O município de Las Vegas pretende ser um modelo de cidade inteligente até 2025, contando para isso com uma rede privada 5G e um portfólio inovador de aplicações para facilitar uma série de serviços comunitários, como segurança pública, inclusão digital, gestão de tráfego, ensino à distância, ambiente ou recolha de resíduos urbanos.
Muitos conhecem Las Vegas, nos Estados Unidos, como um centro de entretenimento onde a sorte e o azar nos jogos tornaram a cidade internacionalmente conhecida. O que poucos saberão, porventura, é que desde a chegada das redes 5G, em 2020, o município tem construído uma estratégia em torno da inovação tecnológica para promover serviços mais eficientes em domínios que vão da sustentabilidade, à educação, passando pela mobilidade à segurança pública, saúde, gestão de resíduos, entre outros.
Uma das áreas que sofreu grandes transformações foram, por exemplo, os parques verdes e de diversão. Se, até há poucos anos, a vigilância era assegurada por forças policiais a patrulhar vastas áreas, agora a solução está centralizada num conjunto de câmaras e visão computacional conectado a uma rede móvel 5G. Uma plataforma de gestão urbana permite gerir múltiplos parques em simultâneo a partir de uma sala de operações, desencadeando respostas de emergência em tempo real.
Outras tecnologias que se encontram a ser testadas são os sensores de imagem, com capacidade vídeo-analítica instalados em alguns dos cruzamentos com elevadas taxas de sinistralidade. Antes, essa tarefa era desempenhada por funcionários da autarquia que, durante o dia, monitorizavam o trânsito nas zonas consideradas sensíveis.
Atualmente, é a análise dos dados gerados pelos sensores que permite introduzir melhorias na gestão do tráfego. Semáforos e sinalética foram reajustados, ajudando a reduzir os incidentes de cerca de 40 por dia para uma média de três ou quatro por semana.
A cidade está também a dar o salto para as nuvens, isto é, para a cloud. Originalmente, as imagens e os dados gerados com a rede de câmaras instaladas na malha urbana estavam agregados a data centers com grandes consumos energéticos. Mas, entretanto, toda essa informação migrou para a cloud, permitindo aumentar a densidade das câmaras por mais locais da cidade.
A transformação tecnológica e digital de Las Vegas começou há pouco menos de quatro anos quando o confinamento, provocado pela pandemia de covid-19, obrigou escolas e empresas a fecharem repentinamente. As autoridades perceberam, nessa altura, que a maioria dos alunos do condado de Clark tinha pouco ou nenhum acesso à Internet em casa.
Para evitar que crianças e adolescentes ficassem privados do ensino à distância, o município acelerou o seu plano de construir uma rede 5G privada. Mais de mil apartamentos foram conectados através da rede 5G da cidade, até as suas escolas, num raio de três quilómetros. A nova infraestrutura permitiu aos alunos frequentar as aulas online durante os confinamentos.
Las Vegas tem vindo a ampliar, desde então, a sua rede com mais de 500 sensores, câmaras, pontos de acesso sem fio, entre outros dispositivos de Internet das Coisas conectados ao 5G para recolher dados 24 horas por dia. A utilização da rede móvel privada é o que tem permitindo à cidade melhorar serviços em praticamente todas as áreas, desde o tráfego à qualidade do ar, passando pela recolha de lixo ao planeamento urbano.
“Estamos a construir uma rede de serviços eficientes que irá ajudar tanto quem nos visita por um dia como quem vive na cidade há mais de 50 anos e é isso que a conectividade faz.”
Michael Sherwood, Diretor Técnico e de Inovação da cidade de Las Vegas
O objetivo agora é continuar a expandir a rede móvel para o dobro da superfície, melhorando a velocidade e aumentando o leque de serviços. A sua construção ficará concluída até ao final de 2024, altura em que o município espera reivindicar o estatuto da cidade com a maior rede privada dos Estados Unidos.
Uma área em que o município prevê um impacto imediato é no sector do transporte e da mobilidade. Com uma média de 42 milhões de visitantes anuais, o congestionamento do tráfego é um dos pontos sensíveis que a autarquia espera poder minimizar com mais zonas cobertas por sensores ligados à rede 5G.
Aproveitando as potencialidades da Inteligência Artificial, Las Vegas prevê uma multiplicidade de casos de utilização para a sua rede privada 5G. Nesta sua trajetória a curto e médio prazos, os modelos de linguagem de IA são encarados como essenciais não somente para criar ambientes mais seguros como uma ferramenta inovadora para tomar melhores decisões na gestão do tráfego ou no planeamento urbano.
A cidade encontra-se por isso a estudar várias aplicações, incluindo tecnologia para veículos autónomos, hospitais, escolas ou serviços públicos. Os planos passam inclusive por usar a rede privada para fornecer internet à população sem-abrigo integrados em programas de reabilitação e com o intuito de promover a sua inclusão nos serviços bancários online. A viagem, segundo o município, está ainda longe do fim, com novas oportunidades a serem exploradas para construir até 2025 um modelo para todas cidades do futuro.
________________
Leia também o artigo: Suécia avança com redes privadas 5G por todo o país para acelerar a inovação em áreas estratégicas
Crédito da imagem de abertura: young soo Park via Pixabay