 13,1% face ao mesmo período de 2021, fixando-se agora nos 9,2 milhões. O valor corresponde a uma penetração de 89,3 por 100 habitantes, significando mais 10 pontos percentuais, a subida mais elevada verificada desde o segundo trimestre de 2017.
O maior número de utilizadores efetivos, em março deste ano, poderá ser uma consequência do fim das restrições provocadas pela covid-19. As subidas verificaram-se quer no número de utilizadores de Internet no telemóvel (+12,4%), quer entre os que recorreram ao serviço de acesso à Internet através de PC, table, pen ou router (+23,2%).
Neste último caso, o crescimento atingiu também recordes inéditos, o que, segundo a ANACOM, poderá estar associado não apenas ao gradual desconfinamento, mas também ao Programa Escola Digital, que prevê a distribuição aos alunos de hotspot de Internet e um cartão SIM para ligação à rede móvel.
À semelhança do trimestre anterior, o tráfego em roaming registou também uma tendência crescente, sobretudo no tráfego de Internet com as taxas a se revelarem “muito elevadas” – mais 162,1% no caso do roaming in e mais 81,4% no caso do roaming out. O grau de cobertura do tráfego em minutos de roaming in por roaming out foi de 78,5%. No caso do acesso à Internet, o tráfego em roaming in foi 2,3 vezes superior ao tráfego em roaming out.
A tendência crescente de utilizadores de serviços móveis, levou a que o operador MEO tivesse a quota mais elevada de acessos ativos com utilização efetiva (49%). Seguiu-se a Vodafone (29%), a NOS (27,6%) e, por fim, a NOWO, com 1,9% e a Lycamobile com 1,5%. Mas, comparativamente ao período homólogo de 2021, foi a NOS, a Lycamobile e a NOWO que aumentaram as quotas de acesso móveis, com subidas de 1,2 pontos percentuais, 0,4 pontos percentuais e 0,1 ponto percentual respetivamente.
No caso das quotas de subscritores de acesso à Internet em banda móvel, a quota da MEO foi de 36,6%, seguindo-se a NOS com 30,6%, a Vodafone com 29,2%, a NOWO com 2,3% e a Lycamobile com 1,2%. No primeiro trimestre de 2022, as quotas da Lycamobile aumentaram 0,8 pontos percentuais, enquanto a NOS e a NOWO viram as suas quotas subir 0,7 e 0,1 pontos percentuais, respetivamente. Em contrapartida, as quotas de subscritores da MEO e da Vodafone diminuíram 1,1 pontos percentuais e 0,6 pontos percentuais, respetivamente.
Consulte o relatório Serviços Móveis – 1.º trimestre de 2022 no website da ANACOM