O 5G ainda não está totalmente implementado nos Estados Unidos, mas o órgão regulador para o sector das Telecomunicações já está a olhar para a geração seguinte das comunicações sem fios. A União Europeia não quer ficar atrás e também já arrancou com a sua estratégia para colocar o bloco comunitário na vanguarda do 6G.
A Comissão Federal de Comunicações (FCC), órgão regulador para o sector das Telecomunicações nos Estados Unidos da América (EUA), concedeu, em fevereiro de 2023, mais duas licenças experimentais de espectro de “onda Terahertz” que poderá, num futuro próximo, vir a ser usado para serviços 6G. A decisão surge na sequência de pedidos feitos pelo operador AT&T e pelo NYU Wireless Research Centre, que pretendem investigar funcionalidades e capacidades de sistemas de comunicações sem fios de quinta geração avançada (5G advanced) e potenciais sistemas de comunicações móveis 6G.
No primeiro caso, a licença será válida até 1 de junho de 2024 e os trabalhos do AT&T irão envolver comunicações entre estações base fixas colocadas no interior e exterior dos seus laboratórios em Austin, Texas, e ainda em unidades móveis. Segundo as especificações da licença atribuída, a ligação sem fios ficará localizada entre a estação base e o equipamento móvel do utilizador a distâncias até cinco quilómetros.
As experiências com base nesta licença irão fornecer, de acordo com o operador, informações críticas para otimizar arquiteturas e tecnologias cloud-native da próxima geração, apoiar aplicações confiáveis e escaláveis e ainda novos casos de uso.
A segunda licença, atribuída à NYU Wireless Research Centre até 1 de agosto de 2026, tem como intuito investigar a propagação das ondas milimétricas (mmWave), modelos de canais 5G e desenvolvimento de comunicações 5G. Os investigadores irão medir a propagação do sinal mmWave em diferentes locais, como o interior e o exterior do campus da New York University, zonas rurais do Estado de Virgínia e algumas instalações fabris da cidade de Nova Iorque.
Estas não são, todavia, as primeiras licenças que a FCC atribui para trabalhos experimentais no espectro para o 6G. Desde janeiro de 2022, que a autoridade reguladora nacional tem concedido frequências 6G a grandes tecnológicas, como Spectrum Horizons, Qualcomm e Samsung, com o intuito de avançar na investigação e desenvolvimento de produtos e serviços da próxima geração de comunicações móveis.
Embora as redes 5G estejam para ficar até ao final desta década, as investigações focadas na próxima geração já estão em curso, não só nos Estados Unidos como na China, no Japão ou na Coreia do Sul. A União Europeia inaugurou, aliás, em janeiro a segunda fase do programa que ambiciona colocar a Europa na vanguarda do 6G.
A iniciativa, no âmbito do Programa Horizonte Europa, tem um orçamento previsto de 132 milhões de euros e está assente em três grandes vetores. O primeiro destina-se, desde logo, à investigação orientada para os “avanços tecnológicos revolucionários”, tendo em perspetiva a chegada do 6G. As atividades a promover neste domínio irão envolver, inclusive, uma cooperação internacional entre a Europa e Estados Unidos. Os objetivos vão estar sobretudo centrados no desenvolvimento de tecnologia inovadora aplicada à Internet das Coisas e software, com Níveis de Prontidão Tecnológica (TRL) entre baixos e médios e que abram caminho a soluções avançadas de longo prazo para o Real-Life Networks (RLN).
O Programa de Trabalho (Anexo II ao Programa de Trabalho anual do SNS 2023), adotado em dezembro de 2022 pelo Smart Networks and Services Joint Undertaking (SNS JU), foi a base para as entidades públicas e privadas apresentarem propostas direcionada para enablers do Sistema Redes e Serviços Inteligentes, provas de conceito e pilotos com o intuito de federar e consolidar infraestruturas experimentais à escala europeia. Por fim, a segunda fase do programa estabelece como linhas de trabalho, a realização de ensaios e testes-pilotos em grande escala. Neste terceiro ponto, está incluída a infraestrutura necessária para explorar e demonstrar tecnologias, aplicações e ainda serviços transformadores para sectores como o Automóvel, a Saúde, as Cidades Inteligentes, a Agricultura ou a Educação.
O novo Programa de Trabalho de Investigação e Inovação também já lança alguns tópicos indicativos para 2024. Tratam-se, no essencial, de princípios orientadores, que serão posteriormente aprofundados com vista a serem aprovados ainda em 2023. A sua redação final servirá de base para lançar uma terceira convocatória, que contará com 129 milhões de euros de financiamento da UE. O Programa de Investigação e Inovação 6G, lançado em dezembro de 2021, está suportado na dotação de 900 milhões de euros que a Comissão Europeia colocou no seu roadmap estratégico para o sector.