Construídas em vidro e aço, estas estruturas são um obstáculo para comunicações sem fio como o WiFi ou o Bluetooth. O 5G derrubou essas barreiras, permitindo aos produtores ter acesso a tecnologias como robótica, drones, Inteligência Artificial, câmaras ou sensores. Os municípios da Região Metropolitana de Roterdão-Haia, nos Países Baixos, aproveitaram esta oportunidade para promover a inovação e ajudar os agricultores locais a ultrapassar a escassez de mão de obra, os custos elevados com a energia e as limitações técnicas para prosseguir a transformação digital dos seus negócios.
“RoboCrops Flying Start” e “IoT for greenhouse horticulture” são os dois projetos financiados por 21 municípios da Região Metropolitana de Roterdão-Haia, nos Países Baixos, que, em parceria com produtores agrícolas e empresas de tecnologia, pretendem desenvolver e demonstrar novos casos de uso do 5G para estufas hortícolas. Com investimentos conjuntos superiores a dois milhões de euros para o período de 2023-2024, os programas reúnem tecnologia 5G de alto desempenho, robotização e Inteligência Artificial para promover a sustentabilidade, a eficiência e a digitalização de um ecossistema mais amplo na produção alimentar.
Atravessando enormes desafios, como a falta de mão de obra, limitações técnicas para completar a transformação digital ou subida dos preços do gás, a horticultura de estufa europeia tem procurado novas soluções para ultrapassar todos esses obstáculos. O exemplo da região de Roterdão-Haia tem sido, por isso, encarado com um bom exemplo de boas práticas para o sector conseguir estimular a inovação e o crescimento económico através da conectividade digital.
Sem as redes 5G, a tecnologia de última geração enfrenta demasiados contratempos, ficando frequentemente à porta das estufas de horticultura. Comunicações sem fio, como o WiFi e o Bluetooth, apresentam inúmeras falhas de conectividade devido aos materiais como vidro e aço, usados neste tipo de construções. O desenvolvimento de conexões sem fio 5G, no entanto, tem possibilitado um amplo leque de novas possibilidades que os agricultores holandeses pretendem agora aproveitar.
“O Governo e a indústria estão a trabalhar juntos na construção de um cluster de horticultura de estufa à prova do futuro, no qual a eficiência e a sustentabilidade são centrais”
Pieter Varekamp, vereador da economia do município de Westland
Até ao final de 2024, os projetos “RobôCrops Flying Start” e “IoT for greenhouse horticulture” irão ajudar as empresas a desenvolver, testar e demonstrar sistemas inovadores como sensores, robôs ou veículos aéreos não tripulados. Novas tecnologias como câmaras e sensores – já usadas na agricultura de precisão – poderão agora entrar nas estufas, recolhendo e tratando em tempo real os dados sobre níveis de humidade e de temperatura em diferentes locais da estufa.
Essas informações podem ajudar os produtores a controlar as condições térmicas, permitindo não somente reduzir o consumo de energia, como ainda estimular o crescimento das plantações. Para acelerar o desenvolvimento das novas soluções, os municípios da região metropolitana de Roterdão-Haia fizeram parcerias com empresas tecnológicas e centros de investigação, associando-se a dois laboratórios de campo – TomatoWorld e RoboHouse – que vão, em articulação com as empresas de horticultura, projetar tecnologias que correspondam às necessidades inerentes às suas atividades.
Drones do tamanho de pássaros que eliminam insetos e larvas, evitando o uso de pesticidas, robôs que recolhem frutos sem danos nem perdas ou uso de energia fotovoltaica são algumas das novas abordagens que já estão a ser localmente testadas, permitindo que as soluções cheguem mais rapidamente aos produtores.
A horticultura de estufa é considerada um importante motor económico nos Países Baixos. Com um valor de produção calculado em 27,9 mil milhões de euros, o sector emprega 146 mil funcionários, 58% dos quais a trabalhar diretamente na horticultura. A inovação é, como tal, encarada como decisiva para a sobrevivência desta atividade.