O Dia Mundial das Cidades, que se celebra esta segunda-feira, 31 de outubro, é um bom pretexto para relembrar como as ligações móveis de quinta geração são decisivas para cumprir as metas de desenvolvimento sustentável das Nações Unidas e da União Europeia. As cidades inteligentes só são viáveis com as tecnologias conectadas em rede como já mostram, aliás, vários municípios portugueses.
Entre a Avenida Parque da Cidade e a Praceta Arsénio Duarte, no município do Barreiro, um sensor com capacidade vídeo-analítica e conectividade 5G, monitoriza o fluxo rodoviário e pedonal. A tecnologia é utilizada para gerar alarmes perante veículos em contramão, ultrapassagens em traços contínuos, inversões de marcha em locais proibidos, uso indevido da ciclovia ou peões fora das passadeiras.
Nos jardins públicos do Cardal e do Vale, na cidade de Pombal, o sistema de rega inteligente 5G cruza as informações sobre condições meteorológicas e necessidades hídricas do solo para determinar os melhores períodos de irrigação. A solução pouco mais necessita do que um computador ou de um smartphone para monitorizar o processo à distância, permitindo ao município poupar cerca de 30% de água e de energia.
Em Aveiro, as equipas de manutenção da AdRA – Águas da Região de Aveiro, equipadas com óculos de Realidade Aumentada, inspecionam as imagens das condutas subterrâneas sobrepostas no ecrã do tablet ou do smartphone. Ao visualizarem em tempo real as estruturas enterradas num arruamento, o piquete toma decisões sobre manobras e intervenções a realizar.
A gestão dos municípios está a mudar e não é apenas nos centros urbanos do país, naturalmente. O desafio é global e tem no Dia Mundial das Cidades, assinalado pelas Nações Unidas esta segunda-feira, 31 de outubro, o momento para relembrar a urgência de ultrapassar os gigantes obstáculos que há pela frente.
Hoje, as cidades já consomem 78% da energia mundial e produzem 60% dos gases com efeito de estufa. Se nada for feito, a tendência é para aumentar, com as projeções a indicarem que, em 2050, 70% da população do planeta estará concentrada nos centros urbanos. As cidades não estão a ficar mais pequenas, a alternativa, por isso, é ficarem mais inteligentes.
Da poluição atmosférica, aos fenómenos climáticos extremos, da escassez de recursos naturais à gestão de resíduos, da segurança nas estradas à mobilidade, do planeamento urbano à acessibilidade dos serviços públicos, tudo isso e mais ainda está em jogo. A forma como as autarquias fazem o planeamento e gestão dos municípios tem vindo a mudar radicalmente devido aos avanços da ciência e das tecnologias como a Inteligência Artificial, big data, Internet das Coisas ou machine learning. Entre todas as inovações, o 5G é a rede sem fios de quinta geração considerada como um dos componentes mais importantes para o futuro das cidades.
A razão pela qual o 5G está umbilicalmente conectada às smart cities é por permitir milhares, senão milhões de dispositivos ligados em simultâneo por toda a malha urbana. A sua alta-velocidade e baixa latência suportam um conjunto diversificado de soluções tecnológicas avançadas que já começaram a fazer a diferença em várias cidades. Sistemas de trânsito inteligentes, edifícios energeticamente eficientes, telemedicina ou cirurgias remotas, gestão da iluminação pública, condução autónoma, transportes públicos integrados, otimização de rotas das frotas comerciais ou municipais tornaram-se reais com o 5G a apoiar estas aplicações numa única rede.
No Dia Mundial das Cidades, vale a pena recordar alguns dos 10 objetivos de desenvolvimento sustentável que a ONU traçou para os meios urbanos: proporcionar o acesso universal a sistemas de transportes seguros e a preços acessíveis, aumentar a taxa de habitação inclusiva e sustentável, diminuir significativamente o número de pessoas afetadas por catástrofes, reduzir o impacto ambiental negativo per capita nas cidades, prestando especial atenção à qualidade do ar e gestão dos resíduos urbanos.
O caminho até às cidades sustentáveis e inclusivas é longo e tem sido feito a diferentes velocidades. Mas há indícios animadores a demonstrar que é possível ganhar a batalha. Já divulgámos, aqui no Portal 5G, por exemplo, o estudo da consultora Juniper Research que, perante o crescimento do investimento global em sistemas de tráfego inteligente, antecipa uma poupança de 205 milhões de toneladas de CO2 e uma diminuição de 36 horas/ano de congestionamento por cada automobilista até 2027.
Tal como já demos conta também do relatório da Liberty Global e da Ernest Young a prever o potencial dos smart buildings para reduzir em 30% a energia atualmente consumida em edifícios antigos. A agricultura de precisão conseguirá, por outro lado, contribuir no corte dos pesticidas na União Europeia em mais de 80%. Do mesmo modo, a utilização das redes inteligentes no sector da energia poderá evitar emissões anuais de cerca de 30 milhões de toneladas de CO2 no bloco comunitário até 2040, mais do que as emissões totais no Reino Unido em 2020.
Não é possível ignorar que a inteligência humana será, entre todos os fatores, o mais decisivo para cumprir o desígnio das cidades inteligentes. Mas as redes 5G, juntamente com as tecnologias e a ciência, são já consensualmente consideradas grandes aliadas.
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A Assembleia Geral das Nações Unidas designou a data de 31 de outubro como Dia Mundial das Cidades, através da resolução 68/239, com o objetivo de impulsionar a cooperação entre países para enfrentar os desafios da urbanização e contribuir para o desenvolvimento urbano sustentável em todo o mundo. Consulte o website oficial em World Cities Day 2022.