A cebola, um dos vegetais mais consumidos no mundo, foi alvo de um projeto-piloto sueco com vista a exemplificar como as redes 5G, aliadas à robótica e à Inteligência Artificial, podem tornar o sector agrícola mais sustentável e rentável. Aumento na produção, cortes nas emissões de CO2 e nos pesticidas e ainda maior vida útil foram os resultados alcançados neste programa, que irá agora procurar fazer o mesmo com a cenoura e a beterraba.
Demonstrar o potencial das redes móveis de última geração na agricultura é a função que um consórcio sueco atribuiu à cebola amarela. É uma importante missão para um alimento que, por si só, já contém inúmeros nutrientes que ajudam a combater vários problemas de saúde, como as doenças cardiovasculares, a hipertensão ou o colesterol alto. Talvez por isso mesmo tenha sido eleita para o projeto Cebola 5G, a iniciativa que juntou o operador Telia, a tecnológica agrícola Ekobot, o RISE – Institutos de Pesquisa da Suécia e a Axis Communications.
Combinando as redes 5G, a robótica e a Inteligência Artificial (IA), foi possível cultivar uma cebola amarela que, segundo os seus promotores, dura mais tempo, requer menos pesticidas e apresenta um sabor mais apurado. A tecnologia por detrás do projeto-piloto assenta num robô de 700 quilos que, conectado às redes 5G, identifica, através de imagens de vídeo e de IA, as ervas daninhas, conseguindo eliminá-las cirurgicamente em grandes extensões de campos cultivados.
De acordo com os resultados apresentados, a quantidade de pesticidas químicos foi reduzida em 70%, enquanto o corte de emissões de CO2 foi de 19%. As colheitas, por seu turno, aumentaram em 6% e a vida útil da cebola subiu também para quase o dobro, permitindo reduzir o desperdício durante a fase de armazenamento.
“Na cebola 5G, tudo é melhor – o sabor, a textura e a composição. É incrível como a tecnologia avançada têm um impacto tão grande na qualidade da matéria-prima.”
Gustav Leonhardt, chef de cozinha no restaurante Aira, em Estocolmo, Suécia.
A escolha da cebola amarela revelou-se como a mais indicada para arrancar com o projeto-piloto por estar entre os legumes mais consumidos em todo o mundo. Só na Suécia, segundo os promotores da iniciativa, as famílias comem em média seis quilos de cebola por ano.
Mas este também é um dos vegetais mais difíceis de cultivar sem pesticidas. Para eliminar pragas e ervas daninhas, a agricultura depende fortemente de produtos químicos, um método rápido e económico, mas com enorme impacto ambiental, especialmente na biodiversidade e nas populações de polinizadores.
É por isso que o uso de pesticidas tem estado debaixo de pressão da legislação da União Europeia, que exorta os Estados-Membros a “reduzir e/ou interromper o uso de químicos e fertilizantes” na agricultura, medida considerada central para restaurar os habitats naturais. As redes 5G e as tecnologias emergentes são vistas, neste contexto em particular, como grandes aliadas para o sector acelerar esses objetivos e promover uma atividade mais rentável e ambientalmente sustentável.
A etapa seguinte do piloto será, como tal, convocar outros legumes para dar continuidade ao projeto. Segundo o consórcio, depois da cebola amarela, a cenoura 5G e a beterraba 5G são os vegetais que se seguem.
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