Incorporada no mobiliário urbano, as small cells têm sido implementadas em várias cidades do mundo, permitindo a conectividade 5G em áreas densamente urbanizadas. A tecnologia, conhecida como smart street solutions, permite equipar quiosques de rua, paragens de autocarros, cabines ou postes de iluminação com small cells, criando hubs com WI-FI, ligação a serviços de emergência, vigilância, monitorização remota de sistemas de gestão de água, energia ou resíduos, entre muitas outras funcionalidades. Uma vez que possibilita uma maior eficiência da utilização do espaço público, os especialistas acreditam que esta é uma alternativa com grande crescimento nos próximos anos.
A população mundial caminha rapidamente para os oito mil milhões de habitantes, mas, no nosso planeta, a superfície habitável e os recursos naturais são limitados. O excesso de população está a colocar enormes desafios para as cidades em todo o mundo, que têm de conseguir responder a diferentes necessidades como fornecer conectividade ininterrupta, segurança 24 horas por dia, vigilância avançada de 360 graus, redes robustas ou serviços públicos de qualidade.
À medida que as pessoas se mudam das zonas rurais para os centros urbanos em busca de melhores condições de vida e do acesso mais fácil à tecnologia, as cidades tornam-se territórios cada vez mais pressionados. A tecnologia tem sido por isso encarada como uma resposta para descobrir formas criativas de otimizar recursos energéticos, combater a poluição, melhorar as condições de habitação ou gerir sistemas e redes cada vez mais complexos.
Satisfazer os critérios de conectividade de zonas densamente povoadas, no entanto, é um desafio adicional que implica soluções abrangentes. Cada vez mais municípios tem-se virado para o mobiliário urbano inteligente, uma solução 5G inovadora concebida para corresponder às crescentes exigências de comunicações móveis necessárias nas grandes áreas metropolitanas.
Várias cidades, em países desenvolvidos, incluindo Nova Iorque, Sydney, Kuala Lumpur ou Londres já recorrem a tecnologias, conhecidas como smart street solutions, que fornecem Wi-Fi gratuito, videovigilância, monitorização da qualidade do ar em tempo real, sinalização digital, entre outras.
O termo “mobiliário urbano” refere-se a objetos localizados em espaços públicos, onde é possível instalar small cells direcionados para o uso da população. Outdoors, postes de iluminação, paragens de autocarro, semáforos, cabines telefónicas, parques de estacionamento, quiosques de serviços públicos e outras instalações próximas de uma fonte de energia são alguns exemplos de mobiliário urbano que, ao se converterem em estações de small cells, se tornam inteligentes. Estas infraestruturas requerem uma fonte de energia, uma antena e equipamento de fibra e cabo associados.
Para entender as suas características, será preciso esclarecer, antes de mais, que a área de cobertura de cada estação denomina-se “célula”, podendo apresentar três dimensões – macro, micro e pico. As estações de base macro fornecem uma maior área de cobertura. As small cells (micro e pico células) reduzem a área de cobertura, mas, em contrapartida, permitem velocidades mais elevadas.
Os especialistas estão convencidos de que, nos próximos anos, os pontos de acesso small cells vão conhecer um enorme crescimento, disseminando-se pelo mobiliário urbano e passando a fazer parte da estética da arquitetura das cidades. Para fornecer serviços 5G, cobertura contínua para acesso fixo sem fios (FWA) e aplicações móveis, as small cells 5G devem ser instaladas em pontos mais baixos e não em torres como acontecia com as comunicações móveis das gerações anteriores.
A sua implantação nas cidades, segundo os peritos, terá de acontecer principalmente nos espaços movimentados, como ruas, praças, bairros, estações de metro, ou centros comerciais. Significa isto que os locais mais adequados para as small cells 5G é o mobiliário urbano. A solução surge como a mais adequada para permitir a conectividade da rede 5G, evitando o congestionamento de dados, melhorando a experiência dos utilizadores e alargando a cobertura para cumprir os objetivos digitais traçados pela União Europeia e Nações Unidas.
