Aproveitando a Conferência das Nações Unidas, a decorrer no Egito, o Portal 5G relembra o potencial das redes móveis de quinta geração para mitigar os efeitos das alterações climáticas. As tecnologias suportadas na conectividade 5G contribuem não somente para reduzir as emissões, mas também para atingir os objetivos mais rapidamente.
Todos os anos, grandes expectativas são criadas à volta da Conferência das Nações Unidas Sobre as Alterações Climáticas. Mas a cada edição, os analistas constatam que as metas concretas para limitar o aquecimento global a 1,5ºC – as chamadas contribuições determinadas nacionalmente (NDC) – ficaram por cumprir. Os líderes mundiais e representantes de centenas de governos e organizações internacionais estão de novo reunidos na COP 27, a decorrer até 18 de novembro, em Sharm el-Sheik, no Egito. Durante os próximos dias são esperados mais de 35 mil participantes, com cerca de duas mil intervenções sobre mais de 300 tópicos. Mas, no essencial, é o Acordo de Paris, alcançado em 2015, sobre a redução das emissões de gases com efeito de estufa, que está, mais uma vez, em cima da mesa.
O Portal 5G não quis passar ao lado desta grande cimeira, aproveitando o momento para relembrar o enorme potencial das redes móveis de quinta geração para mitigar as consequências da crise climática. São já vários os estudos a demonstrar, nos últimos anos, como as Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC) podem contribuir para a alcançar as metas climáticas definidas pelas Nações Unidas.
A Internet das Coisas, a Inteligência Artificial, o Machine Learning, o Big Data e outras tantas tecnologias inovadoras podem ajudar a conter os efeitos das alterações climáticas em diferentes sectores, sobretudo nos mais poluentes. A capacidade das soluções digitais para reduzir as emissões globais de CO2 poderá chegar aos 15%, segundo o estudo da Ericsson, mas o seu efeito será ainda mais ampliado com a implementação acelerada do 5G.
As tecnologias de quinta geração abrem novas oportunidades, contribuindo não somente para reduzir as emissões, mas também para atingir os objetivos mais rapidamente. As soluções não são hipotéticas – elas existem e já estão a entrar nas indústrias, nas empresas, nas smart cities ou na agropecuária. O que é preciso agora é que ganhem escala, como defende o Chief Technology Officer da Ericsson, Erik Ekudden, no artigo: “Digitalização com 5G permite uma maior aceleração da ação climática”.
Tornando-se num padrão comum em atividades com elevadas emissões, as tecnologias 5G poderão criar 55 -170MtCO2e de poupança de emissões por ano. Significa isto que, de acordo com o estudo Conectividade e Mudanças Climáticas, a implementação generalizada das soluções 5G nos sectores europeus da Energia, da Indústria, dos Transportes e da Construção Civil produziria o mesmo efeito que retirar 35 milhões de automóveis das estradas da União Europeia. A análise da Ericsson conclui ainda que, até 2030, pelo menos 40% das soluções aplicadas na redução de carbono da UE vão depender da conectividade 5G.
Não é apenas nestes sectores que o 5G se pode vir a revelar útil para combater a crise climática. A monitorização em tempo real e o uso eficiente de recursos, sistemas e operações proporcionada pela alta velocidade e baixa latência do 5G têm permitido ajudar na descarbonização da Economia, mas também em novas soluções baseadas na natureza. Os primeiros casos de uso, nesta área em particular, têm vindo a apresentar resultados que deixam os especialistas esperançados.
Alguns exemplos, como a tecnologia 5G usada pela Rainforest Connection, demonstram que o potencial das redes móveis de quinta geração vai muito além da sua capacidade para controlar o tráfego urbano em tempo real, melhorar a produtividade das fábricas ou gerir com maior eficiência os recursos energéticos. A startup, com sede em São Francisco, nos Estados Unidos, colocou microfones ultrassensíveis em florestas ameaçadas de 22 países.
Estes sensores camuflados entre as árvores captam e transmitem instantaneamente para um centro de comando os sons de tiros da caça furtiva, de motosserras ou de buldózeres a quilómetros de distância. Além de ser utilizada como um meio para combater atividades ilegais, a solução poderá ainda ajudar os cientistas a descobrir novas espécies ou a proteger as que estão ameaçadas de extinção.
Outro programa que se tem destacado é o projeto Connected Mangroves, da Ericsson, implementada nos manguezais da Malásia. Sensores introduzidos nas plântulas recém-plantadas permitem monitorizar em tempo-real as condições do solo e da vegetação. A vigilância permanente suportada em conectividade 5G permitiu, segundo a fabricante sueca, duplicar de 40% para 80% a taxa de sobrevivência destas florestas.
Os manguezais são centrais para combater os efeitos das mudanças climáticas. Os seus ecossistemas, ao contrário das florestas tropicais, que armazenam carbono em biomassa e o libertam após a morte das árvores – conservam a maior parte do carbono no seu solo durante milénios. Mas o projeto Connected Mangroves não está apenas a contribuir para reduzir as emissões globais. À medida que a regeneração dos manguezais avançar, a Malásia irá reconquistar também boa parte das suas barreiras naturais contra inundações e outros fenómenos climáticos extremos.
As soluções que agora começam a ser exploradas na natureza poderiam ser uma metáfora feliz do combate que estamos a travar contra o aquecimento global. Mas é preciso relembrar que, para cumprir os objetivos das Nações Unidas, as tecnologias disruptivas como o 5G, por si só, não são uma fórmula mágica. Liderança, políticas e compromisso é o que os especialistas pedem aos governantes representados na COP 27 para ser possível cortar a meta da descarbonização ainda antes de 2050.
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▫▪▫ Para saber mais sobre o programa, os dias temáticos e outras iniciativas da 27ª Conferência das Nações Unidas Sobre as Alterações Climáticas, consulte o website oficial da COP 27.