Segundo o mais recente estudo Connectivity and climate change, da Ericsson apenas com o 5G será possível reduzir as emissões de carbono para os níveis desejados em 2030 na União Europeia (UE). Este tema é particularmente relevante, no contexto dos resultados da 26.ª Conferência das Nações Unidas (NU) sobre Alterações Climáticas (COP26).
É a inovação tecnológica possibilitada pelo 5G e aplicada aos setores com elevada pegada carbónica, que permitirá reduzir as emissões de CO2, segundo o estudo Connectivity and climate change da Ericsson.
Em 2019, mais de 80% das emissões brutas de gases com efeito de estufa resultavam de apenas quatro setores: a disponibilização de energia (26%), os transportes domésticos (exclui internacionais) (23%), a indústria (21%) e a construção (13%) – por comparação, as Tecnologias de Informação eram responsáveis por apenas 1,4% das emissões – dados da Agência Europeia do Ambiente.
Assim, a Ericsson apresenta 10 casos práticos em como o 5G e a inovação podem ajudar a reduzir as emissões de gases efeito de estufa, aplicados aos setores referidos, onde se incluem a utilização de sensores para uma condução mais eficiente, uma melhor utilização dos dados na energia renovável, a digitalização das fábricas, uma utilização mais eficiente dos camiões, a conectividade 5G nos transportes públicos ou o trabalho remoto.
E recorda que vários dos benefícios apontados já estão disponíveis, como são o caso do trabalho remoto e a redução do número de viagens, a automação de edifícios inteligentes ou a utilização da inteligência artificial.
A Ericsson estima que o 5G e a conectividade permitirão reduzir em 20% o total de emissões de CO2 na União Europeia, equivalendo às emissões conjuntas da Espanha e da Itália. Se consideradas reduções do ponto de vista das áreas setoriais, será uma redução maior do que as emissões anuais resultantes de atividades agrícola e da aviação.
Para isso, utilizou o cenário base do relatório da McKinsey, Net-Zero Europe, com base no qual é possível diminuir em 55% até 2030 as emissões verificadas em 2017.
Mas alerta que é necessária mais inovação para chegar mais longe, não bastando disponibilizar 5G. Importa também investir na qualidade das redes 5G em larga escala e nas aplicações desta tecnologia, para garantir que as metas de descarbonização são alcançadas.
E porque o setor da energia é dos mais poluentes ao nível europeu (26% do total), a Ericsson esclarece ainda que maior número de equipamentos ligados, não implica necessariamente maior consumo de energia. No seu estudo ‘Quebrando a curva da energia’, de março de 2020, mostra de que forma é possível implementar redes 5G de modo a reduzir o consumo de energia, comparativamente com o consumo que se verifica com as redes 3G e o 4G.
De acordo com a COP26, terminada este sábado, será necessário reduzir para metade as emissões de carbono, até 2030. No entanto, esse objetivo está longe de ser alcançado.
Apesar de terem sido finalmente aprovados os pontos que impediam a plena aplicação do Acordo de Paris sobre a descarbonização, após seis anos de negociações entre os quase 200 países que integram as NU, esta reunião fica também marcada pela mudança de última hora, do discurso por parte da China e da India. Estes países, em vez de terem adotado a proposta das NU que referia “a eliminação progressiva do poder de carvão inabalável”, alteraram a mesma para “a redução progressiva …”.
O acordo global incluiu acelerar as ações para melhorar o clima até 2030 e foi ainda previsto um valor superior a 100 mil milhões de dólares por ano para financiar os países em desenvolvimento nas suas ações climáticas.
Em traços gerais, os países participantes foram convidados a atualizar os seus planos de redução de emissões o quanto antes.
A próxima reunião irá ocorrer já em 2022, no Egito.
“Entrámos em modo de emergência.”
— António Guterres, chefe das Nações Unidas