Sabemos já que os sistemas de comunicações sem fio utilizam frequências de rádio para transmitir dados. O 5G não é exceção, mas as suas características obrigam a recorrer a radiofrequências mais altas e menos congestionadas para se tornarem mais rápidas. A transmissão a longas distâncias, todavia, é um desafio, com os objetos físicos, como árvores e edifícios, a poderem obstruir facilmente a transmissão da informação. Ao funcionarem como nós de acessos móveis, as small cells, instaladas no mobiliário da cidade, asseguram uma comunicação sem falhas em ambientes densamente urbanizados.
Os casos de uso começam agora a ser mais frequentes e o prognóstico dos especialistas é que estas soluções se tornem gradualmente mais comuns. O município de Canterbury, no sudeste da Inglaterra, por exemplo, pretende inaugurar até ao final do verão seis novos hubs WI-FI, que vão substituir as velhas cabines telefónicas e impulsionar as redes 4G e 5G. Os equipamentos irão fornecer uma gama de serviços como Wi-Fi ultrarrápido, chamadas públicas gratuitas, informação pública, carregamento rápido de dispositivos e cobertura expandida da rede telefónica.
Espera-se que residentes e visitantes beneficiem de uma ligação mais rápida e fiável através da instalação de small cells no interior do hub que, segundo a autarquia, serão alimentados a energia 100% renovável. Todas as unidades vão estar também apetrechadas com um botão de emergência, para ajudar na eficiência dos serviços da proteção civil e de socorro médico.
Em Kaoshiung, cidade portuária, em Taiwan, os postes de iluminação pública irão também incorporar small cells de modo a poderem suportar soluções avançadas. Uma vez equipadas com videovigilância, análise de vídeo com recurso a Inteligência Artificial ou sensores de localização, os postes de luz LED serão capazes de comunicar entre si e alimentar uma rede que, além da vigilância, poderá gerir à distância dispositivos, como localizadores, contadores de água, válvulas, disjuntores e sensores. Os casos de uso abrangem desde a redução do tempo de resposta a emergências e melhoria dos serviços da cidade, à monitorização da qualidade do ar, passando pela segurança pública.
Uma solução semelhante está igualmente a ser testada em três cidades do Bangladesh. Os postes de iluminação LED de Dhaka, Chittajong e Sylhet funcionam como pontos de acesso para as small cells, que por sua vez, irão permitir aplicações com diferentes finalidades, como eficiência energética, serviços WI-FI, videovigilância, gestão de resíduos através de contentores inteligentes, monitorização da qualidade do ar em tempo real, entre outras funcionalidades.
A instalação destas soluções suportadas nas small cells já é encarada como um benefício não apenas para os cidadãos, como igualmente para os municípios, que poderão gerir melhor os seus serviços e recursos. A expectativa é que, em breve, estas infraestruturas possam também oferecer estacionamento inteligente, gestão de multidões, consumo de energia, padrões de tráfego, entre outros.
As small cells, juntamente com as inovadoras soluções tecnológicas, vão poder reduzir substancialmente o congestionamento rodoviário, os tempos de deslocação, as respostas de emergência, o consumo de energia, podendo ainda melhorar os cuidados de saúde ou eliminar a produção de resíduos urbanos.
A instalação de small cells no mobiliário urbano visa, acima de tudo, tornar mais eficiente e rentável o uso dos espaços exteriores ou interiores, dispensando a construção de novas infraestruturas de telecomunicações. As redes 5G, as Cidades Inteligentes, a Internet das Coisas e os avanços tecnológicos nos serviços de comunicações móveis estão a permitir a cada vez mais cidades promover políticas e práticas sustentáveis fundamentais para ultrapassar os desafios climáticos e do excesso de população.